Bolsa quebra novo recorde e bate 140 mil pontos após fala de Galípolo
Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), ultraou 140 mil pontos após falas de Gabriel Galípolo em SP. Dólar recua
atualizado
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O dólar inverteu o sinal e ou a operar em queda nesta segunda-feira (19/5), em um dia no qual os investidores repercutem os desdobramentos do primeiro caso de gripe aviária registrado em uma granja comercial no Brasil, além do rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), operava em forte alta, renovando seu recorde histórico, rompendo a barreira dos 140 mil pontos.
Dólar
- Às 14h54, o dólar caía 0,35%, a R$ 5,649.
- Mais cedo, às 13h19, a moeda norte-americana recuava 0,52% frente ao real e era negociada a R$ 5,639.
- Na cotação máxima do dia até aqui, o dólar bateu R$ 5,691. A mínima é de R$ 5,633.
- Na última sexta-feira (16/5), o dólar fechou em queda de 0,19%, cotado a R$ 5,668.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula perdas de 0,15% no mês e de 8,27% no ano.
Ibovespa
- O Ibovespa também mudou de direção e operava em alta, renovando sua máxima durante o pregão.
- Às 14h58, o Ibovespa subia 0,68%, aos 140,1 mil pontos.
- Na máxima do dia até aqui, o índice cravou 140.203,05 pontos.
- Na sexta-feira, o Ibovespa fechou o pregão em baixa de 0,11%, aos 139,1 mil pontos, após bater o recorde histórico de pontuação no dia anterior.
- Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula ganhos de 3,05% em maio e de 15,72% em 2025.
Haddad e Galípolo em São Paulo
Outro destaque da agenda econômica nesta segunda-feira é a participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e do presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, em um evento promovido pelo Goldman Sachs, em São Paulo.
Na semana ada, em Brasília, o ministro da Fazenda negou a existência de um novo pacote fiscal. Segundo ele, o governo federal apresentará apenas medidas para garantir o cumprimento da meta fiscal deste ano, dentro das regras do arcabouço fiscal – como é chamada a nova forma de controle de endividamento público brasileiro.
“Não dá nem para chamar de pacote, porque são medidas pontuais, nenhuma de escala, voltadas exclusivamente para o cumprimento da meta fiscal”, disse o ministro.
O titular da Fazenda afirmou que o governo estuda medidas voltadas “exclusivamente para o cumprimento da meta fiscal”. A meta fiscal para 2025 é de déficit zero — equilíbrio entre despesas e receitas —, com banda que permite um déficit de até R$ 31 bilhões.
Haddad também negou que haja demandas ou estudos de ampliação do Orçamento para o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), a fim de bancar uma possível ampliação do Bolsa Família. Nos últimos dias, circulou a informação de que o programa assistencial seria aumentado para o valor mensal de R$ 700 a partir de janeiro de 2026.
“Não tem demanda, estudo, pedido de orçamento para o MDS, zero”, disse Haddad a jornalistas. Ele afirmou que também não há demandas em relação a outros ministérios.
“O Orçamento do MDS é esse, está consignado, não há da parte do MDS pressão sobre área econômica para absolutamente nenhuma iniciativa nova. Isso vale para os demais ministérios também, não há demanda de espaço fiscal para projetos novos, e é isso, eu vim esclarecer isso, porque eu estou vendo circular uma série de coisas que não procedem.”
Já o presidente do BC, Gabriel Galípolo, reiterou o compromisso da autoridade monetária em usar todos os instrumentos para tentar levar a inflação para a meta, sem “contemporização”, apesar de eventuais críticas à elevada taxa básica de juros da economia brasileira.
“Estamos atentos ao cenário inflacionário. Do que a gente já fez, quase gabaritamos as condições para iniciar uma alta de juros. Isso está justificado por todo esse cenário. É normal você ver críticas em um momento como este. Se você pegar o núcleo de alimentos, a inflação foi de 17% entre janeiro de 2024 e abril de 2025. Está ali bem justificado o porquê da elevação do tamanho que foi feita”, afirmou Galípolo no evento do Goldman Sachs.
“O mercado de trabalho ainda é resiliente e a inflação de serviços ainda é resiliente. É importante olhar menos para a volatilidade de um dado específico de um mês e reunir informações para ver a tendência que está sendo apontada”, explicou o presidente do BC.
Gripe aviária
No cenário doméstico, os investidores acompanham os impactos da notícia do primeiro registro de gripe aviária em uma granja comercial brasileira sobre o mercado, com efeitos, principalmente, nas ações ligadas ao setor do agronegócio.
Nesse domingo (18/5), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) informou que investiga duas novas suspeitas de foco de gripe aviária (H5N1) no país. Os casos em análise estão no Rio Grande do Sul e no Tocantins.
Uma das apurações envolve uma propriedade de subsistência que fica no raio de 3 quilômetros da granja comercial em Montenegro (RS), onde surgiu o primeiro foco da doença em aves no país.
A notícia do primeiro caso de gripe aviária no Brasil foi divulgada pelo Mapa na última sexta-feira. Também foi identificado um foco de gripe aviária no zoológico de Sapucaia do Sul (RS), na Região Metropolitana de Porto Alegre. Lá, houve a morte repentina de 38 cisnes e patos, e o local acabou fechado para visitação.
Depois disso, oito países e a União Europeia suspenderam as compras de proteína de frango do Brasil.
Já houve a coleta de amostras para exames, e o material está em trânsito para o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de São Paulo, no município de Campinas (LFDA-SP). A previsão é de que o resultado preliminar saia no fim desta segunda-feira.
Na granja comercial de Montenegro, ocorreu o descarte de todas as aves e ovos, e o local a por um trabalho de limpeza e desinfecção das instalações. O Mapa afirma ter rastreado e providenciado a destruição de todos os ovos que saíram do estabelecimento.
Em Minas Gerais, o governo descartou 450 toneladas de ovos.
O segundo caso que está em investigação no Brasil é do município de Aguiarnópolis (TO), na divisa com o Maranhão. O Mapa afirmou, em nota, que uma análise preliminar constatou se tratar de um dos tipos de influenza. No entanto, ressalvou haver “baixa probabilidade de se tratar de amostra de alta patogenicidade (IAAP), tendo em vista as características epidemiológicas, laboratoriais e clínicas observadas na investigação”.
A IAAP é uma das maneiras pelas quais o ministério se refere à gripe aviária. Na suspeita de Tocantins, amostras estão em análise laboratorial, e “medidas de controle de trânsito adotadas, com manutenção da situação sob controle e vigilância adequados”.
Em nota divulgada à imprensa, o Mapa informou ser uma tendência o possível aumento nos casos em investigação.
“Em casos onde emergências são declaradas, o sistema fica sensibilizado, e o número de investigações tende a aumentar em um primeiro momento, o que reforça a robustez do sistema de Defesa Agropecuária do Brasil”, diz trecho da nota.
Moddy’s corta nota dos EUA
No cenário internacional, o mercado repercute o rebaixamento da nota de crédito dos EUA pela Moody’s, uma das três principais agências de classificação de risco do mundo.
A avaliação da economia norte-americana, a mais poderosa do planeta, caiu um nível, ando de “AAA” para “AA1”. Ela também teve a perspectiva alterada de “negativa” para “estável”. A mudança ocorreu na sexta-feira.
As agências de risco são empresas privadas que avaliam a saúde financeira de países e empresas. Com base em critérios como juros, dívida, capacidade fiscal e outros, as agências concedem uma nota de crédito.
Trata-se de uma classificação que indica confiança de que um país, uma empresa ou uma entidade financeira honrará seus compromissos.
O rebaixamento, de acordo com a Moody’s, foi resultado do aumento de mais de uma década da dívida do governo norte-americano (que se aproxima da marca de US$ 37 trilhões) e dos juros para níveis “significativamente mais altos do que os de soberanos (outros países) com classificação semelhante”.
“As sucessivas istrações e o Congresso dos EUA falharam em chegar a um acordo sobre medidas para reverter a tendência de grandes déficits fiscais anuais e custos crescentes de juros”, afirmou a agência, por meio de comunicado.
A Moody’s foi a última entre as principais agências de risco do mundo a manter a classificação máxima AAA para a dívida soberana dos EUA embora tenha rebaixado a perspectiva para negativa no fim de 2023. A Standard & Poor’s cortou a nota dos EUA em 2011 e a Fitch, em 2023.
A nota dos EUA caiu do nível mais alto (numa escala de 21 “degraus”), mas permanece em patamar elevado. Ela ou do “prime”, para “high grade”. Com isso, a economia norte-americana deixou o grupo onde ainda estão Alemanha, Dinamarca e Noruega, mas ou ao patamar de Áustria e Finlândia.
Na sexta-feira, o diretor de comunicações da Casa Branca, Steven Cheung, criticou a decisão da Moody’s e o economista Mark Zandi, que pertence à agência de risco. “Ninguém leva a ‘análise’ dele a sério. Ele já foi desmentido inúmeras vezes”, escreveu Cheung, em seu perfil no X.