Saiba se o café interfere na ação de antidepressivos ou ansiolíticos
Confira o melhor horário para se fazer uso desses medicamentos e se o café interfere na eficácia ou potencializa efeitos adversos
atualizado
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Um levantamento feito pela Sandbox, empresa especializada em data & analytics para o setor de saúde, mostrou que o uso de medicamentos voltados à saúde mental cresceu 18,6% entre agosto de 2022 e agosto de 2024 no Brasil. Ao todo, 74% dos fármacos adquiridos pelos usuários eram antidepressivos, enquanto 26% tratavam-se de ansiolíticos.
Em conversa com a coluna Claudia Meireles, a psiquiatra do Instituto Macabi Bianca Bolonhezi explica que ambos os remédios são classes distintas de medicamentos psicotrópicos, cada uma com mecanismos de ação e indicações terapêuticas específicas.
Os ansiolíticos destinam-se ao alívio dos sintomas de ansiedade de forma momentânea. Exemplos incluem clonazepam, diazepam e alprazolam.
Já os antidepressivos são utilizados no tratamento de transtornos depressivos e ansiosos, visando corrigir desequilíbrios químicos no cérebro, especialmente relacionados aos neurotransmissores serotonina e noradrenalina. Sertralina, escitalopram, fluoxetina, venlafaxina, desvenlafaxina, duloxetina, amitriptilina, nortriptilina e IMAO são algumas opções.
Cuidados com o uso de antidepressivos e ansiolíticos
Ao aderir a um tratamento com antidepressivo ou ansiolítico, o paciente precisa se atentar a alguns cuidados básicos, como seguir um acompanhamento regular com o profissional de saúde, não interromper a medicação sem consultar o médico e até mesmo evitar o consumo de álcool.

Outros fatores devem, ainda, ser levados em consideração, a exemplo do horário ideal para se fazer uso do fármaco e a interação medicamentosa com bebidas com cafeína.
O melhor horário para tomar antidepressivos ou ansiolíticos
De acordo com a especialista, o horário ideal para a istração de ansiolíticos depende do tipo específico do medicamento e das necessidades individuais do paciente. “Ansiolíticos de ação prolongada podem ser prescritos para uso noturno, auxiliando no controle da ansiedade e promovendo melhor relaxamento na hora sono”, afirma.
“Já os de ação curta podem ser indicados para uso durante o dia, conforme necessário. É fundamental seguir as orientações do médico prescritor para determinar o melhor esquema para cada paciente levando em conta seus sintomas e rotina”, acrescenta Bianca.
Em relação aos antidepressivos, a escolha do horário pode variar conforme o tipo de medicamento e os efeitos colaterais associados. “Por exemplo, alguns antidepressivos podem causar um pouco de agitação nas primeiras horas de seu uso, sendo preferível istrá-los pela manhã. Outros podem induzir à sonolência, sendo mais indicados para uso noturno”, argumenta a médica.

A psiquiatra ainda frisa a importância de manter um horário consistente diariamente para manter níveis estáveis do medicamento no organismo.
Consumo de café
Segundo a endocrinologista e metabologista pela SBEM Thais Mussi, infelizmente o café pode interferir na ação de alguns desses remédios. Ela conta que, como a cafeína é um estimulante do sistema nervoso central, seu consumo pode reduzir a eficácia de ansiolíticos e potencializar efeitos adversos de alguns antidepressivos.
“Em especial, pessoas que sentem maior sensibilidade à cafeína devem evitar consumi-la em horários próximos à medicação, principalmente se tomam antidepressivos que já têm efeito estimulante, como a fluoxetina”, ressalta a profissional.
Thais relata que a bebida pode afetar a absorção e o metabolismo de certos antidepressivos e ansiolíticos. Algumas interações incluem:
- Benzodiazepínicos: o café pode reduzir o efeito sedativo dessas medicações, tornando-as menos eficazes para ansiedade ou insônia;
- ISRS (como fluoxetina e sertralina): a cafeína pode intensificar sintomas como nervosismo, agitação e insônia;
- Tricíclicos (como amitriptilina): o café pode alterar o metabolismo dessas drogas no fígado, afetando sua eficácia e aumentando o risco de efeitos colaterais;
- Inibidores da MAO (raramente prescritos, como tranilcipromina): a cafeína pode elevar ainda mais a pressão arterial, tornando seu uso conjunto mais arriscado.

Para Bianca Bolonhezi, um intervalo de uma a duas horas entre o consumo de café e a medicação pode ser aconselhável para minimizar possíveis interações. “No entanto, a sensibilidade individual varia, e é importante consultar o médico para orientações específicas”, alerta.
Como prosseguir?
A boa notícia para os amantes de café é que seu consumo e o uso de medicamentos psiquiátricos podem coexistir, mas a moderação na ingestão de cafeína e o ajuste do horário dos remédios é essencial para evitar interações indesejadas.
Thais Mussi compartilha alguns cuidados:
- Evite o consumo excessivo de café se estiver usando antidepressivos estimulantes ou ansiolíticos de curta duração, pois pode aumentar sintomas como agitação e insônia;
- Observe seus sintomas. Se perceber aumento da ansiedade, taquicardia ou dificuldade para dormir, considere reduzir a cafeína e ajustar o horário do medicamento com o médico;
- Se tiver insônia ou ansiedade exacerbada, prefira tomar café pela manhã e evite bebê-lo próximo ao período noturno, especialmente se faz uso de ansiolíticos.
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