O que é a “beija”, moeda criada para estimular comércio em vilas de SP
Vilas no Alto de Pinheiros, na zona oeste de SP, criam moeda “beija” para fortalecer o comércio local e estimular trocas na própria região
atualizado
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São Paulo — Moradores de três bairros da zona oeste de São Paulo tem usado uma moeda própria que serve para estimular as trocas, fortalecer o comércio local e manter o dinheiro na região. As Vilas Beatriz, Ida e Jataí, no Alto de Pinheiros, têm a beija (formada pelas iniciais), pareada com o real (10 beijas valem R$ 10) e aceita em 34 estabelecimentos participantes.
A ideia de valorizar as trocas no comércio local surgiu durante a pandemia por meio do Coletivo das Vilas, que reúne pessoas que vivem nessa região arborizada e com alto índice de desenvolvimento na capital paulista. Antes disso, os bairros já estavam se articulando para promover uma série de iniciativas em seu território, que am por plano de ação regional e também 13 grupos de trabalho que tratam desde áreas verdes até a alimentação.
A a de empresas Cecília Lotufo é uma das entusiastas da iniciativa. Ela tem uma pizzaria que faz parte do grupo de estabelecimentos que aceita a beija e participou da criação da moeda local ainda na metade do ano ado.
As primeiras 2.000 moedas foram sorteadas por meio de uma rifa, com 20 pessoas levando 100 cada. Depois, foram vendidas mais 1.000, que puderam ser compradas na cotação pareada com o real e distribuídas como vale-presente, por exemplo. “Hoje, as pessoas compram pelo ideal. Queremos que sejam dados descontos”, diz Cecília. “Temos o mapa do território, todos os comércios dentro. Quanto mais aceitarem, melhor”, afirma.
Comércio
Dona de uma papelaria na Rua Nazaré Paulista, Isabel Marão também participou da criação da beija e explica que a intenção é fazer com que ela circule pelo bairro, havendo até um incentivo para isso. “Enquanto está circulando, a nota vale R$ 10. Se quiser trocar por dinheiro, ela vale R$ 5. A ideia é fazer circular a moeda. Se for trocar a moeda, ela para de circular e vai valer menos”, diz.
No verso, a cédula traz as marcações dos locais por onde ou. “É super legal, porque uma notinha de R$ 10 já ou por sete, oito lugares, circulou bastante. A ideia não é juntar dinheiro, é fazer circular, e isso estimula o comércio, porque tem que fazer rodar”, afirma.
O pagamento com a moeda local pode gerar descontos em lojas parceiras, embora também exista um limite de compra com ela em alguns lugares. Na loja de roupas de Vanessa Carmona, por exemplo, pode-se pagar até 50% do total com beijas. A comerciante diz que a adesão à moeda local tem trazido gente nova para seu estabelecimento.
A própria Vanessa faz uso das moedas. “Recebo as beijas em um dia e no outro já quero gastar em algum estabelecimento parceiro”, afirma. “O mais legal é que inclui várias categorias, desde o queijo, livraria, a nossa loja de roupas, pizzaria. Não é algo limitado e ainda está crescendo. A experiência tem sido positiva”, diz.
Há também aqueles que direcionam o uso das beijas para determinado tipo de produto. A comerciante Marcia Leonardi aceita a moeda local em toda linha de produtos de um tipo de leite da qual é representante oficial. “O que a gente tem conversado é que precisa aumentar a divulgação, mostrando que funciona e também aumentar o volume de dinheiro emitido”, diz.
“Com a quantidade de dinheiro emitido, está circulando entre os próprios comerciantes. A gente precisa potencializar para consumidores mesmo, pessoas que não sejam proprietárias de estabelecimentos”, afirma.
O padeiro artesanal Túlio Schargel conta que que duas clientes novas surgiram nessa sexta-feira (14/3), ficaram curiosas e citaram que já conheciam moedas locais em outros lugares. “Elas viram a plaquinha e disseram que uma cidadezinha perto de Londres também tinha moeda local. Perguntaram da festa junina comunitária. A função de integrar as pessoas dos bairros está acontecendo”, afirma.
