Atores expõem vulnerabilidades no palco em Por Que Não Nós?
Samuel de Assis, Amaury Lorenzo e Felipe Velozo, rostos conhecidos da televisão, protagonizam peça sobre vulnerabilidades e afeto masculino
atualizado
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Em cena, eles expõem vulnerabilidades, revisitam afetos e questionam os papéis que aprenderam a desempenhar como homens. Fora do palco, Samuel de Assis, Amaury Lorenzo e Felipe Velozo compartilham uma amizade formada ao longo de quase duas décadas, desde os encontros no teatro, ainda nos anos 2000, até a atual temporada com a peça Por Que Não Nós?, que ou por Brasília no último fim de semana e seguirá rodando o Brasil.
O trio se conhece pelas idas e vindas no teatro, quando migraram de Salvador, Aracaju e Minas Gerais para o eixo Rio-São Paulo, apostando tudo na carreira artística. A amizade começou aos poucos, mas ganhou fôlego quando aram a morar no mesmo prédio, no Rio.
Em entrevista ao Metrópoles, os atores detalharam o surgimento da amizade e da peça. “Acabou que a gente virou a nossa rede de apoio. São três pessoas de fora, morando no Rio de Janeiro por causa do trabalho”, conta Samuel.
A decisão de levar essa rede de apoio ao palco, segundo eles, foi natural. “A gente começou a viralizar nas redes fazendo essas palhaçadas, e aí a gente falou: precisamos botar no palco, porque somos três pessoas que vêm do teatro”, relembra.
No enredo da trama, três atores ensaiam para o espetáculo em que interpretam as amigas Ângela, Celeste e Catarina, que se apoiam durante um término de relacionamento, mesclando momentos entre o feminino e o masculino.
Samuel faz questão de ressaltar a ausência de caricaturas e estereótipos, especialmente por interpretarem mulheres em cena.
“O nosso foco é não deixar ninguém risível. Seja homem, seja mulher, a gente não quer. Ninguém é risível. Todo mundo é ível de cuidado, todo mundo precisa de cuidado, de afeto, e o espetáculo fala exatamente isso, da falta de comunicação do e para o afeto, como a gente é criado para não ser afetuoso, para não ser essa rede de apoio que a gente tanto precisou, nós três”, diz.
Felipe também exalta o trabalho das mulheres que compõem o espetáculo, a diretora, Débora Lamm e autora, Júlia Spadaccini.
“O grande acerto foi a gente ter a direção de uma mulher. Eu acho que Débora trouxe soluções cênicas brilhantes para a construção do nosso espetáculo. E a gente tem uma autora mulher também, que derrama o olhar dela de mundo, de sociedade. E nós contribuímos com as nossas questões, as nossas dores, nossas experiências, nossos amores. Eu acredito que o diálogo desse time fez a gente não derrubar, mas dissolver minimamente os muros“.
Amaury diz que a peça é um questionamento às cartilhas de comportamento. “No espetáculo, a gente faz essa pergunta: o que é ser homem? Questionar essa cartilha também com relação a vocês, mulheres. Por isso que eu digo que nós não fazemos os homens, não fazemos as mulheres. A gente está fazendo questionamentos humanos“, pontua.
Rostos conhecidos da televisão, Samuel, Amaury e Felipe fazem questão de exaltar o teatro como casa.
“Nós três fazemos televisão, graças a Deus. É muito bom, maravilhoso. Paga conta, ajuda a família, todo mundo tem muito tempo de carreira aqui. Mas a gente, quando mergulha, usa a linguagem do teatro, porque é a nossa casa. E usamos essa força que é a TV para chamar o público a discutir essas questões”, afirma Amaury.
Por Que Não Nós? continua em cartaz e a por Niterói (RJ) nos dias 7 e 8 de junho. Na sequência, aterrissa em Belém (PA) para sessões nos dias 14 e 15 de junho.