Vídeo: Sem-teto protestam contra novo endereço de fluxo da Cracolândia
Fluxo está represado na Rua dos Protestantes, esquina com a Mauá, a 200 metros do local para onde seria conduzido, perto da Estação da Luz
atualizado
Compartilhar notícia

São Paulo – Um grupo de pessoas ligadas ao Movimento de Moradia na Luta por Justiça (MMLJ) fazem, nesta quinta-feira (9/11), um protesto contra a movimentação do fluxo de usuários da Cracolândia para a Rua Mauá, no centro de São Paulo.
A manifestação bloqueou o começo da Mauá, na entrada da Estação da Luz, com o objetivo de impedir a agem de usuários para o local.
Segundo Ivaneti Araújo, coordenadora do Movimento de Moradia na Luta por Justiça (MMLJ), a ida dos usuários de drogas para a rua atrapalha o direito de ir e vir das pessoas e até tarefas rotineiras, como a retirada de lixo das casas. Ela diz que os usuários são tão vítimas quanto eles, mas a situação é insustentável.
“Existe uma política de carregar o povo em situação de rua de um local para outro, não tem um atendimento digno para essa população. Estamos aqui há mais de 18 anos, temos crianças que precisam ter o a escolas, famílias com direito de ir e vir e agora estamos aqui limitados, com nossos direitos violados. A gente não consegue nem jogar o lixo na rua. Eles usam drogas e o cheiro entra para dentro do prédio”.
Pouco antes das 20h, Ivaneti conversou com a Guarda Civil Municipal (GCM) sobre a situação. “Eles disseram para acalmar o meu povo, que o pessoal de lá [usuários de crack] não vai vir”, afirmou. Segundo ela, a ordem foi dada pela secretária de Segurança Urbana da prefeitura.
Sempre que questionada, a Prefeitura de São Paulo nega que direciona o fluxo.
O fluxo da Cracolândia está represado na Rua dos Protestantes, esquina com a General Couto de Magalhães, a 200 metros do local para onde seria conduzido, ao lado da Estação da Luz.
Um morador da região registrou em vídeo o tamanho do grupo de pessoas que estão na rua usando drogas. A aglomeração ocorre na Rua dos Protestantes e, com o protesto dos moradores da Rua Mauá. O plano da polícia é levar o grupo nesta quinta-feira para um terreno vazio nas proximidades.
Por volta das 21h, moradores transformaram a lateral da Estação da Luz, na Mauá, em uma rua de lazer. Crianças jogando futebol, andando de bicicleta, vizinhos conversando e se divertindo formavam um cenário bastante diferente daquele visto nas duas noites anteriores, quando dezenas de usuários ficaram aglomerados e encurralados no local.
“Queria já estar dormindo, trabalho com café na rua na madrugada, mas fiquei sem conseguir sair esses dias”, diz a vendedora ambulante Thelma Dias do Vale, 48 anos. “Do jeito que está hoje, é como costuma ser. É bem positivo. A gente precisa ter paz. Esse barulho aqui não incomoda, o que incomoda é o barulho de bomba e cheiro de drogas”, completa.
A esquina da Rua dos Gusmões com a Rio Branco também ficou totalmente vazia por volta das 21h30 desta quinta. No mesmo horário, cerca de cem usuários se aglomeraram no cruzamento das ruas Vitória e Conselheiro Nébias, mas foram dispersados pela polícia. Alguns usuários se reuniram na Praça Julio de Mesquita, entre a Barão de Limeira e a São João.