Prefeitura prevê PPP para repaginar Parque Dom Pedro II em 5 anos
Licitação será assinada em 2025 e prevê início de obras no parque no ano seguinte. Projeto vai interligar metrô ao terminal de ônibus
atualizado
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São Paulo — Um dos pontos históricos do centro de São Paulo, a região do Parque Dom Pedro II está prestes a ar por uma grande transformação. A Prefeitura da capital paulista pretende em 2025 uma licitação para revitalizar a área por meio de uma parceria público-privada (PPP). As obras têm início previsto para 2026 e devem ficar prontas em cinco anos.
O projeto, chamado de PPP Parque Dom Pedro II, deve custar R$ 2,4 bilhões para os cofres públicos da cidade, segundo as estimativas da gestão Ricardo Nunes (MDB). A promessa inclui intervenções no transporte público e no sistema viário do bairro, a criação de áreas para eventos e pontos de comércios, além de obras de drenagem.
Uma das principais mudanças previstas é a integração do transporte da região, conectando o terminal de ônibus à estação de metrô Pedro II, ao Expresso Tiradentes e aos futuros BRT da Radial Leste e VLT do Centro.
Atualmente, apesar de relativamente próximas, a estação da linha 3-Vermelha do metrô e o terminal de ônibus Parque Dom Pedro ficam separados pelo Rio Tamanduateí, e muitos usuários preferem andar até a Sé e embarcar pela linha 1-Azul do metrô que percorrer o trajeto até o outro lado.
A obra prevê também derrubar os viadutos Antônio Nakashima e 25 de março, que serão substituídos por uma nova ponte, ampliar a Avenida do Exterior, e fazer intervenções na Rua da Figueira e na Avenida Mercúrio.
Em paralelo, a Prefeitura promete que a PPP vai ampliar a área verde do local, criar obras para melhorar a drenagem na região, construir quiosques e uma galeria voltada para o comércio, e fazer espaços para eventos.
O projeto é inspirado em um Plano Urbanístico criado em 2011, na gestão do então prefeito Gilberto Kassab (PSD).
Coordenado pelas professoras Regina Meyer e Marta Grostein, da Universidade de São Paulo (USP), o plano tinha como objetivo promover a integração do território, valorizando a história do Parque Dom Pedro II, o primeiro parque urbano da cidade, e as “joias” que estão ao seu redor, como conta Fernanda Barbara, uma das arquitetas envolvidas no Plano de 2011.
“Você tem ali um conjunto de bens históricos muito importantes, como o Mercado Municipal, o Catavento, a Casa das Retortas e a Escola Estadual de São Paulo, mas ao mesmo tempo, são coisas desconectadas, são joias desconectadas”, afirma Fernanda.
A ideia do plano era, então, favorecer a ligação entre esses espaços e recuperar áreas que ficaram degradadas a partir dos anos 1960 com a construção dos viadutos que “cortaram” o Parque Dom Pedro II em várias partes e dificultaram o o dos pedestres.
“O Parque D. Pedro é naturalmente a transição entre o Centro Histórico e a zona leste, e ele deve ser permeável, deve ter caminhos que façam essa ligação”, afirma Fernanda, explicando que o projeto previa a livre circulação no espaço, sem grades ou muros, e de forma facilitada.
Parte das intervenções propostas pelo plano de 2011, como a demolição dos viadutos, foi mantida na PPP aberta pela gestão Nunes. Em dissonância com o plano urbanístico, a concessão do prefeito reeleito prevê, no entanto, que sejam colocadas grades em torno do Parque Dom Pedro II, com a instalação de portarias de o.
A concessionária que vencer a licitação não poderá cobrar pela entrada no parque e deverá oferecer programação gratuita no local, mas também será liberada para fazer eventos privados com cobrança de ingresso, assim como acontece no Vale do Anhangabaú e no Parque Ibirapuera.
A sessão de licitação está marcada para 21 de janeiro de 2025, e a do contrato está prevista para o primeiro trimestre de 2025, com início de obras em 2026. A concessão do espaço será de 30 anos.
Importância histórica
A região do Parque Dom Pedro II faz parte do chamado centro histórico da capital paulista e fica às margens do Rio Tamanduateí, onde no ado lavadeiras se encontravam para lavar as roupas.
No século 20, o lugar recebeu o parque Dom Pedro, projetado pelo arquiteto francês Joseph Antoine Bouvard, e construído por Francisque Couchet. Inaugurado em 1922, o local foi o primeiro parque urbano de São Paulo e presenciou o crescimento da cidade, como a chegada do metrô e das grandes avenidas.
A região é também rodeada de construções icônicas, como a Escola Estadual de São Paulo, uma das primeiras da capital, e a Casa das Retortas, tombada pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental (Conpresp) e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico de São Paulo (Condephaat).
Como mostrou o Metrópoles, a E.E. de São Paulo será fechada a partir de 2025 por causa das obras previstas para a revitalização do Parque Dom Pedro.