Médico do “PS do crime” diz não saber que paciente era ladrão baleado

São Paulo — O biomédico encontrado pela Polícia Militar (PM) em uma clínica clandestina, na zona leste da capital do estado, socorrendo um suspeito que havia sido baleado durante assalto a uma farmácia na noite da última terça-feira (11/3), disse em depoimento que foi atraído para o local sem saber que o paciente era um suspeito ferido.

Marcos da Silva Barros, patologista, de 49 anos, afirmou que foi acionado para prestar atendimento domiciliar a um idoso que estava ando mal. E que, ao perceber que se tratava de um homem baleado, disse que não poderia fazer o serviço.

Após a chegada da polícia, o homem que estava deitado na mesa de cirurgia improvisada, Marcos Vinicius Coelho De Souza, de 38 anos, foi encaminhado ao Hospital São Mateus para ser submetido a uma operação e, na sequência, ter mandado de prisão cumprido.

O biomédico Marcos Barros é investigado por exercício ilegal da medicina. A polícia apura se ele era o responsável pelos itens hospitalares encontrados na clínica clandestina, apelidada de “pr0nto-socorro do crime”.

No local, a polícia apreendeu tesouras cirúrgicas, estetoscópios, corticoides, remédios para infecções e analgésicos. Uma das hipóteses é que a clínica clandestina fosse mantida pelo Primeiro Comando da Capital (PCC).

Segundo o registro da ocorrência, o médico alegou ser funcionário da Dr. Facility, uma clínica que, supostamente, oferece atendimento médico a domicílio. A empresa não foi localizada pela reportagem.

Marcos da Silva Barros foi de táxi até o endereço combinado, um posto de gasolina na Vila Carrão. No local, teria encontrado a enfermeira Elaine Sant’Anna. Pouco tempo depois, uma BMW X1 estacionou, e o motorista disse que havia sido o responsável por solicitar o atendimento.

Ao entrarem no veículo, o motorista e a enfermeira foram levados a uma comunidade no bairro de Sapopemba, onde estava localizado o “pronto-socorro do crime”.

Além do biomédico Marcos, da enfermeira Elaine e do suspeito Marcos Vinícius, estavam no “pronto-socorro do crime” Davi Ramos de Araújo dos Santos, que era foragido da Justiça e foi preso, e uma mulher que se identificou como vendedora e disse que só falaria na presença de seu advogado.

Assalto a farmácia

A suspeita da polícia é que o homem baleado tenha participado de uma tentativa de roubo a uma farmácia no Itaim Bibi, zona sul de São Paulo.

Uma dupla armada invadiu uma farmácia na Avenida Padre Antônio José dos Santos, no Itaim, na zona oeste. No local, um policial militar da reserva reagiu ao assalto e trocou tiros com os criminosos, atingindo um deles na perna. Os dois assaltantes conseguiram fugir.

A Polícia Civil investiga os dois casos separadamente. O assalto a farmácia foi registrado no 96° Distrito Policial (Monções), e a clínica clandestina é investigada no inquérito instaurado pela 8ª Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco).