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Mafia chinesa em SP

Máfia chinesa: grupo que apavorou comerciantes está de volta às ruas

Levantamento do Metrópoles constatou que maioria dos integrantes do grupo acusado de extorquir e matar comerciantes em SP está em liberdade

atualizado

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Arte/Metrópoles
máfia chinesa 25 de março
1 de 1 máfia chinesa 25 de março - Foto: Arte/Metrópoles

São Paulo — Com um cigarro na boca e uma sacola na mão, o chinês Lin Xianbin, de 52 anos, caminhava tranquilamente entre as barracas de camelôs da Rua 25 de Março, famoso reduto comercial no centro de São Paulo, quando seu rosto entrou na mira de uma câmera com reconhecimento facial da prefeitura paulistana. Condenado a 18 anos por extorsão mediante sequestro e associação criminosa, ele estava na lista de foragidos da Justiça desde janeiro de 2023, após deixar o presídio em uma saidinha temporária de Natal e nunca mais voltar. Um alerta interno disparou e poucos minutos depois três guardas municipais já o cercavam naquela tarde de terça-feira, 28 de janeiro. Ele foi colocado na gaiola de uma viatura, sem algemas, e levado para a cadeia.

Xianbin é acusado de integrar o Grupo Bitong, ramificação da máfia chinesa que pratica extorsão contra comerciantes na capital paulista. A organização criminosa foi dada como desmantelada após a prisão de parte de seus membros em uma operação da Polícia Civil no Guarujá, litoral sul, em 2017, e a detenção do líder, Liu Bitong, no ano ado. O chefe da quadrilha foi capturado pela Polícia Federal (PF) no dia 16 de dezembro na cidade de Pacaraima, em Roraima, na fronteira com a Venezuela, após quase oito anos foragido. Hoje, ele está recluso na penitenciária federal de Boa Vista (RR).

Leia o 1º capítulo da série especial do Metrópoles: Máfia chinesa expande atuação em SP, com extorsões, tráfico e arsenal

As recentes prisões da dupla chinesa camuflam um cenário amedrontador para os comerciantes que vivenciam as ameaças e extorsões do bando mafioso. Um levantamento feito pelo Metrópoles junto à Secretaria da istração Penitenciária (SAP) revela que, dos 17 integrantes fichados do Grupo Bitong, apenas dois seguem em prisões paulistas, além do líder da quadrilha, detido no presídio federal em Roraima, e de outro que cumpre prisão domiciliar em um endereço no centro de São Paulo. Oito acusados de integrar a máfia aram pela Penitenciária de Itaí, que abriga detentos imigrantes no interior paulista, e já foram colocados em liberdade.

Fachada da Galeria Pagé, famoso centro popular compras centro de São Paulo

Matadores na rua

Dois deles são Dagui Wang e Ou Zhou, suspeitos de serem os matadores do Grupo Bitong, embora tenham se livrado de uma das acusações de homicídio imputadas à quadrilha. A dupla fugiu do Brasil quando era caçada pela polícia e só foi localizada na Guiana por policiais chineses, que pretendiam extraditá-los para cumprirem pena por crimes cometidos no país asiático. No entanto, ao arem pelo serviço de imigração da Espanha, em março de 2019, agentes espanhóis identificaram que os acusados estavam na Difusão Vermelha da Interpol, o que havia sido solicitado pela Justiça brasileira. Por isso, eles foram extraditados de volta ao Brasil.

Dagui Wang ficou preso em Itaí até abril de 2024, quando foi beneficiado com o regime aberto. Ele foi condenado a 6 anos de prisão por extorsão e, em 27 de janeiro deste ano, teve sua pena extinta. Os autos não fornecem informações suficientes sobre a execução de pena ou o atual paradeiro de Ou Zhou. A SAP informou apenas que ele é egresso do sistema prisional, não detalhando quando o acusado teve a liberdade concedida ou se progrediu para o regime aberto.

Outro réu que está nas ruas de São Paulo é Yong Shuai Liu, condenado em 2017 a mais de 49 anos de prisão por extorsão e organização criminosa. Ele progrediu para o regime aberto em 2021 em decorrência da pandemia de Covid. À Justiça, Liu forneceu como endereço o mesmo prédio na Avenida Senador Queirós onde funcionou o QG da máfia. Nos registros mais recentes consta que ele presta serviços à comunidade. Inicialmente, a defesa dele foi contra a medida, alegando que o chinês trabalha diariamente no comércio da 25 de Março, região que concentra as extorsões da máfia. O Metrópoles tentou contato com as defesas de Dagui Wang e Yong Shuai Liu, mas não obteve retorno. Não foi possível localizar a defesa de Ou Zhou.

Irmão do líder Liu Bitong, Liu Bi Yong é apontado pela Polícia Civil como um dos responsáveis pela contabilidade da quadrilha e está em prisão domiciliar desde dezembro de 2020. À Justiça, ele forneceu um endereço na Avenida Celso Garcia, na zona leste de São Paulo, para cumprir a pena. O benefício foi concedido em razão da progressão de regime do sentenciado, que foi condenado a mais de 38 anos de prisão por extorsão e organização criminosa.

Foto colorida de prédio no centro de São Paulo - Metrópoles
QG do Grupo Bitong na Avenida Senador Queirós, no centro de São Paulo

Extorsões em alta

O retorno de membros do Grupo Bitong às ruas coincide com um aumento do número de casos de extorsão contra chineses na capital paulista. Muitos deles repetem o modus operandi dos crimes atribuídos a essa organização mafiosa entre os anos de 2014 e 2017. Dados obtidos por meio da Lei de o à Informação (LAI) mostram que, entre 2014 e 2022, houve 21 registros de extorsões em que as vítimas eram imigrantes da China. Só nos últimos dois anos, as ocorrências chegaram a 15.

Em um deles, ocorrido em dezembro de 2024, a vítima permanece desaparecida. Seu carro foi encontrado três semanas depois do crime, a menos de 200 metros do escritório da máfia, na Avenida Senador Queirós, região central de São Paulo. Apesar dos indícios, a atuação da quadrilha parece estar fora do radar das autoridades hoje. Uma fonte da Polícia Civil informou à reportagem que a corporação trata os casos de extorsão de forma independente, e que não há investigações em andamento que apuram a presença da máfia chinesa em São Paulo. Questionada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) não se posicionou até a publicação desta reportagem.

Os autos processuais não fornecem informações suficientes para rastrear o paradeiro de cinco réus que não aram pelo sistema prisional paulista. A análise das investigações e de reportagens da imprensa internacional evidenciam uma dificuldade do poder público em qualificar os réus da máfia chinesa. Isso porque os nomes dos imigrantes, muitas vezes, aparecem em ordem inversa ou com grafia diversa. Além disso, há indícios de que alguns nomes sejam trocados ou que documentos falsos sejam apresentados, impossibilitando a identificação correta dos envolvidos. Policiais e oficiais de Justiça também encontram dificuldades em localizar os acusados nas diligências.

Vítimas do Grupo Bitong

A Polícia Civil e o Ministério Público paulista atribuem ao Grupo Bitong uma série de crimes de extorsão contra comerciantes chineses que se instalaram na região central de São Paulo, principalmente no Brás e na 25 de Março. Tanto as vítimas quanto os mafiosos são naturais de Fujian, uma província no sudeste da China internacionalmente conhecida como reduto de gangsters e que “exporta” criminosos para vários países ao redor do mundo. Não à toa, recebeu o apelido de “Calábria da China” das autoridades italianas, em referência à região da Itália dominada por mafiosos e berço da poderosa ‘Ndrangheta.

Nos dois centros comerciais da capital paulista, os comerciantes extorquidos pela máfia chinesa são obrigadas a pagar “taxas de proteção” para manterem seus empreendimentos em funcionamento. Se não pagam, recebem ameaças de ter seus familiares sequestrados. Quando se recusam a ceder às extorsões, são assassinados.

Dois comerciantes foram assassinados após supostamente se negarem a continuar pagando os valores exigidos pela máfia. Zhenhui Lin, vendedor de capas de celular, chegou a pagar mais de R$ 150 mil à quadrilha antes de ser morto em uma emboscada em uma via pública da Sé, na madrugada de 30 de janeiro de 2015.

Chengfeng Lin, dono de uma loja de importados no Brás, foi morto após dar de frente com seus algozes em um karaokê no bairro da Liberdade, em 17 de dezembro de 2016. Antes disso, ele havia pago R$ 120 mil à quadrilha. Quando foi morto, o empresário deixou dois filhos, ambos nascidos no Brasil. Os herdeiros, na época, tinham 5 e 7 anos de idade. Após o crime, a família de Chengfeng retornou à China, onde as cinzas do comerciante foram descartadas.

Apontado como o matador mais violento do Grupo Bitong pelas vítimas que prestaram depoimento à Justiça, pela Polícia Civil e pelo Ministério Público, Bo Lin é o acusado da máfia que está preso há mais tempo. Ele foi detido em março de 2017 no Guarujá, no litoral paulista, e levado ao Centro de Detenção Provisória (CDP) III de Pinheiros, na zona oeste da capital. Em seguida, foi transferido para a Penitenciária de Itaí, onde permanece preso, sendo um dos 27 chineses recolhidos na unidade, que é destinada para imigrantes presos em SP.

O matador enfrenta uma pena de mais de 142 anos de reclusão em regime fechado pelos crimes de extorsão e organização criminosa. Ele também responde a dois homicídios atribuídos ao Grupo Bitong. O chinês chegou a ter sua expulsão do Brasil determinada pela Secretaria Nacional de Justiça, em 2019. Apesar disso, ele só pode ser deportado após cumprir pena no país. Na cadeia, ele já trabalhou na barbearia, na faxina e na cozinha, e até prestou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), como forma de reduzir sua pena. De acordo com os boletins anexos em seu processo, Bo Lin tirou notas acima da média, inclusive em Língua Portuguesa, idioma que ele alega não ser fluente.

O que diz o acusado

Procurado, o advogado de Bo Lin nos casos de homicídio, Marcelo Chilelli de Gouveia, que diz atender a comunidade chinesa há pelo mais de 10 anos, afirma que os suspeitos de integrarem a quadrilha comandada por Liu Bitong são bastante estigmatizados – principalmente seu cliente. Segundo ele, isso ocorre também nos casos mais simples.

“A gente percebe que, na grande maioria esmagadora, eles não cometem os delitos, ao contrário de outros, por vontade de cometer o crime. É por falta de conhecimento ou porque realmente, na maioria das vezes, são estigmatizados”, disse.

Chilelli chama de “fantasia” a hipótese do Ministério Público de que exista uma máfia chinesa em São Paulo. “Os chineses, em geral, qualquer coisa que acontece, coisa simples, eles falam em palavra máfia. Tudo para eles é máfia. Então, sobre os chineses, em geral, eles falam em máfia, mas na verdade, está longe de ser uma estrutura organizada, algo que tem a ver com muitas pessoas para prática de crimes. Não tem nada a ver”, completou.

O advogado também negou qualquer relação entre Bo Lin e os outros acusados de integrar o Grupo Bitong, como o próprio líder da quadrilha.

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