Delação de Gritzbach: policiais civis são indiciados por elo com PCC
Em nota, a defesa dos policiais classificou a decisão como abusiva e alegou que as autoridades não analisaram pedidos de produção de provas
atualizado
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São Paulo — A Polícia Federal (PF) concluiu na madrugada desta quarta-feira (12/2) o inquérito policial que investigava a ligação de policiais civis de São Paulo com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e indiciou o delegado Fábio Baena e o investigador Eduardo Monteiro.
Além deles, também foram indiciados outras 12 pessoas, sendo três policiais civis.
Em nota, a equipe de advogados de Baena e Monteiro, liderada por Daniel Bialski, afirmou que a decisão das autoridades não analisou “os pedidos de produção de provas formulados pela defesa que desmentiram as ilações e bravatas suscitadas pela citada autoridades”.
Ainda de acordo com os representantes, a decisão foi abusiva e “preferiu indiciar todos os investigados, de maneira genérica, sem qualquer individualização, e sem que existentes indícios do cometimento de qualquer crime”.
O posicionamento dos advogados termina dizendo que aguardará a decisão da Justiça.
Presos
O delegado Fábio Baena e o investigador Eduardo Monteiro foram presos no dia 17 de dezembro, como resultado da delação premiada de Vinícius Gritzbach.
O delator do PCC, como ficou conhecido Gritzbach, contou em testemunho que durante a sua prisão – acusado de matar Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta – Monteiro teria ligado para uma pessoa, por meio do celular, referindo-se a ela como “um dos 14”, uma menção à Sintonia dos 14 – composta por membros do PCC responsáveis pela coordenação e o cumprimento das regras da facção em 14 regiões específicas da capital, Grande São Paulo e interior.
De acordo com as investigações, o telefonema mostra que o investigador-chefe mantinha contato direto com a cúpula da maior facção do Brasil.
Além disso, Eduardo Monteiro teria mostrado para Gritzbach, segundo as investigações, um vídeo com as imagens de Noé Alves Schaum, apontado como o executor do assassinato de Cara Preta e Sem Sangue, no momento em que ele era esquartejado. A cabeça dele foi deixada, com um bilhete dentro da boca, em uma praça do Tatuapé, na zona leste da capital paulista, em 16 de janeiro de 2022.
Na representação em que a prisão de Monteiro foi requerida, promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPSP, afirmaram que o suspeito não temia a investigação da Corregedoria da Polícia Civil por ser sobrinho da corregedora geral, “dando a entender que ele tem [tinha] plenas condições de influenciar eventuais investigações de infrações funcionais”.
Já Fábio Baena Martin foi preso, no mesmo dia que Eduardo, suspeito de envolvimento no assassinato de Gritzbach, no dia 8 de novembro.
O delegado, que atuava na 3ª Delegacia de Repressão a Homicídios Múltiplos do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), foi citado na delação de Gritzbach.
“Áudios comprovam ilicitudes e arbitrariedades de Fabio Baena e toda sua equipe, como Rogerinho, Eduardo Monteiro e outros, viciando toda a instrução processual”, afirma a proposta de delação.”
No documento da Corregedoria da Polícia Civil consta que Gritzbach entregou pendrives com a relação de empresas usadas pelos policiais para supostamente lavar o dinheiro das propina.