Coronel José Augusto Coutinho assume comando da PM de São Paulo
Coronel José Augusto Coutinho, de 53 anos, substitui Cássio Araújo de Freitas, que saiu após crise por episódios de violência envolvendo PMs
atualizado
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O coronel José Augusto Coutinho assumiu oficialmente nesta sexta-feira (23/5) o Comando Geral da Polícia Militar de São Paulo. Ele, que até então era subcomandante da corporação, assumiu o maior cargo da instituição, substituindo o coronel Cássio Araújo de Freitas, em solenidade na Academia do Barro Branco, na capital paulista.
A substituição era ensaiada desde o ano ado, diante de uma série de episódios de violência envolvendo policiais militares, que levaram Tarcísio a itir uma crise.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi ao evento: “É uma alegria muito grande estar aqui em um dia tão simbólico. O Coronel Cássio sai hoje com a certeza da missão cumprida e de ter deixado um legado e o Coronel Coutinho assume com a certeza de que vai ser um brilhante comandante da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Fará um grande trabalho que vai perpetuar o legado que garante a excelência dessa corporação”, afirmou o governador Tarcísio de Freitas.
No dia 17 de abril, o governo de São Paulo formalizou a troca por meio de publicação no Diário Oficial do Estado. No lugar dele, entrou o coronel Coutinho que, até então, era subcomandante da corporação.
Na mesma data, foi nomeado para o cargo de subcomandante o coronel Erick Gomes Bento, antigo Chefe do Gabinete do Comando Geral da PM. O coronel Cássio, que ocupava o cargo de Comandante desde janeiro de 2023, foi para a reserva.
Quem é o novo comandante
- O coronel José Augusto Coutinho iniciou a carreira na PM na Academia do Barro Branco, em janeiro de 1992 e se formou como aspirante em dezembro de 1994.
- José Augusto Coutinho era subcomandante da PM desde fevereiro de 2024, quando o governador trocou de uma única vez 34 dos 63 coronéis em posição de comando, privilegiando oficiais alinhados às bandeiras de Derrite.
- Antes disso, o oficial chefiou o Comando de Policiamento de Choque, as Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), o Comando de Operações Especiais (COE) e o Estado Maior do Comando de Policiamento de Choque.
Coutinho afirmou que o seu comando será uma continuidade do que vinha sendo desenvolvido pelo coronel Cássio. Em especial, o combate às organizações criminosas, visando a busca e captura das lideranças, a asfixia financeira e a quebra da cadeia logística do crime.
“As parcerias com as demais forças de segurança, com Ministério Público, Poder Judiciário e demais órgãos serão renovadas e outras iniciadas. Buscaremos a simplificação de processos e rotinas, visando aumentar o ativo operacional a ser empregado no patrulhamento preventivo, sempre focado na melhoria dos indicadores e na percepção de segurança”, complementou o coronel.
Polêmicas
O atual comandante da Polícia Militar, coronel José Augusto Coutinho, teria ignorado a informação de que, em 2020, o então líder do Primeiro Comando da Capital (PCC) nas ruas, Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, pagou R$ 5 milhões a PMs do setor de inteligência da Rota para escapar da Operação Sharks, do Ministério Público de São Paulo (MPSP).
Na sexta-feira ada (16/5), cinco anos depois, Tuta foi preso em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, em um ação conjunta entre a Polícia Federal e autoridades bolivianas. Ele está sob custódia das autoridades locais e aguarda a confirmação oficial de identidade para ser extraditado.
Na Sharks, o líder do PCC foi condenado a 12 anos e seis meses de prisão por lavagem de dinheiro e associação criminosa. As investigações apontam que ele teria atuado como operador financeiro da facção e participado da movimentação de aproximadamente R$ 1 bilhão, oriundos do tráfico internacional de drogas.
Conforme revelado pelo Metrópoles em janeiro, a propina de R$ 5 milhões paga por Tuta a policiais foi descoberta por promotores do Gaeco em outubro de 2021, quando um traficante do PCC foi recebido na sede do batalhão da Rota e delatou o esquema.
Na ocasião, ele exibiu um áudio em que Tuta detalhava o pagamento e dizia: “O pessoal da R [suposta referência à Rota] salvou minha vida na Sharks”. Ele teria pagado R$ 2 milhões de “entrada” e parcelado o restante.
Diante da descoberta, promotores do Gaeco levaram o caso ao então comandante da Rota, José Augusto Coutinho, e cobraram providências. No entanto, “ninguém fez porra nenhuma, ele não fez nada a respeito”.
O envolvimento de policiais militares da Rota com o PCC só ganharia publicidade em meio às investigações sobre a morte do inimigo da facção Vinícius Gritzbach, morto com 10 tiros de fuzil no Aeroporto de Guarulhos, em novembro do ano ado. Em sua delação, ele deu afirmou que PMs do batalhão faziam segurança para chefões do PCC.
Fuga da Sharks
- Em 2020, Tuta era um dos principais alvos dos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo, que investigavam as movimentações financeiras da cúpula do PCC.
- A Rota ficou encarregada de cumprir vários mandados de prisão expedidos no âmbito da operação, entre eles o de Tuta. Para a surpresa dos promotores, no entanto, o chefão do PCC não foi localizado no endereço previsto.
- Inicialmente, houve a suspeita de que alguém do prédio do criminoso poderia ter vazado a informação. Mais tarde, os promotores tiveram o a um áudio em que o próprio Tuta conversava com um outro criminoso e dizia: “O pessoal da R [suposta referência à Rota] salvou minha vida na Sharks”.
- Os policiais da Rota envolvidos no esquema integrariam o setor de Inteligência do batalhão e eram responsáveis pelo chamado “trabalho velado”.
Rumores sobre morte
Antes de ser identificado como liderança do PCC nas ruas, Tuta atuou como adido comercial no Consulado de Moçambique em Minas Gerais entre 2018 e 2019. À época, recebia salário formal e trabalhava com temas ligados ao intercâmbio econômico entre Brasil e África. O vínculo foi encerrado após seu nome aparecer em processos judiciais ligados à lavagem de dinheiro.
Tuta teria perdido espaço dentro da facção em 2022, após ser acusado de decisões unilaterais e enriquecimento pessoal. Desde então, surgiram rumores sobre um possível sequestro e execução ordenados pelo chamado “tribunal do crime” do PCC. No entanto, não havia confirmação oficial sobre seu paradeiro até a prisão desta sexta-feira.