Corinthians: Justiça nega pedido de habeas corpus de Augusto Melo
Augusto Melo anunciou que vai deixar o comando do Corinthians após itir a provável derrota na votação do impeachment
atualizado
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A Justiça negou, na noite desta segunda-feira (26/5), o pedido de habeas-corpus feito pela defesa de Augusto Melo, presidente do Corinthians, para anular o indiciamento dele feito pela Polícia Civil na última quinta-feira (22/5).
O relatório policial detalha envolvimento do presidente do Corinthians em um suposto desvio de dinheiro na negociação de patrocínio entre o clube e a empresa de apostas Vai de Bet. Melo foi indiciado pelos crimes de associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro.
Na decisão, a juíza Marcia Mayumi Okoda Oshiro, afirma que o “ato é indevido e prematuro, pois não foi suficientemente fundamentado pela autoridade policial, e não encontra respaldo em elementos probatórios mínimos de autoria e materialidade”.
“Com efeito, a exceção de pequenos trechos do inquérito policial colados no corpo do writ, os impetrantes não trouxeram aos autos qualquer documento, o que enfraquece os argumentos da defesa e afeta a verossimilhança de suas alegações. Aliás, sequer o ato atacado foi juntado, o que inviabiliza a pronta aferição da ilegalidade do indiciamento – convém anotar que o procedimento não comporta dilação probatória”, completa a magistrada.
A defesa de Augusto Melo acredita que o inquérito policial teve motivação política. Além disso, cita possível influência do presidente do Conselho Deliberativo do clube, Romeu Tuma Júnior, na conduta policial, visto o ado do dirigente na corporação como ex-delegado de polícia.
“Diante disso, o indiciamento, quando destituído de justa causa ou motivado por razões alheias ao interesse público, como a conveniência política ou a tentativa de enfraquecimento institucional do paciente, revela-se ato ilegal e abusivo, devendo ser declarado nulo com fulcro na jurisprudência consolidada e nos princípios constitucionais que regem o processo penal democrático”, diz o documento.
A defesa diz, ainda, que o contrato de patrocínio com a Vai de Bet foi intermediado antes de Melo assumir a presidência e que ele foi o último a , com o aval dos auxiliares jurídicos do time.
Impeachment no Corinthians
Augusto Melo, presidente do Corinthians, itiu a provável derrota na votação do impeachment, mas garantiu que deixará o comando do clube “de cabeça erguida”. A declaração foi feita em entrevista coletiva na sede do clube, no Parque São Jorge, na zona leste de São Paulo, nesta segunda (26/5).
“Já sei o resultado, eles estão em maioria”, disse mandatário, que não vai acompanhar a reunião do Conselho Deliberativo.
“Boa noite a todos! Primeiramente indignado. O jogo não acabou, mas saio de cabeça erguida. Saio do Corinthians neste momento, por enquanto, com salários em dia há sete meses, com planejamento de um ano que tinha tudo para dar certo. Saio do Corinthians deixando um contrato com a Multipark no qual o Corinthians se tornaria sócio. Saio do Corinthians deixando o contrato pronto do nosso CT, o alojamento da base”, disse o dirigente do clube.
Votação do impeachment
Conselhos do Corinthians estão reunidos nesta segunda para votar o impeachment do atual presidente do clube, Augusto Melo. A reunião é a segunda tentativa do conselho de afastar o mandatário. Na primeira tentativa, a decisão foi suspensa após o rito de issibilidade ar por 126 votos a favor e 114 contra a votação.
Para hoje, a defesa de Melo trata a ocasião como a primeira oportunidade de “ampla defesa”, onde tentarão rebater as alegações desde a primeira matéria veiculada sobre o caso Vai de Bet na imprensa até o indiciamento da última quinta.
Caso a votação seja favorável ao afastamento do atual mandatário corintiano, uma segunda votação será feita com todo o quadro associativo do clube. Apesar do contexto conturbado e do indiciamento, o presidente deixou claro que não irá renunciar ao cargo.
Indiciamento
Além de Augusto Melo, outras três pessoas foram indiciadas pelos crimes de associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro: dois ex-dirigentes do Corinthians, Marcelo Mariano e Sérgio Moura; e o responsável por intermediar a negociação, Alex Cassundé.
As autoridades apontaram no relatório policial uma série de contradições nos depoimentos dos envolvidos, especialmente no relato de Cassundé sobre a suposta intermediação do contrato da Vai de Bet com o Corinthians.
Segundo o inquérito, a polícia tem certeza que essa negociação não foi intermediada por Cassundé, mas sim por outras três pessoas: Antônío Pereira dos Santos (conhecido como Toninho), Sandro dos Santos Ribeiro e Washinston de Araújo e Silva.
Gaviões pede o afastamento
- A Gaviões da Fiel, principal torcida organizada do Corinthians, publicou na última sexta uma nota em que pede o afastamento de Melo da presidência do clube.
- Segundo o posicionamento da agremiação, a medida se faz necessária “para preservar a imagem do Corinthians”. A atual posição da Gaviões da Fiel mudou em relação à primeira votação do impeachment, quando a torcida defendeu Augusto Melo com gritos de “não vai ter golpe”.
- O Metrópoles apurou que o grupo não deve se mobilizar para aparecer no Parque São Jorge nesta segunda, visto que na próxima terça-feira (27/5), o clube alvinegro tem jogo na Argentina. A Gaviões deve ir nas chamadas caravanas ao país vizinho.
- Apesar disso, são esperados alguns torcedores na sede do clube.