Após queixas, Câmara de SP apaga foto sobre ato contra violência da PM
Foto mostrava faixa, estendida durante atividade no plenário, que chamava o governo de SP de assassino; vereadora do PL reclamou da postagem
atualizado
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O perfil oficial da Câmara Municipal de São Paulo no Instagram apagou uma foto que mostrava uma faixa chamando o governo de São Paulo de “assassino”. A imagem ilustrava uma publicação sobre uma audiência pública, realizada na última segunda-feira (2/6), em homenagem ao estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, que foi morto pela Polícia Militar em novembro do ano ado.
O evento, realizado no plenário 1º de Maio, foi organizado pela vereadora Luana Alves (PSol) e contou com a presença de familiares de Marco Aurélio, além de representantes de entidades e movimentos de direitos humanos. Para a atividade, foi estendida ao longo da mesa uma faixa com os dizeres “Justiça por Marco Aurélio! Governo do Estado de São Paulo assassino!” (foto em destaque).
No perfil da Câmara, a foto da faixa foi utilizada entre outras nove imagens que compunham o post, que registrava a realização do evento. Nesta terça-feira (3/6), um dia depois da publicação, a foto foi apagada após uma reclamação feita pela vereadora bolsonarista Sonaira Fernandes (PL), durante o Colégio de Líderes.
“Sabemos que no parlamento cada vereador vem aqui, pauta, faz sua audiência, convoca seu público. Mas precisamos equilibrar isso. (…) Não estou crucificando a Rede Câmara, muito pelo contrário. Só estou pedindo que, muito a parte das preferências políticas e ideológicas, a gente tenha em mente o lado profissional e do que de fato precisa ser publicado. Achei uma falta de respeito se estampar uma publicação chamando o governo do Estado de São Paulo de assassino”, afirmou a vereadora. Ex-assessora do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), Sonaira já foi secretária da Mulher do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos).
“A postagem foi apagada porque houve uma falha na decisão de publicar o conteúdo editorial”, informou em nota a assessoria da Câmara Municipal de São Paulo.
“Reclamação bizarra”
Organizadora do evento, a vereadora Luana Alves (PSol) classificou a reclamação de Sonaira Fernandes de “bizarra” e afirmou que a família da vítima tinha o direito de instalar a faixa no local.
“É tão bizarra essa reclamação da vereadora Sonaira porque foi uma atividade que a Câmara tem direito de fazer e que eu tenho direito de fazer enquanto vereadora. O rapaz que foi assassinado por policiais militares. A família tem todo o direito de colocar essa faixa. Achei lamentável que a Câmara tenha sido obrigada a retirar uma das fotos oficiais do evento. A vereadora devia estar preocupada com o índice de letalidade policial da Polícia Militar e não com uma foto no Instagram da Câmara Municipal de São Paulo”. disse a parlamentar ao Metrópoles.
Relembre o caso Marco Aurélio
- Marco Aurélio morreu no dia 20 de novembro de 2024 após levar um tiro à queima-roupa de um policial militar durante uma abordagem dentro de um hotel na Vila Mariana, na zona sul de São Paulo. Uma câmera de segurança do estabelecimento registrou a ação (veja abaixo).
- Pelas imagens, é possível ver o momento em que Marco Aurélio entra correndo sem camisa no hotel. Um soldado da PM também entra no local e puxa o jovem pelo braço, com a arma em punho.
- O estudante consegue se desvencilhar, quando outro policial aparece e lhe dá um chute. O jovem segura o pé do PM, que se desequilibra e cai para trás. Nesse momento, o outro PM Augusto dá um tiro em Marco Aurélio.