Carta a Patrícia Coelho: Nós, professores, estamos pedindo socorro
Patrícia Coelho Barreto, 29 anos, sumiu na manhã de terça-feira (20/6) após deixar a Escola Maria Montessori, na 913 Sul. Ela saiu do trabalho por volta das 11h40, vestida com o uniforme de professora e não foi para sua casa, no Guará I. Deixou seus pertences na escola, como bolsa e celular. Nesta quarta-feira (21), […]

Wanessa Rodrigues
atualizado
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Patrícia Coelho Barreto, 29 anos, sumiu na manhã de terça-feira (20/6) após deixar a Escola Maria Montessori, na 913 Sul. Ela saiu do trabalho por volta das 11h40, vestida com o uniforme de professora e não foi para sua casa, no Guará I. Deixou seus pertences na escola, como bolsa e celular.
Nesta quarta-feira (21), ela foi encontrada rezando em uma igreja de Luziânia (GO). Wanessa Rodrigues, professora da rede pública de ensino, publica aqui uma carta aberta em solidariedade à colega de profissão.
Patrícia,
Temos a mesma idade. A mesma profissão. Escolhemos ir na contramão do que seria mais rentável em busca de um sonho: LECIONAR. Mas nós não sabíamos do que estava por vir… Imaginávamos que ensinaríamos Português, Matemática, História, Geografia… Mas não! Antes, bem antes disso, vimos que tínhamos que assumir papéis que não são de professora: amos a ser mães, avós, madrinhas, babás e lá no fim professoras.
Você trabalha em uma das escolas mais renomadas (e mais caras) de Brasília. Um sonho pra qualquer professora trabalhar em uma escola modelo com recursos, materiais, cursos, bons alunos… Eu já trabalhei em uma instituição privada, jamais reclamaria da oportunidade que tive, mas sei o quanto é desgastante. Você saber que não tem alunos, mas sim clientes, dá uma estranha sensação de impotência.
Que vontade de te abraçar, Patrícia! Que vontade de dizer para você se acalmar, para ter força e muita fé de que as coisas vão melhorar. Que vontade de dizer para você não desistir do nosso sonho de tornar esse mundo melhor por meio do ensino, da valorização da educação e dos profissionais dela.
Quantas Patrícias serão necessárias para que a sociedade veja que nós professores estamos pedindo socorro? Que estamos cheias de atribuições que não são nossas? Estamos adoecendo. Teremos que desistir? Jogar a toalha e acusar nossa derrota? NÃO! Eu me recuso!
Conta comigo, Patrícia. Sua luta é a minha!