Em Brazlândia, Balneário Veredinha pede socorro
Moradores reclamam do descaso com a área de lazer
atualizado
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Quem a pelo Setor Tradicional, bairro localizado na entrada de Brazlândia, sempre se incomoda com uma paisagem um tanto ambígua. De um lado, o Lago Espelho d’Água representa um dos principais pontos turísticos da cidade. Do outro, a bela vista dá lugar ao Balneário Veredinha, criado em agosto de 1992 e abandonado há anos pelo poder público.
Até o início da década de 2000, o local oferecia aos visitantes piscina, playground para as crianças, quadras esportivas e um centro de convivência reservado para eventos, shows e outros encontros. Há anos sem manutenção e investimentos mínimos, o espaço se tornou abrigo de mato e construções aos cacos.

Em 2013, o Fundo de Desenvolvimento Urbano do Distrito Federal (Fundurb) destinou R$ 4 milhões para uma reforma completa do espaço. A empresa vencedora da licitação chegou a fazer reparos iniciais no lugar, mas a segunda colocada entrou com liminar na Justiça e interrompeu as obras.
Falta de lazer
O abandono é um assunto que sempre está na boca do povo. Francicleide Marques, 40 anos, a pelo local todos os dias. Cearense de Fortaleza, ela vive há mais de 20 anos em Brazlândia. E sente que a cidade carece de mais opções de lazer.
O balneário faz falta, sobretudo para as crianças. Quem quer se divertir precisa ir para Taguatinga ou Ceilândia.
Francicleide Marques, diarista
Quando quer levar Luis Miguel, de 4 anos, para se divertir, Bruna de Sousa precisa atravessar mais de 50 quilômetros de estrada para chegar à Água Mineral ou ao Parque da Cidade. “Na minha época de criança, brincava muito nesse labirinto”, lembra a jovem de 29 anos, apontando para o desbotado playground.

Ela é cabeleireira e também costuma caminhar pelas redondezas em suas idas e vindas do trabalho. “Todo mundo fala sobre isso. E quem vem de fora sempre nota”, lamenta a moradora. “Aceitaria até pagar para aproveitar o balneário”, afirma.
Jornalista do portal Notícias de Brazlândia, Samuel Barbosa acompanha a história do balneário Veredinha desde a sua fundação. “O parque faz aniversário, mas não há o que comemorar”, ressalta o morador, de 47 anos. Ele credita a caótica situação do espaço à frequente falta de cuidado dos gestores governamentais. “O lugar está dentro do Parque Ecológico Veredinha. E foi criado para que as pessoas usufruíssem da natureza de uma forma educada, sem degradação. Só que nunca ninguém deu real atenção ao parque”.
O outro lado
Procurada pelo Metrópoles, a Novacap se limitou a informar que “as obras no Balneário Veredinha estão suspensas à espera de uma decisão da Justiça, aguardando o julgamento do mérito.”
No cargo desde fevereiro, o André Luiz Queiroz diz que a reforma do espaço é uma de suas bandeiras: “Esse assunto me incomoda muito. Revitalizar o balneário seria, para mim, uma realização pessoal”. Seu pai, José Nivardo Valente, foi diretor do parque durante anos. O próprio Queiroz treinava no lugar, em seus tempos de tenista de mesa amador.
A saída, segundo ele, é trabalhar junto com a Novacap para elaborar uma nova licitação. “Se dependermos dessa decisão da Justiça, não acredito que saia resultado tão cedo. Estamos vendo se existe a possibilidade jurídica de inviabilizar o certame ado e iniciar outro.”
Lacrado, o local gera despesas de luz, água e segurança, embora a istração não saiba informar o valor. A única intervenção que a istração pôde fazer este ano foi demolir parte da piscina para evitar o acúmulo de água parada no parque, um verdadeiro criadouro de mosquitos da dengue.