Guerra comercial: dólar cai com possível alívio do “tarifaço” de Trump
No último pregão da semana ada, na sexta-feira (28/2), o dólar avançou 1,5% ao fim da sessão, cotado a R$ 5,916, maior valor em 1 mês
atualizado
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Em um dia no qual o mercado brasileiro abriu mais tarde, às 13 horas, o dólar operava em forte baixa na tarde desta quarta-feira (5/3), com os investidores repercutindo os novos anúncios do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, envolvendo tarifas comerciais.
O que aconteceu
- Às 15h52, o dólar caía 2,43%, cotado a R$ 5,773.
- Mais cedo, às 14h29, a moeda norte-americana recuava 1,94% e era negociada a R$ 5,802.
- Na cotação máxima do dia até aqui, o dólar bateu R$ 5,847. A mínima é de R$ 5,77.
- No último pregão da semana ada, na sexta-feira (28/2), o dólar avançou 1,5% ao fim da sessão, cotado a R$ 5,916.
- Foi o maior valor da moeda dos EUA em 1 mês.
- Com o resultado, o dólar acumulou alta de 1,35% em fevereiro. No acumulado do ano, a queda é de 4,26%.
Reação ao tarifaço de Trump
As atenções do mercado financeiro estão voltadas, nesta quarta-feira, às repercussões do novo “tarifaço” anunciado por Trump nos EUA.
Trump impôs uma tarifa extra de 25% sobre todas as importações de Canadá e México – com exceção da energia do Canadá, que será tarifada em 10%.
No caso da China, segunda maior economia do mundo, o percentual será de 20%. Trata-se do mais abrangente tarifaço da era Trump, aplicando-se a cerca de US$ 1,5 trilhão em importações anuais.
As medidas fazem parte de uma estratégia para fortalecer a indústria norte-americana, equilibrar relações comerciais e aumentar a arrecadação do governo.
Após o anúncio de Trump, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou tarifas recíprocas de 25% sobre US$ 107 bilhões em produtos norte-americanos, começando com taxas sobre US$ 21 bilhões.
O governo de Pequim também agiu rapidamente e anunciou a imposição de tarifas adicionais de 10% a 15% sobre produtos agrícolas e alimentícios dos EUA. A medida entrará em vigor no dia 10 de março.
A medida de Trump e a resposta de Trudeau e do presidente da China, Xi Jinping, representam mais um o na escalada da guerra comercial entre os países, o que também deverá envolver o México.
A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, anunciou que “não há justificativa para a decisão do presidente Trump de impor uma tarifa de 25% sobre produtos do México”.
Em resposta, ela afirmou que seu país vai impor restrições comerciais e taxas mais elevadas a produtos norte-americanos. Os detalhes, disse Sheinbaum, serão divulgados no próximo domingo (9/3).
Apesar da preocupação quanto a uma guerra comercial global, investidores reagiram positivamente às declarações do secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, segundo as quais o governo norte-americano estuda um acordo com México e Canadá para aliviar as tarifas impostas aos dois países.
“Tanto os mexicanos quanto os canadenses ficaram o dia todo no telefone comigo tentando mostrar que vão melhorar, e o presidente Trump está ouvindo”, afirmou Lutnick em entrevista à Fox.
Discurso de Trump
Os investidores também repercutem o discurso feito por Donald Trump ao Congresso dos EUA, na noite de terça-feira (4/3), no qual o republicano citou expressamente o Brasil como um dos países que estariam prejudicando comercialmente os interesses norte-americanos.
Em sua fala aos congressistas, Trump ainda citou União Europeia (UE), Índia, Coreia do Sul, México e Canadá. O presidente dos EUA reiterou que pretende colocar em prática as chamadas “tarifas recíprocas” a partir do dia 2 de abril.
“Esse sistema não é justo para os EUA, e nunca foi. Se nos taxarem, vamos taxá-los, é simples”, afirmou Trump.
“União Europeia, China, Brasil, Índia, México e Canadá cobram tarifas tremendamente mais altas do que cobramos deles”, disse o presidente dos EUA.
“Se não produzir nos EUA, sob o governo Trump, você vai pagar uma tarifa. E, em alguns casos, bem alta. Outros países têm usado tarifas contra nós por décadas, e agora é nossa vez de começar a usá-las contra outros países”, completou o presidente norte-americano.
Reforma ministerial
No cenário doméstico, os investidores seguem em como de espera pelo anúncio de novos nomes que arão a compor o primeiro escalão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na semana ada, a confirmação de que a deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, comandará a Secretaria das Relações Institucionais, foi mal recebida pelo mercado financeiro.
Gleisi assumirá a vaga de Alexandre Padilha, também do PT, que deixa a pasta rumo ao Ministério da Saúde após a demissão de Nísia Trindade.
Nesta quarta-feira, os investidores repercutem rumores de que Lula teria convidado o também deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para assumir a Secretaria-Geral da Presidência no lugar de Márcio Macêdo, que deve deixar o cargo na reforma ministerial.
Assim como Gleisi, o nome de Boulos – candidato derrotado à prefeitura de São Paulo nas eleições do ano ado – sofre grande resistência do mercado, que o vê como um “radical” de esquerda.
Bolsa de Valores
O Ibovespa, principal indicador do desempenho das ações negociadas na Bolsa de Valores do Brasil (B3), operava em alta nesta quarta.
Às 15h45, o índice avançava 0,16%, aos 122,9 mil pontos.
No pregão anterior, o Ibovespa fechou em forte queda de 1,6%, aos 122,8 mil pontos.
Com o resultado, a Bolsa do Brasil acumulou perdas de 2,64% em fevereiro. No acumulado de 2025, o Ibovespa tem ganhos de 2,09%.