Dólar e Bolsa sobem com PIB do Brasil, tarifaço e emprego nos EUA
No dia anterior, o dólar ficou praticamente estável, com leve alta de 0,02%, cotada a R$ 5,75. Mercado também repercute “payroll” nos EUA
atualizado
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O dólar operava em alta na última sessão da semana, na manhã desta sexta-feira (7/3).
Os principais destaques da agenda econômica observados pelo mercado são a divulgação do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024, o relatório “payroll” com dados de emprego nos Estados Unidos e os desdobramentos das tarifas comerciais impostas pelo governo norte-americano.
O que aconteceu
- Às 13h36, a moeda norte-americana subia 0,5%, cotada a R$ 5,786.
- Mais cedo, às 12h06, o dólar avançava 0,27% e era negociado a R$ 5,754.
- Na máxima do dia até aqui, o dólar bateu R$ 5,787. A mínima é de R$ 5,754.
- No dia anterior, a moeda dos EUA ficou praticamente estável, com leve alta de 0,02%, cotada a R$ 5,75.
- Com o resultado, o dólar acumula perdas de 2,69% no mês e 6,84% no ano.
PIB do Brasil
No cenário doméstico, os investidores repercutem nesta sexta o desempenho da economia brasileira no ano ado.
De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB do Brasil fechou 2024 com uma expansão de 3,4%, confirmando o forte desempenho esperado pelo governo.
No quarto trimestre do ano ado, o PIB do país avançou 0,2%. A projeção dos analistas era uma alta de 0,5%.
Preços dos alimentos
Ainda no ambiente interno, o mercado acompanha com atenção das medidas anunciadas pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para tentar conter a alta nos preços dos alimentos.
Uma das propostas é zerar a alíquota de importação de diversos produtos, entre os quais azeite, milho, óleo de girassol, sardinha, biscoitos, massas alimentícias (macarrão), café, carnes e açúcar.
As propostas também foram discutidas com o setor produtivo. Empresários se reuniram com o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Rui Costa (Casa Civil), Carlos Fávaro (Agricultura), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Sidônio Palmeira (Comunicação Social).
No entanto, o vice-presidente não soube informar o impacto fiscal que as medidas irão causar. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, um dos principais defensores da responsabilidade fiscal dentro do governo Lula, não participou do anúncio.
Além de Haddad, o próprio presidente não esteve presente, apesar da participação dele ter sido esperada, visto que são medidas para alcançar a popularidade do governo dele, que tem acumulado quedas.
Tarifas nos EUA
Nesta sexta, o mercado repercute ainda a reunião entre Alckmin e o secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, por videoconferência, que aconteceu na quinta-feira (6/3).
O tema do encontro foi o “tarifaço” imposto pelo governo de Donald Trump nos Estados Unidos sobre produtos importados de uma série de países, entre os quais o Brasil.
O mercado de madeira brasileira pode ser um dos mais prejudicados, já que os EUA são o principal destino das exportações do setor, recebendo 42,4% do total. Trump já anunciou uma tarifa de 25% sobre produtos florestais importados, o que pode dificultar a competitividade dos produtos nacionais.
Outro ponto de preocupação do governo brasileiro é o etanol. Atualmente, o país aplica uma tarifa de 18% sobre o produto norte-americano, enquanto os EUA cobram apenas 2,5% do etanol brasileiro. A política de “tarifas recíprocas” defendida por Trump pode levar a um aumento dessa taxação.
Além disso, aço e alumínio, que estão entre os principais produtos exportados pelo Brasil para os EUA, também podem ser afetados. Até o momento, o governo brasileiro não anunciou nenhuma medida em resposta à taxação, como o aumento das tarifas sobre produtos americanos.
Segundo Alckmin, a melhor estratégia diante do ime é o diálogo. O vice-presidente defende a possibilidade de um acordo para a definição de cotas de exportação, como foi feito em 2018, evitando a imposição de sobretaxas.
Em discurso feito ao Congresso dos EUA, na noite de terça-feira (4/3), Trump citou expressamente o Brasil como um dos países que estariam prejudicando comercialmente os interesses norte-americanos.
Na conversa, Alckmin destacou a importância da relação comercial entre os dois países, que movimenta cerca de US$ 80 bilhões, com um superávit de US$ 200 milhões para os americanos.
O vice-presidente ressaltou ainda que oito dos dez principais produtos importados pelo Brasil para os EUA já possuem tarifa zero e que a média ponderada das tarifas efetivamente recolhidas é de 2,73%, abaixo do que indicam as tarifas nominais.
Alckmin também lembrou que o Brasil responde pelo sétimo maior superávit comercial de bens dos EUA e que, ao incluir serviços, esse superávit ultraa US$ 25 bilhões. Para ele, a melhor estratégia é fortalecer a complementaridade econômica entre os países, garantir maior reciprocidade e manter boas práticas comerciais.
Os investidores também reagem ao anúncio de Trump sobre decidir adiar as tarifas para montadoras de veículos nas importações de México e Canadá.
“Payroll” nos EUA
Nesta manhã, o mercado financeiro também repercute os dados de emprego dos EUA, que foram divulgados no relatório “payroll” do Departamento de Trabalho.
O mercado de trabalho dos EUA abriu 151 mil postos de trabalho fora do setor agrícola em fevereiro deste ano. O resultado veio ligeiramente abaixo das projeções, que eram de 160 mil vagas.
A taxa de desemprego no país ficou em 4,1%, dentro do esperado.
A força do mercado de trabalho nos EUA é um dos componentes considerados pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) para definir a taxa de juros e esfriar a demanda na economia para combater a inflação.
Analistas temem que uma possível aceleração do mercado de trabalho nos EUA leve a um novo aperto da política monetária pelo Fed. Nesse sentido, a criação de vagas acima das expectativas é interpretada como uma notícia negativa.
No fim de janeiro, na primeira reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed desde a posse do presidente dos EUA, Donald Trump, o colegiado anunciou a manutenção dos juros básicos no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano.
A decisão interrompeu um ciclo de três quedas consecutivas dos juros nos EUA, que começou em setembro do ano ado – o primeiro corte em cinco anos.
A elevação da taxa de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para desaquecer a atividade econômica, além de combater a inflação.
Ibovespa sobe forte
Depois de abrir o pregão em forte baixa, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), mudou o sinal e se recuperou a partir do fim da manhã, após os dados de emprego nos EUA.
Às 13h40, o Ibovespa avançava 0,93%, aos 124,5 mil pontos.
Na véspera, o indicador fechou o pregão em alta de 0,25%, aos 123,3 mil pontos.
Com o resultado, o Ibovespa acumula ganhos de 0,45% em março e de 2,56% em 2025.