A 1 semana do Copom, Galípolo não dá pistas sobre juros: “Sosseguem”
Gabriel Galípolo participou da abertura de evento promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), mas não falou sobre o Copom
atualizado
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A uma semana do início de mais uma reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que definirá a nova taxa básica de juros do país, o presidente da autoridade monetária, Gabriel Galípolo, se manteve em silêncio e não deu qualquer pista sobre o que se pode esperar da trajetória da Selic no segundo semestre deste ano.
Nesta terça-feira (10/6), Galípolo participou da abertura do Febraban Tech 2025, evento promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo. Coube ao chefe da autoridade monetária fazer o discurso inicial do seminário, mas ele não fez qualquer comentário sobre o Copom ou a Selic.
Antes mesmo da fala de Galípolo, o presidente da Febraban, Isaac Sidney, avisou ao público que acompanhava o evento que o chefe do BC não poderia fazer declarações públicas a respeito da reunião do Copom em função do período conhecido como “blecaute” – no qual os membros do comitê ficam em silêncio e não tratam do encontro do colegiado ou de temas relativos à política monetária, para evitar eventual influência sobre a decisão final.
O próprio Galípolo usou um tom bem-humorado para justificar a falta de comentários sobre o Copom.
“Queria dar essa folga para os chamados observadores de Copom. Eles podem hoje relaxar e acompanhar outra fala, se preferirem. Se, por acaso, algum de vocês encontrar mais tarde alguém que diga que o Gabriel ou algum tipo de mensagem em relação ao Copom, essa pessoa não entendeu bem a minha fala”, ironizou.
“Não há qualquer tipo de mensagem hoje a ser ada no que se refere ao Copom. Sosseguem, por favor, todos os observadores do Copom”, pediu Galípolo.
A próxima reunião do Copom acontece nos dias 17 e 18 de junho, terça e quarta-feiras da semana que vem. O anúncio da nova taxa Selic é feito na quarta, por volta das 18h30.
Fim do ciclo de alta da Selic?
Na última reunião do Copom, no início de maio, a Selic subiu 0,5 ponto percentual, para 14,75% ao ano – o maior valor em quase duas décadas. Para a próxima reunião do colegiado, na semana que vem, o mercado se divide entre a possibilidade de alta de 0,25 ponto percentual ou de manutenção da taxa.
A elevação da taxa de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para controlar a inflação. Segundo economistas e analistas do mercado ouvidos pelo Metrópoles nesta terça-feira, a desaceleração da inflação no Brasil indica que se aproxima o fim do ciclo de alta de juros no país.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, ficou em 0,26% em maio deste ano, ante 0,43% em abril. Foi o terceiro mês seguido de desaceleração no indicador.
No acumulado entre janeiro e maio deste ano, o IPCA ficou em 2,75%. No período de 12 meses até maio, foi de 5,32%.
Segundo o Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação para este ano é de 3%. Como há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, a meta será cumprida se ficar entre 1,5% e 4,5%.
Pix e inovações tecnológicas
Em seu discurso, Gabriel Galípolo se limitou a tratar do tema central do Febraban Tech 2025: a “Aceleração do Setor Financeiro na Era da Inteligência”. O presidente do BC enumerou uma série de inovações tecnológicas da autoridade monetária nos últimos anos e destacou o papel de uma comunicação eficiente e moderna para o bom funcionamento da instituição.
“A comunicação é um tema bastante novo para o BC, que começou a se comunicar com a sociedade brasileira, de alguma maneira, há cerca de 30 anos”, disse Galípolo.
“O processo de se comunicar é novo, mas é absolutamente essencial para a potência e a eficiência da política monetária, a ponto de que essa comunicação de política monetária ou a virar uma ciência própria. As pessoas se debruçam sobre aquilo e se dedicam a tentar entender. Você tem um processo de ciência que envolve esse dialeto específico, que é bastante hermético para o público em geral”, prosseguiu.
Galípolo destacou como maior exemplo de sucesso nesse sentido o Pix, sistema de transferências e pagamentos instantâneos criado pelo BC em 2020 e que caiu no gosto dos brasileiros.
“Todas essas inovações não acontecem porque são um feito do BC. O BC conseguiu criar um ambiente para que esse ecossistema se desenvolvesse a partir da criatividade e da parceria de todos vocês. Neste caso, o Brasil serve de exemplo para o mundo”, afirmou Galípolo.
Segundo dados divulgados pelo BC na segunda-feira (9/6), o volume diário de transações feitas pelo Pix atingiu um novo recorde na última sexta-feira (6/6). Foram registradas 276,7 milhões de transações em um único dia. Ao todo, as transferências somam R$ 135,6 bilhões.
O recorde anterior havia sido registrado em 20 de dezembro de 2024, a cinco dias do Natal. Na data foram 252,1 milhões de transações via Pix em um único dia.
Na semana ada, o próprio Galípolo participou do lançamento do Pix Automático, que facilitará o pagamento de contas recorrentes – como planos de saúde, contas de consumo e serviços por , entre outras.
O pagador autorizará uma única vez a cobrança recorrente, sem a necessidade de repetir o procedimento a cada pagamento. Na autorização, é possível definir regras, como valor máximo de cada débito e se haverá ou não uso da linha de crédito.
Segundo a autoridade monetária, antes de cada pagamento no Pix Automático, a empresa enviará a cobrança para o banco do cliente, que agenda o débito e notifica o usuário.
O pagador pode conferir os detalhes pelo aplicativo da instituição e, se estiver tudo certo, o pagamento será processado automaticamente na data combinada, dentro dos parâmetros definidos na autorização.
“O Pix é o dinheiro que anda na velocidade do nosso tempo. É o dinheiro que tem a velocidade das pessoas de hoje em dia, dos negócios e da informação”, disse Galípolo, na ocasião, em um evento também realizado em São Paulo.
Galípolo também falou sobre o Pix Parcelado, nova modalidade que será uma linha de crédito formal (com cobrança de taxa de juros pelas instituições financeiras) e deve entrar em operação em setembro deste ano.
A ferramenta deve ser direcionada ao setor de varejo e, segundo o BC, pode aumentar as vendas de produtos e serviços, beneficiando cerca de 60 milhões de pessoas que hoje não têm o ao cartão de crédito.
“Vai estimular o uso do Pix no varejo para compras de bens e serviços e, especialmente, aquelas que têm valor mais elevado que demandam esse tipo de parcelamento. Essa vai ser uma outra inovação muito importante, que também vai afetar essas 60 milhões de pessoas que hoje não têm o a um cartão de crédito e vão poder parcelar o seu pagamento. Mas as pessoas que têm vão ter uma outra alternativa em um arranjo diferente”, disse Galípolo.
“Essa revolução feita no mercado financeiro pelo BC e seus parceiros demanda também uma atualização da instituição e de suas ferramentas para supervisionar, regular e poder atuar como autoridade monetária com todos esses novos players”, afirmou.
“Toda evolução institucional dos BCs pelo mundo prevê que, a cada dia que a, o BC tem de prestar mais satisfação à sociedade”, concluiu o presidente da autoridade monetária.