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Entre fé e política: a ausência do papa Francisco na Argentina

A ausência definitiva do Papa Francisco na Argentina expõe tensões políticas, distanciamento simbólico e um legado dividido em sua terra

atualizado

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Com a morte do Papa Francisco, o mundo se despede de um pontífice que rompeu paradigmas, promoveu reformas internas na Igreja Católica e se tornou símbolo de uma liderança voltada aos pobres e marginalizados. Mas, na Argentina — seu país natal — o legado de Jorge Mario Bergoglio é marcado por uma ausência que nunca ou despercebida. Em mais de uma década de pontificado, Francisco jamais realizou uma visita oficial ao país onde nasceu, cresceu e iniciou sua trajetória religiosa.

Essa lacuna geográfica, agora definitiva, tornou-se um dos episódios mais simbólicos — e controversos — de seu papado. Para muitos argentinos, especialmente os fiéis católicos, a ausência foi sentida como um gesto de distanciamento, quase como uma ferida aberta entre o líder da Igreja e sua própria terra.

Silêncio que ecoou por mais de uma década

Desde sua eleição em 2013, Francisco visitou mais de 50 países, incluindo vizinhos sul-americanos como Brasil, Paraguai, Chile e Bolívia. A Argentina, no entanto, ficou de fora da agenda oficial. Isso gerou estranhamento dentro e fora do Vaticano, alimentando teorias e interpretações diversas sobre os motivos por trás da decisão.

Em entrevista ao Metrópoles, o advogado especializado em direito internacional Julian Henrique Dias Rodrigues analisou o impacto dessa ausência. “Em um continente onde os laços simbólicos têm grande peso cultural, o fato de o primeiro papa latino-americano nunca ter regressado oficialmente ao seu país surpreende e gera inevitáveis questionamentos. A decisão, embora explicável em termos diplomáticos, criou um espaço de expectativa não correspondida”, afirmou.

Segundo ele, a Santa Sé adotou uma estratégia diplomática de neutralidade diante da instabilidade política argentina, evitando que uma visita fosse interpretada como apoio ou crítica a qualquer governo.

O preço simbólico dessa decisão foi alto, deixando um vazio perceptível. “A ausência da presença concreta deixou em aberto um espaço que nenhuma mensagem à distância conseguiu plenamente preencher. Para muitos argentinos, esse afastamento representa uma distância afetiva que contrasta com a expectativa natural de proximidade entre um líder religioso e o povo que compartilha suas origens”, completou Rodrigues.

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Velório do papa Francisco
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Papa Francisco faleceu na última segunda-feira (21/4)

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Tensões políticas e fé

O nome que Bergoglio escolheu ao se tornar pontífice foi certeiro. Em homenagem a São Francisco de Assis, Jorge Mario Bergoglio se tornou papa Francisco, cujo nome é ligado à simplicidade dos pobres e à paz. Com isso, chegamos à raiz do distanciamento, que é, em boa parte, política.

Ainda como arcebispo de Buenos Aires, Bergoglio teve embates com os ex-presidentes Néstor e Cristina Kirchner, criticando políticas públicas em áreas como saúde reprodutiva e direitos civis. Ao se tornar papa, Francisco manteve uma postura cautelosa em relação ao casal, sem nunca esquecer os atritos do ado.

O cenário ganhou novos contornos com a ascensão de Javier Milei, eleito presidente em 2023 com um discurso ultraliberal e profundamente crítico ao papa. Durante a campanha, Milei chegou a chamá-lo de “imbecil que defende o socialismo”. Embora, após a posse, ambos tenham buscado amenizar tensões e adotar gestos diplomáticos — como a visita de Milei ao Vaticano no início de 2024 — a relação nunca chegou a ser próxima.

Quando perguntado sobre as eleições no seu país natal, o pontífice argentino, sem citar Milei, explicou que tinha medo do egoísmo triunfar diante do comunitarismo e que não confiava em grandes salvadores sem histórico político.

“O papa se tornou alvo da polarização política na Argentina. Suas declarações sobre justiça social e economia foram associadas a determinadas ideologias, e isso o transformou, ainda que involuntariamente, em símbolo de um dos polos do debate”, avalia Dias.

Em um país marcado pela radicalização política, até mesmo a tentativa de neutralidade tornou-se combustível para interpretações diversas.

Por fim, o atual presidente da Argentina, Javier Milei, estará presente no funeral da figura mais importante de seu país, que ele chamou de “enviado do diabo”.

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Morte, fim do pontificado e um legado dividido

O falecimento de Francisco encerra definitivamente a possibilidade de reconciliação entre o líder espiritual e seu país de origem — pelo menos em termos de presença física. Para muitos argentinos, fica um sentimento de oportunidade perdida, tanto para o Papa quanto para o país.

“A distância mantida em relação à Argentina será lembrada como um episódio emblemático, revelador dos dilemas enfrentados por um pontífice entre as exigências da missão universal da Igreja e os vínculos pessoais com seu país de origem. Uma escolha que, embora justificável sob certas perspectivas, deixou marcas duradouras na memória dos argentinos”, explica Julian.

O Vaticano e os próximos os

Com o falecimento do Papa, o cardeal Kevin Farrell — norte-americano e prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida — assume interinamente o comando da Igreja Católica até que o novo pontífice seja eleito em conclave. Farrell, homem de confiança de Francisco, é conhecido por sua atuação diplomática e seu perfil moderado, o que pode influenciar a escolha do próximo papa.

Enquanto o mundo se volta para a sucessão papal, a Argentina encara um momento de reflexão sobre sua relação com o primeiro papa latino-americano da história. Um líder que, mesmo distante fisicamente, influenciou profundamente o debate político e religioso do país. E cuja ausência, agora definitiva, se torna parte inseparável de seu legado.

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