Para Haddad, acordo com UE não é uma grande vantagem para o Mercosul
Segundo o ministro da Fazenda, caso fizesse cálculos “mais mesquinhos”, o Mercosul teria razões para não acordo com a União Europeia
atualizado
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse, nesta segunda-feira (31/3), que o acordo Mercosul-União Europeia não “salta à vista uma grande vantagem para o Mercosul”. Ele defendeu que os europeus olhem a ação não só pelo lado econômico, mas também político.
“Quando você olha, do ponto de vista meramente econômico, não salta à vista uma grande vantagem para o Mercosul. Teve lá salvaguardas, mas se você perguntar para qualquer diplomata brasileiro se lá tem uma vantagem econômica explícita que vai efetivamente representar um salto para a neoindustrialização, você não vai encontrar nenhuma cláusula que garanta isso”, declarou.
A declaração de Haddad foi dada durante a conferência “10 anos depois do Acordo de Paris: governar na era climática”, no anfiteatro Emile Boutmy, em Paris, capital da França.
Giro de Haddad pela França
- A viagem para França é quase uma preparação para a visita de Estado do presidente Lula (PT), programada para junho.
- O ministro deve aproveitar para iniciar um diálogo mais estratégico entre Brasil e França.
- Em Paris, Haddad pretende promover a reforma tributária sobre o consumo e a Aliança Global contra a Fome, além de conversas sobre o Plano de Transformação Ecológica e o mercado de carbono.
Mercosul teria razões para não acordo com UE
O ministro prosseguiu dizendo que, se o Mercosul decidir fazer uma conta “mais mesquinha” sobre o acordo, poderá encontrar uma série de razões “para não fazer, para não agregar, para não somar com a Europa”.
“O Mercosul também, se fizer a conta mais mesquinha, vai encontrar uma série de razões para não fazer, para não agregar, para não somar com a Europa. Mas se fizer uma conta mais ampla, vai ver que, talvez, os líderes que estão de um lado e de outro, defendendo uma aproximação, estejam enxergando um pouco mais longe”, ponderou Haddad.
Ele frisou que: não será possível “chegar a uma conta que vai ser 100% benéfica para um dos lados”, porque isso não seria um acordo. “Seria outra coisa, seria uma imposição de um lado para o outro”, completou.
Para o titular da Fazenda, o objetivo do acordo é “oferecer uma alternativa a um mundo bipolar”. “É procurar não recair. Toda a bipolaridade torna mais fácil o discurso da intolerância”, ressaltou ele.
Ele ainda defendeu que a Europa olhe para o acordo firmado com o Mercosul de uma forma mais política: “A Europa deveria ter um olhar político sobre esse acordo também e não apenas ficar discutindo item por item, onde você vai ganhar e onde você vai perder”.
