Conclave: quantos votos são necessários para definir um novo papa
Para eleger validamente um novo papa, é necessária uma maioria de dois terços dos votos dos eleitores presentes
atualizado
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O conclave, reunião de cardeais que escolherão o próximo papa, acontece nesta quarta-feira (7/ 5). Com a proximidade da votação secreta, algumas dúvidas surgem, como qual é a quantidade de votos necessários para eleger o novo líder da Igreja Católica.
Segundo as regras do Vaticano, para eleger validamente um novo papa, é necessário que o candidato receba uma maioria de dois terços dos votos dos eleitores presentes. Se o número total de eleitores não for divisível por três, será necessário um voto adicional.
Como nesse conclave participarão 133 cardeais, para se tornar o pontífice que sucederá Francisco, o religioso precisará receber 89 votos.
Caso comece na tarde do primeiro dia, haverá apenas uma rodada de votação. Nos dias subsequentes, serão realizadas duas votações pela manhã e duas pela tarde.
Depois que cada contagem de votos é feita, todas as cédulas são queimadas. Se a votação for inconclusiva, uma chaminé posicionada em cima da Capela Sistina emite fumaça preta. Se o papa for eleito, uma fumaça branca sairá da chaminé.
Se os eleitores não chegarem a um acordo sobre um candidato, após três dias de votação inconclusiva, será permitido um intervalo de até um dia para oração, discussão livre entre os eleitores e uma breve exortação espiritual do cardeal protodiácono, Dominique Mamberti.
Cerimônia com novidades
O conclave desta quarta-feira será formado por 133 cardeais com direito a voto, apesar desse número ultraar o limite tradicionalmente estabelecido pela Igreja Católica, de 120. De acordo com esclarecimento divulgado pela Congregação dos Cardeais, a decisão está em conformidade com a legislação canônica e com medidas adotadas pelo próprio papa Francisco.
O questionamento surgiu pois a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, publicada em 1996 pelo papa João Paulo II, definiu que o Colégio de Cardeais eleitores deve ter, no máximo, 120 membros com até 80 anos.
No entanto, o documento também prevê que essa norma pode ser flexibilizada. Com base nesse entendimento, o papa Francisco optou por não se restringir ao número fixado e nomeou cardeais que, ao serem criados oficialmente, aram a ter pleno direito de participar do conclave.
Em nota divulgada no dia 30 de abril pela Sala de Imprensa da Santa Sé, a Congregação dos Cardeais explicou que a superação do limite ocorreu com respaldo da norma 36 da Constituição Apostólica. Segundo o texto, os cardeais que foram nomeados tornaram-se automaticamente eleitores legítimos do novo pontífice, independentemente do número total.
Entre os 133 cardeais votantes, 108 foram nomeados pelo papa Francisco, responsável por ampliar significativamente a representatividade de países fora do eixo tradicional Europa-América do Norte. Ao todo, 22 foram nomeados por Bento XVI e cinco, veteranos de outros conclaves, receberam o título de cardeal durante o pontificado de João Paulo II.
A diversidade entre os eleitores também se expressa em aspectos como idade, origem e filiação religiosa. O cardeal mais jovem é Mikola Bychok, de 45 anos, ucraniano radicado na Austrália, enquanto o mais velho é o espanhol Carlos Osoro Sierra, de 79. O grupo mais numeroso é formado pelos nascidos em 1947, com 13 representantes.
Do ponto de vista espiritual e pastoral, 33 cardeais pertencem a ordens ou congregações religiosas. Os salesianos formam o maior grupo, com cinco membros. Também há representantes dos franciscanos, jesuítas, dominicanos, verbitas, redentoristas, agostinianos, carmelitas descalços, cistercienses, lazaristas, espiritanos, scalabrinianos e missionários.
Cardeais que participarão
Dois cardeais, o bósnio Vinko Puljić e o espanhol Antonio Cañizares, não participarão, por motivos de saúde.