“Bonita demais”: saiba quem é a freira brasileira demitida após carta
A freira brasileira disse que, “dois anos atrás, algumas freiras enviaram uma carta ao papa Francisco” acusando-a de maus-tratos
atualizado
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A brasileira e ex-madre-abadessa do Mosteiro San Giacomo di Veglia, na Itália, Aline Pereira Ghammachi, busca justiça após ser destituída do cargo. Um dos motivos que teriam levado a religiosa a ser afastada do mosteiro onde atuava seria o fato de ela ser “bonita demais”.
Aline Pereira Ghammachi perdeu o cargo de madre-abadessa do Mosteiro San Giacomo di Veglia, na Itália, após ser denunciada por meio de uma carta anônima. A decisão ocorreu logo após a morte do papa Francisco e a eleição do novo pontífice, Leão XIV.
De acordo com a mídia local, Aline causou impacto na Igreja Católica ao se tornar, em 2018, a mais jovem regente de um convento italiano, aos 34 anos. A mãe da freira é de Macapá, no Brasil, onde os pais são donos de um jornal.
Nascida no Amapá e formada em istração de empresas, a irmã Aline foi tradutora de documentos sigilosos, intérprete de eventos, e dedicou a vida à Igreja. Aos 33 anos, em fevereiro de 2018, foi indicada para chefiar o Mosteiro San Giacomo di Veglia.
“Acredito que tenha sido a pedido de frei Mauro Giuseppe Lepori. Ele dizia que eu era bonita demais para ser abadessa, ou mesmo para ser freira. Falava em tom de piada, rindo, mas me expôs ao ridículo”, conta. Uma semana depois, no dia 28 de abril, Aline deixou o Mosteiro San Giacomo di Veglia. No dia seguinte, cinco irmãs fugiram somente com o hábito do corpo e foram até uma delegacia, por não aguentarem a pressão que se criou no local.
Outras freiras e noviças deixaram o mosteiro desde então, resultando na saída de 11 das 22 mulheres que vivam no local desde que Aline se foi. As que ficaram, são mais velhas, acima dos 80 anos.
Maus-tratos
A freira informou a mídia local que, “dois anos atrás, algumas freiras enviaram uma carta ao papa Francisco”, acusando-a de maus-tratos e outras “calúnicas infundadas”.
“Inicialmente, as acusações foram retiradas, graças aos depoimentos de outras freiras e outras intervenções […] Nesse meio tempo, alguns equilíbrios mudaram e, na segunda-feira de Páscoa, fui dispensada”, lamentou Aline.
Quatro freiras a acusaram de maus-tratos, o que levou à demissão no mesmo dia da morte do papa Francisco, neste ano.
A brasileira afirmou que vai buscar orientação em Deus e em advogados antes de decidir os próximos os.: “O que eu digo é que agora rezo para que a verdade venha à tona, pelo amor de Deus e pela missão que desempenhamos”.
“A decisão veio de repente e até agora não vi evidências de minhas deficiências ou falhas”, alegou Aline.
De acordo com o jornal Leggo, cinco freiras fugiram após a demissão de Aline, relatando que o ambiente se tornou inável. “Somos cerca de 10. Saímos e fomos para um lugar seguro e protegido. Alguns de nós fomos à polícia para não criar alarmes e para que eles não viessem nos procurar”, relatou uma das religiosas.
Em comunicado, o mosteiro informou que a ex-abadessa tinha o direito de recorrer do decreto, caso levasse o caso ao Dicastério.
“A ex-abadessa tinha o direito de apelar contra o decreto, indo ao Dicastério. Agora, ela diz que prefere apresentar uma queixa civil, mas não está claro contra quem e por quais motivos, já que tudo foi feito de acordo com a lei da Igreja, que é a única autorizada a regular a vida monástica”, explicou a Aliança Inter Monastérios em 3 de maio.