Produtores comemoram volta de shows e eventos no DF, mas com cautela
Embora as notícias sejam boas para empresários e trabalhadores da cultura, produtores são unânimes ao dizer que clima ainda é de apreensão
atualizado
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O governador Ibaneis Rocha (MDB) anunciou, nesta quinta-feira (3/3), a flexibilização de medidas restritivas contra a Covid-19, incluindo o retorno da exigência do comprovante de vacinação para shows e eventos esportivos na capital federal. A decisão ocorre após o Distrito Federal registrar taxa de transmissão da Covid-19 de 0,66. O índice é o menor desde o início da pandemia.
Amargando prejuízos desde o início da pandemia, em março de 2020, produtores, artistas e demais profissionais da cultura comemoraram a medida, mas são unânimes ao dizer que o clima ainda é de bastante cautela. “Nossa expectativa é a melhor possível”, afirma Bruno Sartório, sócio do Grupo R2.
Responsável por festas como a Surreal, o Na Praia e o Carnaval no Parque, a empresa de Bruno já está se preparando para retomar o calendário. Ele explica que um dos eventos da produtora, adiados por causa da pandemia, já tem 9 mil ingressos vendidos e baixa procura para devolução e cancelamento. “As pessoas estão numa expectativa muito grande de voltar e ir para grandes shows”, celebra.
Para evitarem ser surpreendidos por um novo decreto, ele diz que a empresa acompanha a situação da pandemia diariamente, checando os índices de mortalidade e transmissão. “A gente está sempre alerta”, garante.
Pedro Batista, da Influ Produções, também comemorou a resolução do GDF, mas a considera tardia. “Estamos com muita esperança, mas também com os pés no chão. A gente acha que os eventos já podiam estar liberados, obviamente com restrições e protocolos”, avaliou.
O produtor contabiliza que só no Carnaval de 2021, o prejuízo da Influ chegou a R$ 8 milhões comparado a 2020, último ano em que a folia aconteceu no DF. Para 2022, a expectativa era recuperar pelo menos metade desse valor, o que não foi possível por causa do avanço da variante Ômicrom. “Toda uma cadeia produtiva perdeu: produtoras, prestadores de serviço, artistas, ambulantes…”.
Pedro Batista, da Influ
O próximo evento da Influ, Eu Ouvi Carnaval?, nos dias 11 e 12 de março, foi marcado antes do anúncio do governador Ibaneis. A produtora informou ao público que, caso o entendimento do GDF não mudasse até a data pretendida, os ingressos seriam devolvidos integralmente. Ainda assim, Pedro diz que “muita gente não comprou”, o que ele espera que mude agora.
“Muita gente ainda não comprou pelo próprio trâmite de devolver, caso o evento fosse cancelado. Acho que agora, com a manifestação oficial [do GDF], a gente vai conseguir vender os ingressos com mais facilidade”, diz.
A Oh! Artes, gerida por João Maione, já tem uma série de shows programados para os próximos meses. A agenda inclui os shows de Toquinho e Ivan Lins e o Bela e a Fera In Concert, ambos no dia 12 de março, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, e de Marisa Monte, desmarcado pela cantora e ainda sem data definida. Apesar disso, ele acredita que vai levar tempo para recuperar as perdas dos últimos dois anos.
“O prejuízo é incalculável. Não só dos produtores mas das 6 milhões de pessoas pelo Brasil que dependem do setor de eventos e estão sem receber salário por dois anos. Estima-se que entre 2020 e 2021 deixou de movimentar mais de R$ 300 bilhões. Isso em prejuízo financeiro, né? Sem falar no prejuízo cultural, social”, comenta.
João Maione, da Oh! Artes
“Por isso, falar em recuperar é muito difícil, a gente perdeu dois anos e não tem como voltar. Estamos estimando que só partir do 2º semestre de 2023 as coisas estejam normalizadas para todo setor”, conclui João.