Gil fala sobre última turnê e avalia atual cenário cultural do Brasil
Em entrevista ao Metrópoles, Gil falou sobre sua última turnê, Tempo Rei, que a por Brasília neste sábado (6/7)
atualizado
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Brasília tem um encontro marcado com a história neste sábado (7/6). Aos 82 anos, Gilberto Gil se despede dos grandes palcos com sua última turnê, Tempo Rei, que chega à Arena BRB Mané Garrincha como uma celebração aos mais de 60 anos de carreira de um dos maiores ícones da música popular brasileira.
Em entrevista exclusiva ao Metrópoles durante a agem de som do show, Gil falou sobre o espetáculo, a importância da cultura e os momentos delicados que tem vivido ao lado da filha Preta Gil, que está em tratamento contra um câncer.
O título da turnê não poderia ser outro. Tempo Rei, canção lançada em 1981, atravessa gerações. O artista conta que a escolha do nome surgiu de um diálogo com a equipe e com os fãs e faz todo o sentido dentro da trajetória dele.
“Foi uma escolha coletiva, de todos que trabalham comigo e opiniões que vieram de iradores, fãs. Eu acabei concordando porque esse conceito, esse significado, ou os vários significados da palavra tempo estão muito presentes no meu trabalho. São muitas canções que falam disso. Então, eu achei que aos 60 e tantos anos de carreira, 80 e tantos anos de idade e tudo mais, a palavra tempo acaba justificando o título dessa turnê”, explica o cantor.
“A cultura é ordinária”
Gil reforça ainda o papel essencial da cultura no Brasil, que sempre foi bandeira em sua vida pública. Uma frase dita por ele em 2003, quando ainda era Ministro da Cultura do governo Lula (PT), ressoa até hoje: “A Cultura é ordinária”.
“A cultura é como feijão e arroz. Não pode faltar à mesa, né? Ela faz parte da cesta básica do brasileiro. Começa quando a gente acorda, toma um café, vem o pão de queijo, que é um exemplo extraordinário da nossa cultura culinária. E aí vem tudo da vida… o espírito nas suas várias formas de linguagem. Isso é muito importante.”
Questionado se acredita que a cultura está mais ível hoje do que quando disse essa frase pela primeira vez, há mais de 20 anos, o cantor respondeu com otimismo.
“Os meios de comunicação se desenvolveram. O rádio, o disco, depois a televisão, mais recentemente a internet, as redes sociais. As comunicações ficaram cada vez mais intensas entre as pessoas, os grupos, as tribos. Tudo isso faz com que os elementos culturais circulem com mais força e alcance o tempo todo. Desde as coisas ligadas ao comércio, à venda de produtos culturais, até as festas de rua, o Carnaval, essas coisas que as pessoas desfrutam gratuitamente. Tudo isso cresceu muito no Brasil. A cultura brasileira vai bem, sim.”
Apoio a Preta Gil
Gilberto Gil também vive, nos bastidores da loucura de uma turnê mundial, um tempo de cuidado e dificuldade em família. Uma das filhas do artista, a também cantora Preta Gil, está nos Estados Unidos em busca de um tratamento alternativo contra um câncer no intestino.
“É tanta gente que vem a mim falar da torcida, das orações, do desejo profundo de que ela fique bem. Isso é tão forte que eu acho que ajuda, sim. Essa convergência de espíritos voltados para esse propósito de ajudá-la, de confortá-la, de estar com ela. É um sinal de iração. Muita gente gosta dela”, afirmou.
Gil enfatiza que reconhece em Preta uma figura que, ao longo dos anos, conquistou espaço próprio na música e no “gosto” dos brasileiros e prestou apoio à filha. “Estamos todos na torcida por ela, em oração, ao lado dela o tempo todo”, completou.