Will Smith enfrenta a NFL em “Um Homem Entre Gigantes”
Drama esportivo narra saga de um médico nigeriano que descobre conexão entre casos de suicídio e choques de cabeça sofridos pelos atletas nas partidas
atualizado
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O timing de estreia no Brasil é ótimo para este “Um Homem Entre Gigantes”, um drama de fundo esportivo ambientado no mundo do futebol americano. Os brasileiros estão cada vez mais íntimos da bola oval, basta ver pelo crescente número de times praticantes da modalidade e de espectadores a cada Super Bowl, a grande final da NFL (Liga Nacional de Futebol).
Uma pena, porém, que o filme não consiga elucidar de maneira informativa e envolvente um aspecto grave do esporte: as consequências dos violentos choques de cabeça para os jogadores. Baseado num artigo da revista “GQ”, o longa funciona quase como uma biografia do Dr. Bennet Omalu, um nigeriano radicado nos Estados Unidos vivido por um Will Smith a emular sotaque africano.
Neurologista forense, o médico beira o amadorismo quando o assunto é esporte, apesar de viver em Pittsburgh, cidade que respira football por meio dos Steelers (equipe recordista do Super Bowl, com seis troféus). Ele tem enorme sensibilidade quando faz o que sabe: descobrir, por meio de autópsias, o que levou uma pessoa à morte.
Muito drama, pouca ciência
Ao desconfiar das causas que levaram o atleta Mike Webster (David Morse) à loucura e ao infarto, Omalu encomenda exames detalhados por conta própria. Nota que os constantes golpes de cabeça estão relacionados a lesões no cérebro. Quando olha para o quadro geral, vê que vários outros esportistas mortos na casa dos 40 e 50 anos cometeram suicídio por causa da degeneração cerebral construída ao longo de temporadas inteiras jogando futebol.
A trama soa empolgante o suficiente para manter qualquer espectador vidrado na história. Mas a condução das descobertas de Omalu ganha um tratamento quadrado e superficial do diretor Peter Landesman. É incrível como Hollywood esbarra no dramalhão fácil quando precisa retratar personagens com conhecimento científico – “A Teoria de Tudo” e “Jogo da Imitação” são exemplos ainda piores.
Sobram momentos de iluminação repentina ou discursos motivacionais sobre fé, inspiração e intervenção divina. Omalu é descrito mais como um santo do que um médico brilhante. Toda a premissa teórica e investigativa do filme pode ser resumida em termos tão simples como “caia, mas se levante”. Prema Mutiso (Gugu Mbatha-Raw) surge como a já esperada esposa do marido genial, enquanto médicos coadjuvantes (os ótimos Alec Baldwin e Albert Brooks) apoiam o nigeriano na guerra para convencer a NFL a aceitar os resultados da pesquisa.
“Um Homem Entre Gigantes” não é tão chapa branca quanto parece – há um outro diálogo que trata a liga como uma corporação algo mafiosa –, mas desperdiça uma boa oportunidade de explicar ao público um pouco sobre medicina e ciência do esporte. É pouco para um filme que pretendia abordar a polêmica que assombrou uma paixão (e um negócio) nacional no começo dos anos 2000.
Avaliação: Regular
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