Amamos o terror: gênero conquista brasileiros no cinema, TV e livros
Obras do gênero conseguiram excelentes bilheterias, dominam a audiência e lideram a lista dos mais vendidos das livrarias
atualizado
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Monstros à solta, assassinos seriais sedentos por sangue, espíritos perigosos e vingativos, uma estranha sensação de que tudo está errado. Narrativas desse tipo, as mais marcantes do gênero terror, dominam os cenários literário, cinematográfico e televisivo do Brasil.
Atualmente, obras do gênero estão entre os livros mais vendidos, as melhores arrecadações de bilheteria e os pontos mais altos de audiência em TVs e plataformas de streaming. Até mesmo terrenos mais avessos a essas produções tiveram de se render. Festivais de cinema têm, cada vez mais, abrigado fitas de horror em suas seleções.Para Rafael Lobo, cineasta e pesquisador sobre cinema de terror pela Universidade de Brasília (UnB), o gênero perdeu sua má fama de “tipo menor”. “O grande público começou a reconhecer que esses filmes contemplam críticas sociais relevantes”, afirma.
Sucessos cinematográficos
Neste ano, dois filmes de terror fizeram a cabeça dos brasileiros: “Annabelle 2 – A Criação do Mal” e “It – A Coisa”. O longa da boneca assustadora liderou as bilheterias, superando a ficção científica “Planeta dos Macacos: A guerra” e a cinebiografia brasileira “Bingo: O Rei das Manhãs“.
Já o “It – A Coisa” quebrou recorde, superou “O Exorcista” (1974) e se tornou a maior bilheteria para um filme de horror na história do Brasil. Na TV, o sucesso se repete com séries como “American Horror Story”, “Bates Motel”, inspirada no clássico “Psicose” (1960), e “The Walking Dead” — trama zumbi que se tornou o seriado mais assistido por aqui em 2016.
O gênero também invadiu, com demônios e bonecos aterrorizantes, a Netflix. A empresa, que lançou os originais “Death Note” (2017) e “O Último Capítulo” (2016), fez parceria com produções inspiradas em obras de Stephen King: “O Nevoeiro” e “Jogo Perigoso”, ambos neste ano. Para a próxima sexta (20/10), a plataforma de streaming anuncia a chegada do longa “1922”.
Confira 10 filmes que dão medo, disponíveis na Netflix:
À brasileira
No Brasil, o gênero ganhou novas cores. Os medos e traumas explorados são espelho dos problemas sociais que assolam o país.
Utilizamos nossos medos da atualidade para produzir terror. Por isso, desemprego, violência urbana e relacionamento entre patrão e empregada doméstica, por exemplo, inspiram a ficção
Gabriela Amaral Almeida, diretora de O Animal Cordial
Essa característica catapultou o cinema nacional dedicado ao tema. Após levar o prêmio especial do júri no Festival de Locarno (Suíça), o filme “As Boas Maneiras”, de Juliana Rojas e Marco Dutra, abriu a première do Festival do Rio.
Confira cinco produções nacionais do tipo:
Inspiração internacional
O sucesso de Stephen King ecoa na produção literária nacional. O paulista André Vianco, por exemplo, escreveu livros como “Os Sete” (2000) – que tem o universo vampiro como tema – e vendeu mais de 500 mil exemplares em dez anos de produção.
Jovens autores, com grande apelo de público, também exploram o tema. Por exemplo, o carioca Raphael Montes com “O Vilarejo” (2015), Raquel Koury em “Sensitivos” (2009) e Túlio Siqueira no livro “O Despertar do Anticristo” (2005).