Ensino público do DF teve evasão de 16% no período crítico da pandemia
O TCDF identificou problemas no sistema de controle de frequência dos alunos durante a suspensão das aulas presenciais na capital do país
atualizado
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Ao identificar falhas no controle de frequência dos alunos durante o período de aulas remotas, o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) observou uma taxa de evasão escolar de 16,29% num grupo de escolas públicas brasilienses. Entre 2020 e 2021, ensino a distância foi adotado para conter o avanço da pandemia de Covid-19.
A partir de um questionário eletrônico, os auditores mapearam a frequência de 140.261 matriculados na rede. Destes, 95.053 tiveram o às aulas on-line oferecidas pela Secretaria de Educação. Outros 47.770 receberam material impresso. Os demais, 22.852, não teriam seguido com os estudos, configurando taxa de evasão de 16,29%.
Em outra frente de estudo, o corpo técnico solicitou ao gestores de 15 escolas a lista de participação de estudantes nas atividades remotas. Conforme os dados apresentados, neste recorte, o percentual estimado daqueles em situação de evasão foi de apenas 5,7%. Três vezes inferior na comparação com a mapeada pelo questionário.
“O percentual de 16,29% de alunos com abandono escolar em 2020 é demasiadamente alto”, destacou o TCDF. Segundo o Projeto Permanência Escolar, os índices de evasão no Centro-Oeste variaram entre 4,7% e 6,5%. A taxa descoberta supera às regiões Norte e Nordeste, marcadas pela maior ausência de participação.
No entendimento do corpo técnico, a pesquisa não tem elementos para indicar a taxa de evasão escolar no DF como um todo. No entanto, é um sinal de alerta e demonstra a falta de padronização e falhas no sistema de frequência de alunos durante as aulas em casa.
Além do descomo no controle de frequência, de acordo com os auditores, o número de dispositivos para o das aulas remotas foi abaixo do necessário. Os técnicos perguntaram para 469 gestores de colégios se os alunos tinham recebido aparelhos para conexão. Somente 78 responderam sim.
Menos de 1%
A mesma pergunta foi feita para 6.803 pais de estudantes. Apenas 55 receberam os equipamentos. Ou seja, somente 0,8% acabaram contemplados. O estudo replicou o questionamento para 1.207 professores. Só 20 tiveram apoio com notebook, tablet, celular ou computador.
Os auditores ainda flagraram a baixa utilização e falhas na internet reversa. A solução foi contratada para atender 464.934 estudantes e 34.239 docentes. No entanto, entre setembro de 2020 e junho de 2021, a média mensal de os foi de somente 93 pessoas.
Além disso, a auditoria constatou que matriculados em escolas localizadas em regiões de maior vulnerabilidade social tiveram menos o aos conteúdos remotos do que os estudantes das escolas situadas na região central de Brasília.
Distorção
Segundo a Corte de Contas, o sistema adotado pela Secretaria de Educação permitiu a criação de número de contas de o ao ensino remoto superior ao total de alunos matriculados. Em maio de 2021, a rede pública tinha 517.459 perfis, mas o total de alunos matriculados era de 465.202.
Analisando a participação de 83.833 estudantes do 3º Ano, 5º Ano e 9º Ano, os auditores se depararam com o registro de 154.139 supostamente frequentes, entre 2020 e 2021.
A análise sobre a frequência, evasão e o dos alunos e professores integra uma vasta auditoria do TCDF sobre a condução das escolas públicas durante a pandemia de Covid-19. Vários problemas foram achados a exemplo de ônibus utilizados para o transporte dos alunos que não cumpriam os parâmetros de segurança sanitária recomendados para o controle da pandemia.
Segundo o presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do DF (Aspa-DF), Alexandre Veloso, na prática, houve uma alta taxa de abandono dos alunos durante a suspensão das aulas presenciais.
“O aluno não tinha controle de frequência. As atividades ficaram de uma forma que o estudante só reprova se não entregasse nada. E ainda havia a orientação de não reprovar ninguém”, explicou.
Para Veloso, o alerta do TCDF reforça a necessidade de programas a fim de recuperar os alunos evadidos, tanto do ponto de vista pedagógico quanto emocional. “O mais importante é a recuperação. É preciso buscar o retorno e a aprendizagem dos conteúdos que não foram consolidados. O que esta sendo feito e o que será para que ninguém fique para trás?” questionou.
Ainda na avaliação do presidente da Aspa-DF, os dados da pesquisa precisam ser depurados a fim de separar os casos de evasão dos de abandono. “Evasão é o ato deixar de frequentar as aulas, onde não se vive o ambiente escolar. O abandono é quando não faz a matrícula ou rematrícula. São conceitos diferentes”, ponderou.
O conselheiro do TCDF Renato Rainha produziu um relatório a partir da auditoria. O documento foi acolhido por unanimidade pelo plenário da corte. O TCDF determinou que a Secretaria de Educação adote as devidas providências para corrigir os problemas atuais e evitar falhas parecidas em um possível novo período de aulas remotas.
O que diz a Secretaria de Educação
O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Educação sobre a questão. Segundo a pasta, o relatório está em análise e todas as informações serão encaminhadas ao TCDF no prazo estipulado.
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