Após depor, mulher arrastada por carro desabafa: “Só quero esquecer”
A vendedora de balões Marina de Morais, 63 anos, disse não ter sido procurada por casal que estava na Mercedes que a atropelou
atualizado
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Um dia depois de o empresário Willian Weslei Lelis Vieira, 35 anos, e a amiga dele, Larissa Alves de Andrade da Cunha, 28, prestarem depoimento na 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro) e confessarem que estavam na Mercedes que arrastou a vendedora de balões Marina Izidoro de Morais, 63, por cerca de 100 metros, a mulher disse não ter sido procurada pelo casal. Em depoimento, Willian afirmou ter feito uma “brincadeira“, que acabou deixando Dona Marina ferida e traumatizada.
“Estou muito cansada e só quero esquecer. Ontem (terça-feira), estive na DP com o meu advogado e repeti toda a versão conforme tudo aconteceu. Não acredito que tenha sido uma brincadeira nem que eles não tenham percebido o que estavam fazendo”, disse a vendedora de balões, que mora em Taguatinga.
https://youtu.be/DTycHaPTlhI
Ela também relatou que, até o momento, o empresário Willian e a amiga não a procuraram. “Eu não tive absolutamente nenhum contato com eles. Meu advogado também não teve o aos depoimentos. Soubemos que ele teria dito que minimizaria os meus prejuízos pela reportagem, mas não foi feito nenhum contato formal”, garantiu.
O delegado-chefe da 12ª DP, Josué Ribeiro da Silva, diz que as pessoas que presenciaram o caso devem ser ouvidas na tarde desta quarta-feira (19/06/2019). “Nós conseguimos identificar pelo menos oito testemunhas. Quatro delas já foram intimadas e começam a depor hoje. O nosso trabalho consiste em colher detalhes da dinâmica e esperar os laudos das perícias para delinear a conduta. Também já está sob nossa posse imagens da área e vamos pedir uma perícia no local”, ressaltou o investigador.
Prioridade
Ainda segundo Josué, o caso é tratado como prioridade. Os investigadores trabalham para concluir as apurações antes do prazo de 30 dias. “Queremos que esse inquérito já saia da nossa delegacia encerrado. Vamos fazer todo o esforço necessário para colher as informações que complementam o caso a fim de conseguir fechar esse quebra-cabeça. Ainda é cedo para dizer em que tipificação de crime vai ser enquadrado. Vamos entregar todo o material já concluído ao Ministério Público e Poder Judiciário”, pontuou.
O depoimento de Willian ocorreu nessa terça-feira (18/06/2019). Durou cerca de duas horas. Segundo o delegado Paulo Henrique de Almeida, o empresário contou que ou pelo local onde estava Dona Marina, em Taguatinga Sul, na noite de sábado (15/06/2019) e pretendia seguir para uma festa de família. O casal teria parado em frente ao evento para comprar os balões para os sobrinhos de Larissa.
O motorista relatou que a jovem tinha apenas R$ 25 e estava negociando o valor com Dona Marina, quando outros carros atrás dele começaram a buzinar para destravar o trânsito. Teria sido nesse momento, conforme afirmou à polícia, que Willian, após pedir para Larissa puxar os balões, arrancou com o carro. Segundo o empresário, ele não percebeu que estava arrastando a mulher. Disse ter ouvido mais buzinas, porém pensou que ainda eram os outros motoristas pedindo agem.
Durante a oitiva, Larissa comentou que recebeu a proposta de brincadeira e aceitou puxar os balões. Após fechar o vidro, comentou que os itens estavam muito pesados. “Ele falou que já poderia soltar, abriu o vidro, e ela largou as cordas. Eles foram embora, segundo a amiga contou, sem perceber que tinha alguém sendo arrastado pelo carro”, disse o delegado.
Willian falou que abriu o vidro do carro 30 metros depois e não percebeu que estava puxando alguém. Apenas depois de reportagens divulgadas concluiu que se tratava do episódio de sábado (15/06/2019). O motorista informou que não havia ingerido bebida alcoólica.
Advogado de William, Leonaldo Correia de Brito disse que não dará mais informações sobre o caso. “Meu cliente já compareceu, não se furtará às ordens judiciais e vai colaborar com o que for solicitado. Não sabemos ainda por qual crime será indiciado”, frisou.
Questionado sobre a demora para que o acusado se entregasse, Brito alegou que Willian “estava apreensivo com a repercussão do caso”. “É orientação da própria defesa que ele colabore. Orientamos que se apresentasse e ele está à disposição.”
O caso ocorreu na noite de sábado (15/06/2019), na Área Especial 1, em frente ao colégio Marista, Taguatinga Sul. A mulher disse que está traumatizada e acredita ter nascido de novo. “Não está doendo nada, só ardendo. Eles me arrastaram e a minha minha cabeça ficou presa entre as rodas do carro. Pensei que fosse morrer”, frisou, enquanto recebia atendimento do Corpo de Bombeiros.
Assista ao vídeo:
A vítima relatou que trabalhava no local quando o motorista do Mercedes-Benz se aproximou dela e pediu três balões. Enquanto a vendedora separava os itens solicitados, a ageira, no banco do carona, pediu um desconto. Como Marina se recusou a vender o produto mais barato, a mulher puxou os balões da mão da idosa e fechou o vidro. Nesse momento, o condutor do carro arrancou em alta velocidade.
Os balões estavam amarrados ao braço de Marina e ela acabou sendo arrastada pelo carro. Somente parou quando as bexigas se soltaram. O condutor do veículo usava uma camisa do Flamengo, segundo a mulher.
Testemunhas contaram que, após a ação, o motorista do carro de luxo, adquirido por R$ 220 mil em dezembro de 2018, fugiu da cena do crime. A vendedora foi socorrida pelo CBMDF e encaminhada para o Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Ela sofreu diversas escoriações pelo corpo.