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A educação brasileira enfrenta um cenário de constante transformação ocasionado pelas novas frentes tecnológicas acompanhadas da necessidade de uma formação inclusiva, personalizada, adaptada, disruptiva e diversificada. Dessa forma, reunir profissionais da área para debater o futuro do setor se torna cada vez mais emergente, uma vez que a tecnologia tem aberto formas de ensino em contextos distintos.
Com o objetivo de debater o futuro do ensino e compartilhar iniciativas transformadoras, o Metrópoles reuniu grandes nomes da educação e tecnologia no encontro “Educação do amanhã 2024“.
“Como o mundo era quando vocês estavam na escola">
Em seguida, rememorou que na época dela não existia celular. “O mundo mudou totalmente, bem como o consumo e o comportamento, mas será que a escola mudou o suficiente para acompanhar tudo o que estamos vivendo no tempo de hoje?”, perguntou ela, afirmando que o estudante precisa estar no centro do processo e que é necessário dar voz às crianças.
“Hoje no mercado de trabalho a coisa mais importante é ser criativo com soluções diferenciadas para um determinado problema”, garantiu ela, explicando que não existe inovação se não se permite errar.
Inteligência artificial
No primeiro , Lucia Dellagnelo, doutora em Educação e Desenvolvimento Humano pela Universidade de Harvard; Ricardo Wagner, ex-diretor da copilot da Microsoft e especialista em Inteligência Artificial; e Raquel Nazario, diretora da Maple Bear Asa Norte, discutiram sobre os riscos na integração de tecnologias e como a inteligência artificial afeta setores como a educação e o desenvolvimento profissional.
“Ainda não sabemos ao certo. Existem alguns conhecimentos que precisam ser desenvolvidos, mas tem um consenso nessa discussão que está sendo estudada pelas organizações internacionais como a adaptabilidade, ou seja, é você ser capaz de aprender, desaprender e reaprender frente a novos contextos”, explicou a doutora em Educação e Desenvolvimento Humano pela Universidade de Harvard sobre as habilidades e competências necessárias às novas gerações.
Essa capacidade de desaprender diante de fatos novos não é algo simples, mas é necessário desenvolver novas competências e ter pensamento crítico diante da realidade vista no momento. “Os estudantes precisam começar a questionar o que está sendo dito e que a única maneira de saber se algo está certo ou não é se basear nas evidências e na fonte”, frisou.
Na avaliação de Ricardo Wagner, uma das coisas que ele desaprendeu na carreira como economista foi perceber que na era digital o conceito de média não existe. “Quem atua na era digital, principalmente no setor de educação, não deveria usar média, mas sim o extremo. Acredito que na educação precisamos acabar com acomodação, adaptando a escola para que todos possam participar. O problema não é o cego, mas a deficiência das ferramentas que não têm a inclusão necessária.”
Para Raquel Nazario, é preciso empoderar os jovens, pois são eles que trazem as verdadeiras mudanças. “Quando pensamos numa educação mais completa para essa nova geração, é necessário trabalhar em cima de projetos, aprendendo a resolver problemas.”
A diretora da Maple Bear Asa norte contou que dentro da sala de aula, o professor precisa ser muito mais mediador do que detentor do saber, promovendo um espaço onde será desenvolvido o trabalho em equipe, a colaboração e a criatividade, premissa importante dentro de um mundo que está em transformação.
“Nos próximos cinco anos teremos mais mudanças do que nos últimos 30. A educação sempre andou preparando as pessoas para o mercado de trabalho. E nós estamos preparando a juventude para qual mercado se estamos em constante transformação?”
Raquel Nazario, diretora da Maple Bear Asa Norte
Para complementar a fala de Raquel Nazario, Ricardo Wagner abordou que, dentro do mercado de trabalho, as pessoas deixam de colaborar por medo de errar, mas que a IA pode ser uma grande aliada durante a preparação.
Entre os conselhos do especialista está o de pensar junto com a Inteligência Artificial. “O ganho de tempo é incrível e naturalmente quando se faz a pergunta de forma adequada para a tecnologia e tem um objetivo claro e estruturado, muito provável que você tenha uma boa resposta”, certificou.
Questionados, os especialistas elegeram uma única habilidade essencial para o futuro. Wagner escolheu a empatia, pois vindo da indústria de tecnologia, pessoas criam coisas para resolver problemas sem olhar os extremos e para o outro, enquanto Raquel Nazario prezou pela adaptabilidade com o conceito de estar sempre aprendendo.
Lucia Dellagnelo elegeu a sabedoria. “Buscar outras opiniões, estudar e procurar as melhores decisões para saber qual o caminho certo a seguir. A tecnologia é uma ferramenta de aprendizagem que deveria fazer parte da base do currículo para que todos possam entender o que é um algoritmo, por exemplo.”
Métodos educacionais
Um dos métodos educacionais citados pelos especialistas foi a importância da diversidade na leitura.
“A leitura pode te levar para vários lugares, uma vez que o livro traz uma riqueza enorme dentro da parte acadêmica, pois temos a possibilidade de trabalhar língua portuguesa e matemática dentro do contexto em que o livro foi escrito”, ressaltou Raquel Nazario.
Lúcia Dellagnelo revelou que a tecnologia na educação tem mais fracassos do que casos bons. Contudo, a especialista afirma que algo que pode mudar essa vertente para professores e alunos é tentar desenhar sobre qual assunto deseja aprender. “No entanto, a tecnologia é vista por grande parte dos professores como um trabalho a mais e, na verdade, pode ser algo a otimizar, justamente por permitir que o docente faça um planejamento de aula, por exemplo”.
O Educação do Amanhã 2024 é uma iniciativa do Metrópoles, com oferecimento da Maple Bear e da ONE School, e apoio do Ciman, La Salle Águas Claras e Sesc-DF.
Veja o evento completo: