PRF aprova agente em estágio probatório após jovem ser baleada no Rio
Camila Bueno foi inicialmente afastada por 30 dias; ela e outros dois PRFs atiraram contra carro em que estava Juliana Rangel
atualizado
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A Polícia Rodoviária Federal (PRF) aprovou uma agente que estava em estágio probatório, mesmo após ela se envolver na abordagem policial que terminou com um tiro de fuzil na nuca de Juliana Leite Rangel (foto em destaque), 26 anos, na véspera de Natal do ano ado, no Rio de Janeiro. A vítima foi internada em estado gravíssimo e ainda se recupera da perfuração no crânio.
Documentos obtidos pela coluna mostram que Camila de Cássia Silva Bueno, de 38 anos, teve o estágio probatório homologado no último dia 16 de janeiro. Na prática, ela ganha estabilidade no serviço público. Camila havia sido nomeada para o cargo em 27 de dezembro de 2021.

O período de duração do estágio probatório são de 36 meses, ou seja, três anos. Nesse meio-tempo, o servidor entra num período de “teste”, antes de ganhar a estabilidade no serviço público, ando por avaliações periódicas, em que são analisadas algumas competências, como disciplina, produtividade, responsabilidade, entre outros.
A chefia imediata ao servidor em estágio probatório produz relatório de desempenho e parecer sobre o subordinado. Caso seja reprovada, ela é exonerada. Não foi o que aconteceu com a agente da PRF.
Camila, juntamente com outros dois colegas envolvidos no caso, Leandro Ramos da Silva e Fábio Pereira Pontes, foram inicialmente afastados no dia 27 de dezembro, por 30 dias, pelo superientende da PRF no Rio de Janeiro, Vitor Almada da Costa. Em depoimento, os três itiram ter disparado contra o veículo da família de Juliana.

Atualmente, Camila, Fábio e Leandro exercem funções istrativas. Eles seguem afastados das ruas e de atividades operacionais por tempo indeterminado.
Procurada, a PRF alegou que o período de avaliação do estágio probatório de Camila Bueno “foi concluído em data anterior ao dia da ocorrência”. A agente foi nomeada no dia 27 de dezembro de 2021, e a operação ocorreu em 24 de dezembro de 2024.
A corporação se recusou a informar quem era o chefe imediato de Camila durante o estágio probatório.
Questionada se houve instauração de Sindicância ou Processo istrativo Disciplinar sobre os três PRFs envolvidos no caso, a corporação informou que não divulga informações “sobre servidores e procedimentos internos sigilosos”.
A coluna apurou que Camila Bueno e Fábio Pontes também foram designados no último dia 27 de janeiro como membros relatores da Comissão de Análise de Defesa de Autuação (Cada) da Superintendência de PRF no Rio. Na nova função burocrática, ela irá avaliar contestações de autos de infrações e penalidades aplicadas por colegas a infratores.
PRFs reprovados
Conforme a coluna revelou nessa quarta-feira (5/2), os outros dois agentes envolvidos no caso chegaram ser reprovados no Curso de Formação de Instrutores de 2023 da PRF. Fábio Pontes foi considerado inapto após não alcançar nota suficiente na etapa técnica da disciplina de Armamento, Munição e Tiro (AMT).
Já Leandro Ramos tentou ser instrutor da PRF, mas foi eliminado do processo seletivo do CIF de 2023 após ser reprovado na disciplina “Aspectos Legais dos Procedimentos Policial”.
O curso visa capacitar agentes da corporação para que eles possam treinar os colegas PRFs calouros, ou seja, servidores recém-nomeados para os cargos.