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Há uma parte do Brasil que continua confundindo racismo com má educação, e privilégio com mérito. Mas o que essa semana nos mostrou, mais uma vez, é que o problema nunca foi a ausência de capacidade — foi a ausência de reconhecimento. A mulher negra barrada é uma ministra do TSE. A mulher branca presa fingia ser médica. Ambas estavam em cena. Mas só uma teve que provar que merecia estar ali. A pergunta que fica é simples, mas profunda: quem você escolhe acreditar? 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A quem é dado o benefício da dúvida?

A ministra Vera Lúcia Santana Araújo foi alvo de racismo enquanto a falsa médica Sophia Almeida atuou por anos sem responder questionamentos

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Imagem colorida mostra a ministra Vera Lúcia - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra a ministra Vera Lúcia - Metrópoles - Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE

Ela chegou cedo. Como de costume. Postura firme, os decididos — desses que denunciam quem sabe que não está ali por acaso. O evento era formal. E ela fazia parte da programação como palestrante. Não estava ali como plateia, muito menos de favor. Era uma das vozes principais. Mas bastou se apresentar, na portaria, para que fosse interrompida pela dúvida. “Está na lista?”, “Tem credencial?”, “Tem certeza que é palestrante?”.

Ela explicou. Nome, cargo, função – “Eu sou Ministra do TSE”. Nada convenceu, não acreditaram. Debocharam. Nem o tom da voz, nem o vocabulário técnico, nem o tempo que ou esperando que alguém, qualquer um, a reconhecesse como autoridade. Foi barrada.

A 2 mil quilômetros dali outra mulher também ocupava um lugar de autoridade. Usava jaleco, atendia em clínicas, receitava tratamentos para crianças gravemente doentes. Apresentava-se como médica. Alegava parentesco com político influente. Ninguém questionava. Ela falava — e o mundo acreditava. Durante anos, cuidou de pessoas frágeis com conhecimento falso. Era uma farsa, mas ninguém viu. Porque ninguém procurou. Porque ninguém suspeitou. Sim, ela falava que era médica especialista em cardiopatia infantil. Dava aulas em faculdades como “professora convidada” e era representante de um congresso de neurocirurgia. Tudo farsa.

O país é o mesmo. A semana é a mesma. Mas o olhar com que se mede uma mulher e outra é radicalmente diferente. Uma teve sua palavra desmentida na porta. A outra teve sua mentira reverenciada por anos. A ministra é uma mulher negra, a Excelentíssima Senhora Ministra Vera Lúcia Santana Araújo. A falsa médica, uma mulher branca, a indiciada por falsidade ideológica, charlatanismo e estelionato contra vulnerável Sophia Livas de Morais Almeida.

É assim que opera o racismo: não como espetáculo escancarado, mas como algoritmo invisível que determina quem tem o direito de ser acreditado antes mesmo de dizer uma palavra. É uma engrenagem silenciosa que associa competência à branquitude e dúvida à negritude. Que transforma biografias em suspeita e farsas em autoridade.

Privilégio branco não é apenas herança ou sobrenome. É o poder de ser presumido como legítimo. É a liberdade de errar sem ser punido. É o silêncio que te protege, a confiança que te é dada, a credibilidade que te antecede. E, o mais grave, é o sistema inteiro trabalhando para que você nem perceba que está sendo beneficiado.

Quantas vezes você já se sentiu no direito de perguntar se um médico negro era mesmo formado? Quantas vezes você precisou “ver para crer” diante de uma professora negra? Agora diga com sinceridade: quantas vezes você duvidou de alguém branco?

Há uma parte do Brasil que continua confundindo racismo com má educação, e privilégio com mérito. Mas o que essa semana nos mostrou, mais uma vez, é que o problema nunca foi a ausência de capacidade — foi a ausência de reconhecimento.

A mulher negra barrada é uma ministra do TSE.

A mulher branca presa fingia ser médica.

Ambas estavam em cena. Mas só uma teve que provar que merecia estar ali.

A pergunta que fica é simples, mas profunda: quem você escolhe acreditar?

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