Homem preso com Oruam integra o CV e foi flagrado em escutas
Homem preso na casa do rapper Oruam nesta quarta-feira (26/2) é acusado de organização criminosa e estava foragido da Justiça
atualizado
Compartilhar notícia

Em operação realizada na manhã desta quarta-feira (26/2), no Rio de Janeiro, a Delegacia de Repressão a Entorpecentes prendeu Yuri Pereira Gonçalves, conhecido como “Pará”, procurado por integrar organização criminosa. Yuri foi localizado na casa do rapper Oruam durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça contra o artista e sua mãe, Márcia Nepomuceno.
A coluna teve o a investigações que apontam ligação de “Pará”, que estava foragido, com o Comando Vermelho (CV), facção liderada pelo pai de Oruam, Marcinho VP. Yuri Cordeiro, de 25 anos, é natural de Belford Roxo (RJ). Ele responde na 1ª Vara Cível Especializada de Combate ao Crime Organizado do Rio de Janeiro pelos crimes previstos no artigo 2º da Lei 12.850/13: “Promoção, financiamento ou integração de organização criminosa”.
No processo, Yuri e outras 41 pessoas ligadas ao Comando Vermelho são acusadas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) de “roubo majorado, pelo concurso de pessoas e emprego de arma de fogo, extorsão, bem como o delito de receptação, inclusive na forma qualificada, em diversos bairros da região metropolitana”.
O grupo foi identificado com o auxílio de escutas telefônicas autorizadas pela 38ª Vara Criminal da Capital. A especialidade da organização era a extorsão de donos de aparelhos celulares roubados pelo bando, um golpe conhecido como “phishing”.
“Os criminosos aguardam até a vítima reativar sua linha telefônica e, então, enviam-lhe uma mensagem informando que o aparelho foi recuperado (isca). No referido comunicado, é exibido um link que direciona o usuário para uma página falsa do iCloud, solicitando que forneça seu e senha de o”, afirmou o Ministério Público.
“Em poder de tais dados, os transgressores conseguem realizar o desbloqueio dos aparelhos subtraídos, permitindo, assim, que possam ser comercializados para outros usuários. Na hipótese de as vítimas perceberem o golpe e não arem o referido link, os integrantes da organização criminosa am a enviar mensagens em tom ameaçador, via aplicativo de mensagens ou e-mail, exibindo fotografias de armas com os seus nomes, além de dados pessoais, como endereço e nomes de familiares das vítimas, exigindo o desbloqueio do aparelho”, diz a denúncia.
Com a quebra de sigilo de dados do WhatsApp, as autoridades conseguiram identificar vários grupos de comercialização e desbloqueio de celulares roubados, “sendo possível obter os terminais utilizados por outros participantes desses grupos e, assim, dar continuidade às investigações”.
“Os criminosos atuavam em diversas frentes, formando núcleos voltados à prática de roubos, extorsão e receptação, destacando-se os de Duque de Caxias, Calçadão de Bangu e Central do Brasil”, observa o Ministério Público.
Na segunda-feira (24/2), o processo foi encaminhado para a conclusão do juiz Guilherme Schilling Pollo Duarte.
Escutas telefônicas
Yuri Gonçalves foi flagrado pelas escutas telefônicas em contato com outro investigado, Diogo Ricardo Souza de Oliveira, o “Puff”. Segundo o MPRJ, o amigo de Oruam integrava o núcleo da organização que atuava em Duque de Caxias (RJ). Em um dos contatos com Oliveira, Yuri disse ter dois iPhones para vender.
Yuri: “Tá onde, tu? Tô com dois iPhones aqui, nós tá tudo de iPhone.”
Diogo: “Tô aqui no Santuário, brota no Orelha. Na Rua do Truca.”
Mais adiante, em outra ligação, o comparsa pergunta pelos celulares.
Diogo: “Cadê os iPhones, mano?”
Yuri: “Já dei a Kátia aí, cara!”
Em outro momento, Yuri comenta com Diogo sobre uma aliança, fruto de outro roubo.
Yuri: “Coé, Puff, tá aí no Santuário?”
Diogo: “Tô aqui, qual foi?”
Yuri: “Vocês já venderam a aliança?”
Diogo: “Já foi vendida.”
A prisão de Yuri e Oruam
A casa de Oruam, onde Yuri foi preso, fica no bairro do Juá, na zona leste do Rio de Janeiro. O rapper também foi detido na operação, após a identificação do integrante do Comando Vermelho no local. Na residência, a Polícia Civil apreendeu uma pistola 9 mm, armamento de airsoft e simulacros de armas de fogo. Uma perícia deverá apontar se a pistola tem relação com o disparo ocorrido em São Paulo.