“Vingança por feitiço”: dupla que matou pajé a pauladas é presa
À polícia, os autores do crime, que ocorreu em 2023, alegaram que o líder religioso havia lançado feitiços na aldeia a qual eles pertencem
atualizado
Compartilhar notícia

A Polícia Civil do Acre prendeu o segundo suspeito de ter assassinado o pajé indígena Hurui Kulina, 49 anos, com golpes de ripa. O suspeito, Beda Kulina, foi capturado na última quinta-feira (22/5). O crime ocorreu em 2023.
A prisão de Beda ocorreu dois dias após a detenção do primeiro suspeito, capturado na última terça-feira (20/5). Ambos são indígenas da etnia Kulina e, segundo a autoridade policial responsável pelo caso, relataram que cometeram o crime motivados por crenças tradicionais da etnia.
Em seus depoimentos, os investigados alegaram que a vítima estaria lançando feitiços contra a aldeia a qual pertencem. A fúria aumentou pois o alvo principal seria o pai de um dos agressores, que se encontra em estado grave de saúde, debilitado por conta do que os indígenas chamam, em sua língua, de “durin”, um tipo de encantamento ou maldição.
“O caso ganhou repercussão por envolver um líder espiritual indígena e por levantar discussões sobre conflitos internos motivados por crenças tradicionais e justiça pelas próprias mãos. A Polícia Civil reforça que, mesmo diante de elementos culturais, crimes como homicídio serão rigorosamente investigados e punidos conforme a legislação brasileira”, disse o delegado responsável pelo caso, Thiago Parente.
Com a prisão dos dois envolvidos, a polícia civil encerra a fase principal das investigações, que agora seguem para a conclusão do inquérito e envio ao Ministério Público para as devidas providências legais.
Fuga
Desde o ocorrido, os suspeitos vinham se escondendo em aldeias localizadas na região de Santa Rosa do Purus, dificultando o trabalho da polícia.
Com base em informações apuradas e em um trabalho estratégico de inteligência, os policiais conseguiram identificar o exato momento em que um dos suspeitos transitava por Manoel Urbano, município do Acre, e então o prenderam.