“Graças a Deus”, diz mulher ao ganhar terreno de alvo da Overclean
A PF descobriu que as empresas envolvidas aram por diversas mudanças societárias para ocultar os verdadeiros donos
atualizado
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A Operação Overclean, conduzida pela Polícia Federal, revelou um gigantesco esquema de fraudes em licitações e desvio de recursos públicos, movimentando cerca de R$ 1,4 bilhão através de contratos com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) na Bahia. Mas um detalhe chamou atenção entre as provas coletadas: uma conversa interceptada entre Clebson Cruz de Oliveira e sua esposa, identificada apenas como Patrícia, em que ela comemora com um “Glória a Deus” o recebimento de um terreno.
Clebson, que chegou a ser preso, é apontado pela PF como comparsa de Fábio Rezende Parente e Alex Rezende Parente, considerados os líderes da fraude. Ele já foi sócio dos irmãos em algumas empresas e trabalhava diretamente em negócios ligados ao grupo.
Na conversa interceptada, Clebson conta para Patrícia que recebeu um terreno e R$ 10 mil de Alex. Ele chega a perguntar como poderia pagar pelo imóvel, mas Alex responde:
“Primeiro ajeite lá como você vai fazer na sua terra, depois a gente conversa.”
Diante da resposta, Patrícia rebate, demonstrando que sabia da importância do marido para o esquema:
“Deixe de ser besta! O tanto que você faz por ele. Esse negócio desse emprego aí.”
Para a Polícia Federal, o diálogo sugere que os benefícios eram uma forma de manter o compromisso e a fidelidade dos envolvidos na fraude. No final da conversa, Patrícia comemora: “Glória a Deus!”
Lavagem de Dinheiro
A Operação Overclean apontou que as empresas envolvidas aram por diversas mudanças societárias para ocultar os verdadeiros donos e facilitar as fraudes. A principal delas, a Allpha Pavimentações e Serviços de Construções Ltda, teve Clebson como sócio por um tempo, antes de ser oficialmente controlada pelos irmãos Parente.
Essas mudanças foram planejadas para dar a aparência de legalidade às empresas, permitindo que elas ganhassem contratos milionários sem levantar suspeitas.
Com o avanço das investigações, diversos envolvidos já foram presos, e bens adquiridos com dinheiro ilícito estão sendo bloqueados. A Polícia Federal continua apurando o esquema para recuperar valores desviados e punir os responsáveis.