Benjamin Netanyahu é grande inimigo de Israel
Um grande inimigo de Israel, hoje, é o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Ele não tem interesse pessoal em um cessar-fogo em Gaza
atualizado
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Um grande inimigo de Israel, hoje, é o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Para continuar no poder e manter suspensos os processos criminais por corrupção nos quais foi denunciado, ele não tem o menor interesse em um acordo de cessar-fogo permanente em Gaza. Um acordo que desse fim às hostilidades criaria condição para que os 20 reféns israelenses ainda vivos fossem devolvidos logo às suas famílias.
A realidade está aí para desmentir o belicismo oportunista do primeiro-ministro. Depois de mais de um ano e meio de guerra, a capacidade militar do Hamas foi reduzida a praticamente zero. Os seus aliados externos também sofreram golpes severos e já não podem suprir os terroristas palestinos com armas e dinheiro.
Israel infligiu perdas pesadas aos libaneses do Hezbollah e mostrou ao regime dos aiatolás, às voltas com rebeliões internas, que o território iraniano está inteiramente ao alcance da sua força aérea. Os houthis do Iêmen, por sua vez, foram contidos pelos americanos.
A ameaça síria também se dissolveu neste momento. Depois da queda de Bashar al-Assad, amigo do Hezbollah, os fundamentalistas que estão no poder em Damasco, inconfiáveis na sua súbita conversão à democracia, já não podem contar com boa parte da infraestrutura militar do antigo regime, destruída antecipadamente pelos israelenses.
O que faz, no entanto, Benjamin Netanyahu? Diz que vai ocupar permanentemente uma boa porção do território palestino que o exército de Israel transformou em ruínas. É uma ideia insana que só agrada à franja radical ortodoxa que faz parte da sua base de governo — a franja que ganhou, agora, mais 22 assentamentos ilegais na Cisjordânia.
Ao colocar as suas conveniências pessoais e políticas acima dos interesses nacionais de Israel, o primeiro-ministro corrói o apoio de aliados históricos, como Estados Unidos e Alemanha, que não querem ser associados à matança de palestinos, pela força das armas ou pelas dores da fome, sem qualquer sentido do ponto de vista militar. Matança que fortalece a mentira — antissemita— de que Israel perpetra um genocídio em Gaza.
Israel precisa se livrar de Benjamin Netanyahu, é questão urgente, antes que ele transforme Gaza em um atoleiro para a juventude israelense e a Cisjordânia em celeiro de terroristas para o Hamas, mais do que já é. Antes que se torne impossível aos amigos de Israel continuar apoiando o país com a firmeza de quem o vê como farol da democracia em meio à escuridão do Oriente Médio. A escuridão que produziu o massacre de 7 de outubro de 2023.
Ao fim e ao cabo, não se pode esperar racionalidade do Hamas, mas se deve exigir racionalidade de Israel.
PS: De acordo com o Haaretz, Benjamin Netanyahu disse às famílias dos reféns que aceitará a nova trégua proposta pelo governo americano. O Hama afirmou que está estudando o plano que lhe foi apresentado pelo enviado de Washington. Se ambas as partes concordarem, 10 reféns vivos e 18 corpos de israelenses capturados no 7 de outubro seriam trocados por um cessar-fogo de 60 dias.