Oscar 2025: saiba curiosidades dos filmes indicados a Melhor Figurino
Neste domingo (2/3), a mais aguardada premiação de cinema no mundo revelará qual figurinista leva o Oscar, entre os 5 longas concorrentes
atualizado
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A cada edição do Oscar, uma das categorias mais aguardadas pelos entusiastas da moda é a de Melhor Figurino. Neste ano, disputam o troféu os figurinistas de Wicked: Parte 1, Nosferatu, Conclave, Gladiador II e Um Completo Desconhecido. Abaixo, a coluna conta quem esteve à frente do setor de figurino dos longas e detalha curiosidades sobre cada uma das produções, com enredos e estéticas bem diferentes.
Antes, vem saber alguns detalhes importantes:
- Quem leva o troféu de Melhor Figurino é o artista que dirige o departamento responsável pelas roupas, órios e calçados dos personagens. O figurinista, ou “costume designer”, em inglês.
- Introduzida em 1948, a categoria já foi dividida entre filmes em preto e branco e filmes coloridos. A divisão deixou de valer a partir de 1968, e teve uma pausa nas edições de 1957 e 1958.
- No Oscar 2024, a designer britânica Holly Waddington (de Ginger & Rosa e Lady Macbeth) ganhou seu primeiro troféu pelo trabalho em Pobres Criaturas (veja o discurso dela no vídeo abaixo). O longa de Yorgos Lanthimos disputou com Barbie, Oppenheimer, Napoleão e Assassinos da Lua das Flores.
- Recentemente, no Bafta, considerado o “Oscar britânico”, o prêmio de Melhor Figurino ficou com Wicked.
- Tradicionalmente, as produções de época costumam ser as favoritas dos votantes da Academia para essa categoria.
Wicked: Parte 1, por Paul Tazewell
O figurino de Wicked: Parte 1 (dir. Jon M. Chu), inspirado no primeiro ato do famoso musical da Broadway de mesmo nome, leva do premiado Paul Tazewell, vencedor do Tony e do Emmy, e indicado ao Oscar por Amor, Sublime Amor. Ao longo de dois anos, ele comandou a criação de mais de mil peças para o filme, com inspirações visuais do Mágico de Oz 1939, do próprio musical e do livro de Gregory Maguire. O designer também cuidou para que tudo parecesse atemporal.
O trabalho estético é ainda mais evidente no contraste dos visuais das protagonistas, interpretadas por Cynthia Erivo e Ariana Grande. Os trajes de Elphaba (Cynthia), sempre na cor preta, apresentam silhuetas sóbrias e plissados assimétricos inspirados em guelras de cogumelo, enquanto o universo cor-de-rosa de Glinda (Ariana) surge com cortes arredondados e tons suaves que remetem à espiral de Fibonacci. Isso inclui o “vestido de bolha”, estruturado de uma forma que reflete a delicadeza da personagem.



Conclave, por Lisy Christl
O catolicismo, ao longo da história, carrega conexões com a arte e a estética. Em Conclave (dir. Edward Berger), Lisy Christl traduz isso nos figurinos, após uma pesquisa que levou quase um ano. O filme tem vestes imponentes e extremamente detalhadas, crucifixos e uma presença forte da cor vermelha. O tom escolhido foi propositalmente mais frio do que as roupas dos cardeais na vida real, pois Christl achou que ficaria cansativo ver um tom mais vibrante nas telas.
Em relação aos shapes, parte da inspiração veio da coleção primavera 2020 da Balenciaga. Como as roupas são similares para a maioria do elenco, uma forma que a figurinista encontrou de diferenciar as personalidades foi pelos órios, como os óculos.
As cruzes são douradas para os cardeais mais conservadores e prateadas para os mais liberais, como o protagonista, Thomas Lawrence (Ralph Fiennes), segundo Christl. As de madeira, também usadas na vida real, foram dispensadas para o filme porque ela considerou que não ficariam tão impactantes nas imagens.



Gladiador II, por Janty Yates e David Crossman
Janty Yates, que assina o figurino de Gladiador II junto com David Crossman, ganhou um Oscar pelo trabalho feito no primeiro filme, de 2000. Ela é colaboradora de longa data do diretor Ridley Scott. Para a sequência, a dupla supervisionou a criação de mais de 2 mil figurinos. Entre eles, túnicas, togas e armaduras para personagens como os de Paul Mescal (Lucius), Pedro Pascal (General Acacius), Denzel Washington (Macrinus) e Connie Nielsen (Lucilla). A estética da Roma Antiga e pinturas do século 19 foram a grande fonte de inspiração.
Os figurinistas não seguiram a precisão histórica de forma estrita (o filme se a em 200 a.C.), mas acrescentaram aos visuais detalhes que contribuem para o contexto da época. Entre eles, o uso das cores. Os personagens de maior poder usam peças mais chamativas, já que roupas tingidas eram muito caras e usadas por um grupo pequeno de pessoas naquele período; e ganharam um toque a mais para o filme, como barras douradas e tecidos de alta qualidade. Em geral, na visão de Yates, a maioria utilizava tons leves.



Nosferatu, por Linda Muir
Linda Muir assina os figurinos do diretor Robert Eggers desde A Bruxa (2015), e não foi diferente com a releitura dele para Nosferatu. Baseados em estudos de peças vintage, pinturas, ilustrações e vários outros referenciais históricos, os visuais – criados especificamente para o filme – ajudam a traduzir a atmosfera gótica da trama, ambientada em uma cidade alemã fictícia em 1838. Os detalhes foram pensados não só para refletir a realidade do período, mas para responder a fatores práticos do set, como a pouca iluminação.
Os looks também refletem as diferenças socioeconômicas dos personagens, além da agem do tempo. Orlok (Bill Skarsgard), como conde, teve trajes finos e caros no ado, mas que, no período do filme, já estavam decadentes e escondiam suas feições quase decompostas. As roupas e joias de prata de Ellen Hutter (Lily-Rose Depp), por quem o vampiro é obcecado, demonstram os recursos limitados da personagem, de classe média, enquanto a amiga rica Anna Harding (Emma Corrin) veste roupas mais glamourosas, em maior quantidade, e joias pesadas douradas.



Um Completo Desconhecido, por Arianne Phillips
Um Completo Desconhecido (dir. James Mangold) acompanha, com três fases, um recorte dos anos 1960 na cantor Bob Dylan, interpretado no longa por Timothée Chalamet. Nas três etapas, o figurino assinado por Arianne Phillips (indicada na categoria três vezes anteriormente) é fundamental para ilustrar o momento vivido pelo artista. O enredo começa em 1961, com Dylan antes da fama, vestindo trajes simples e utilitários, ainda influenciados pelos anos 1950. Isso inclui camisas com pegada workwear e calças estilo carpinteiro.
Já na fase seguinte, em ascensão, ele a a usar jeans azuis — na época, considerados um símbolo de rebeldia — da Levi’s e jaquetas de camurça, apresentando uma pegada mais subversiva. Por fim, a partir de 1965, entra a modernidade das bolsas chelsea e calças skinny do cantor já vivendo o sucesso, com influência relevante da cena musical inglesa daquele período, como os Beatles.



Um detalhe de fora das telas que ajuda a contar a proposta estética de filmes como Um Completo Desconhecido são os visuais dos atores em eventos de divulgação e premiações. Timothée Chalamet, por exemplo, tem apostado em visuais inspirados em looks reais de Bob Dylan.
Esta abordagem, de trazer a essência do filme para a vida real por meio da moda, foi chamada de “method dressing“ e tem sido popular entre os atores das grandes produções nos últimos anos. Exemplos disso são looks de Zendaya durante a divulgação de seus últimos filmes, assim como Margot Robbie e Ryan Gosling para Barbie, e Ariana Grande e Cynthia para promover Wicked.
Veja exemplos na galeria abaixo: