Michèle Lamy: tudo sobre o enigmático e venerado estilo da parisiense
Nascida em 1944, Lamy segue influenciando a moda com sua valorização da personalidade e do ciclo da vida
atualizado
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Aos 80 anos, Michèle Lamy já fez “de um tudo” nessa vida. Advogada, stripper, designer de moda, dona de restaurante… A bagagem de conhecimento e referências que a parisiense carrega é fora do normal, e seu estilo enigmático é prova da confluência de inspirações, a ponto de, ela mesma, ter se tornado uma grande influência no meio artístico.
Vem conhecer!

Nascida na França em 1944, de ascendência argelina, a jornada de Michèle Lamy é marcada por uma série de reinvenções. Entre diferentes ocupações, encontrou seu lugar na vanguarda da moda, tornando-se “musa” e parceira de negócios de Rick Owens, com quem fundou a empresa Owenscorp.
O contato de Michèle com a moda começou logo na infância, quando seu avô fabricava órios para o renomado estilista Paul Poiret. Desde jovem, Lamy sentia-se diferente, crescendo em uma área rural onde sua família era frequentemente confundida com indianos devido à pele escura e aos cabelos longos.
A sensação de deslocamento levou Michèle a experimentar sua aparência desde cedo, usando henna em seus cabelos e mãos. Aos 17 anos, uma viagem ao Norte da África despertou seu fascínio pela cultura berbere, especialmente a prática de tatuar rostos, experiência que gerou uma das marcas registradas de seu estilo.



Michèle Lamy: reverência ao tempo
Michèle Lamy cultiva uma estética que desafia as normas da moda, construindo uma imagem poderosa e intrigante. Seus dedos permanentemente manchados de tinta preta, a linha preta que desenha em sua testa e os dentes dourados cravejados de diamantes são elementos icônicos de seu estilo.
Lamy considera seus adereços e marcas corporais como uma “evolução pessoal”, uma forma de contar sua própria história por meio de sua aparência. A linha preta na testa, por exemplo, não tem uma explicação única, mas se junta aos anéis, pulseiras, brincos e dedos tatuados como parte de uma narrativa visual cuidadosamente elaborada.


Esse visual, muitas vezes descrito como o de uma “sacerdotisa gótica”, a destaca nos círculos da moda, em eventos e festas em que conhece e inspira nomes das indústria fashion e musical.
Para Lamy, a beleza reside na autenticidade e na expressão individual, não na conformidade com padrões impostos. Ela celebra as marcas do tempo, como rugas e a pele bronzeada, rejeitando a maquiagem como forma de mascarar a história.

O estilo de Lamy é uma extensão de sua filosofia de vida, que valoriza a mudança, a experimentação e o ciclo da vida. Influenciada e influente em diferentes mundos — moda, arte, música e design —, a sa é um dos maiores exemplos de que a beleza autêntica não se apaga com o tempo, ainda mais quando é baseada em sua real personalidade, enriquecida a cada nova experiência.