Influenciadores substituem modelos no SPFW e geram polêmica
Profissionais se posicionam contra a contratação de digital influencers para as arelas: “Parem de dar espaço”
atualizado
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A última edição do São Paulo Fashion Week, realizada este mês, reacendeu uma discussão que impacta a carreira e o trabalho de inúmeros profissionais: o protagonismo de influenciadores digitais nas arelas. Personalidades do TikTok e da televisão, com milhões de seguidores, ocuparam posições de destaque nos desfiles — muitas vezes substituindo modelos profissionais —, o que gerou uma onda de críticas ao casting das apresentações.
Vem entender!

Quem acompanha as semanas de moda ao redor do mundo não pôde deixar de perceber o rápido crescimento no número de celebridades e influenciadores digitais nas arelas das marcas brasileiras. No São Paulo Fashion Week N59, nomes como Maya Massafera, Juliano Floss, Beatriz Reis, Valentina Bandeira e Luísa Perissé vestiram as coleções apresentadas não como público, mas como parte dos concorridos desfiles.

“Vale tudo pelo engajamento">
“A falta de empatia com a nossa profissão vem crescendo cada vez mais, e está na hora do pessoal do evento e das marcas pararem de dar espaço para essa galera que só ajuda a diminuir nossa profissão. Sem modelo, não existe São Paulo Fashion Week”, afirmou Vivi.

A modelo Kalhandra Pimenta foi outra a se posicionar sobre o caso, afirmando não ter a chance de desfilar no São Paulo Fashion Week por não ter a altura mínima requerida pelo casting. “Não temos altura suficiente e eles ainda exigem das modelos medidas que para alcançar, muitas das vezes, temos que ar fome, não comer — porque as comidas saudáveis são muito caras —, para no final não ser escolhida”, referindo-se à preferência por personalidades da internet nos espaços.
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Substituída por influenciador
Outro caso que se destacou foi a da modelo Délleny Mullan, que esteve nas arelas da À La Garçonne e Piet nesta edição do evento. Contudo, sua programação não foi totalmente cumprida, já que teria sido “trocada” de última hora por um influenciador em outro desfiles.
“Fiz casting, fui na prova de roupa, gastei meu tempo e dinheiro para, no dia do desfile, colocarem um famoso no meu lugar de última hora”, comentou a modelo em postagem no Instagram.

Marcela Carrasco
Um dos alvos das críticas foi Marcela Carrasco, influenciadora de moda que desfilou para a Led no SPFW. Nas redes sociais, ela se defendeu, afirmando que atua como modelo desde antes do atual trabalho: “Vi pessoas desmerecendo a minha trajetória nos últimos dias. Pessoas que nunca estiveram comigo quando eu tinha 17 anos, saía de casa às cinco da manhã, todos os dias, e voltava com 30 ‘nãos’ na mochila”, disse Marcela, que compartilhou sua história como modelo, vivida antes mesmo de virar influenciadora.

Carrasco seguiu dizendo que, mesmo diante de clientes abusivos, olhares hostis e palavras cruéis, continuou sonhando e “construindo meu caminho com dignidade, sem precisar diminuir ninguém”. Ela ainda disse que, ao decidir virar influenciadora, foi humilhada pela própria agência, mas que em pouco tempo estava com campanhas para nomes como Diesel, Rabanne e Carolina Herrera.
“Ver essa história ser reduzida a uma fala fora de contexto, cortada com má intenção só pra viralizar e alimentar hate é cruel. Porque é sobre uma vida inteira. E hoje, sim, eu estou em outro lugar. Hoje sou comentarista de moda. E um dos meus maiores propósitos é ver a moda nacional crescer. Fui ao desfile com esse olhar: o de quem acompanha, comenta, analisa, valoriza”, concluiu na postagem.

Modelo: uma profissão em transformação
“A dinâmica entre os modelos e agências já existe e funciona muito bem”, afirma a head booker da Mega Model, Roberta Rizzardi, que emplacou dezenas de modelos nesta edição do SFPW. Em conversa com a coluna, a profissional comentou o cenário atual vivido pelo mercado de modelos de moda.
Segundo Rizzardi, a profissão de modelo evoluiu muito nos últimos anos, vindo de um cenário onde apenas a beleza física era importante na seleção dos profissionais. “Hoje, o mercado quebrou esses padrões e versatilidade, autenticidade, o conhecimento das redes sociais e a capacidade de construir uma identidade junto à marca”, relata.
Confira outros influencers que desfilaram no SPFW N59:
Quando comparado com personalidades sem treinamento, o modelo é capaz de uma entrega única, valendo-se de longos períodos de preparação, com equipes inteiras que os ajudam, preparam e que atuam diariamente nessa construção. “A entrega do modelo é totalmente diferente, focada no objetivo do estilista”.
A booker da Mega Model ainda destaca a autenticidade como um diferencial no mercado, especialmente visando um futuro cada vez mais concorrido na indústria. “Nos próximos anos, a chave para se destacar será a autenticidade da personalidade e uma entrega com identidade própria e genuína”, finaliza.