MPF abre investigação contra Sérgio Camargo por ataques a Moïse
MPF no Distrito Federal cobrará explicações ao presidente da Palmares, Sérgio Camargo; congolês Moïse Kabagambe foi barbaramente assassinado
atualizado
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O Ministério Público do Distrito Federal (MPF) do Distrito Federal abriu uma apuração contra o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, por ter atacado Moïse Kabagambe, congolês assassinado a pauladas no início do ano no Rio de Janeiro. O MPF cobrará explicações a Camargo nos próximos dias, em uma etapa inicial da investigação.
A medida atende a um pedido feito pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) em 14 de fevereiro. “Causa espécie o fato de que, antes mesmo de qualquer conclusão dos órgãos responsáveis a respeito da motivação que levou ao crime em questão, uma autoridade pública nacional afirme categoricamente, sem qualquer embasamento, que o racismo não teve qualquer relação com o fato”, escreveu o procurador federal Carlos Vilhena, solicitando que Camargo fosse responsabilizado criminal, civil e istrativamente.
Três dias antes, Sérgio Camargo afirmou, sem qualquer prova, que o jovem negro, que trabalhava no quiosque onde foi barbaramente assassinado, “andava e negociava com pessoas que não prestam”. O presidente da fundação cuja missão é valorizar a cultura negra também xingou Moïse. “Frontal contrariedade” com a finalidade desse órgão público, seguiu o procurador Carlos Vilhena.
A declaração de Sérgio Camargo foi duramente criticada internamente na cúpula da PGR e considerada cruel inclusive por deputados bolsonaristas.