Empresa de “programa espião” alvo da PF também é investigada no TCU
Além de estar na mira de PF e CGU, empresa israelense é investigada no TCU por contrato com governo Bolsonaro por suposto programa espião
atualizado
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A Cognyte, empresa investigada na Polícia Federal (PF) e na Controladoria-Geral da União (CGU) por vender ao governo Bolsonaro um sistema espião ilegal, também é alvo de uma apuração no Tribunal de Contas da União (TCU). A investigação foi solicitada pela então relatora da MI do 8 de Janeiro, senadora Eliziane Gama, e mira um contrato da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na gestão Bolsonaro.
Em 7 de agosto, Gama pediu formalmente que o TCU apurasse todos os contratos da PRF com a Cognyte. O processo, que ainda não teve decisão, é relatado pelo ministro Vital do Rêgo. A senadora citou que em 2018, durante o governo Temer, a corporação pagou R$ 4 milhões à firma por um serviço de monitoramento de redes sociais. Como parte dos rees foi feita nas categorias orçamentárias “policiamento ostensivo nas rodovias” e “combate à criminalidade”, o negócio chamou a atenção da MI.
Em 2021, já no governo Bolsonaro, a PRF voltou a fechar contrato com a Cognyte. Na época, a PRF era comandada por Silvinei Vasques, que está preso por supostamente ter usado o órgão para favorecer Bolsonaro no segundo turno da eleição de 2022. A descrição do contrato, genérica, mencionou “serviços de manutenção e treinamento” para uma ferramenta da companhia.
A empresa israelense é suspeita de ter vendido ao governo Bolsonaro, por meio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a tecnologia First Mile. O serviço, fora do escopo da Abin e sem autorização judicial, consistiria num monitoramento ilegal de ministros do STF, advogados, professores e jornalistas vistos como opositores de Bolsonaro. Na última sexta-feira (20/10), a PF prendeu dois servidores da Abin, que no mesmo dia foram demitidos pelo governo Lula.
A CGU, por sua vez, analisa o caso depois de ter assumido uma sindicância interna aberta pela Abin para apurar o caso. A CGU tomou a decisão depois de detectar riscos de parcialidade na investigação dentro da Abin. A PF também constatou que os servidores da Abin não se sentiam à vontade em colaborar com a apuração interna.