Eduardo Bolsonaro ataca TSE e diz: “Não vou aceitar eleição fraudada”
Em entrevista a podcast, deputado Eduardo Bolsonaro ameaçou eleição e acusou TSE de “tensionar”; questionado, se contradisse e recuou
atualizado
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O deputado Eduardo Bolsonaro afirmou que não aceitará eleições fraudadas e criticou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As declarações foram dadas na última segunda-feira (11/7) durante uma entrevista para um podcast. Questionado pelo entrevistador, Eduardo recuou: disse que não sabe se a próxima eleição será fraudada e negou “pisar fora das quatro linhas”, termo usado por bolsonaristas em referência a ações fora dos limites da Constituição.
Quando foi perguntado se o governo Bolsonaro aceitaria os resultados da eleição de outubro, Eduardo Bolsonaro respondeu: “Eu não vou aceitar eleição fraudada. Você aceitaria">
Depois que foi cobrado por provas dessa suposta fraude, Eduardo Bolsonaro titubeou. Citou boatos já desmentidos pela Justiça Eleitoral, como o de urnas registrando o número do PT automaticamente ou de que a urna não é auditável. Na quarta-feira (13/7), o Tribunal de Contas da União, órgão ligado ao Poder Legislativo, reafirmou a segurança das urnas eletrônicas.
Questionado mais uma vez sobre sua declaração de que não aceitaria “uma eleição fraudada”, entrou em contradição:
“Não, eu não falei isso. Ah, não, fraudada acho que ninguém aceitaria. E eu não estou falando que a eleição de agora será fraudada. Não tenho bola de cristal. Estou me precavendo de a Folha [Folha de S. Paulo] não botar um headline [manchete] lá e falar que eu vou causar um problema no Brasil”. E itiu: “Não tenho como comprovar que [a eleição] foi fraudada”.
Em seguida, o entrevistador perguntou o que aconteceria se o governo não aceitasse a eleição e questionou se haveria um golpe no Brasil. Eduardo Bolsonaro tergiversou e não rechaçou um golpe: “A gente não pode trabalhar com esse exercício de futurologia. O jogo ainda está rolando”.
Então, o entrevistador indagou se seria uma tomada de poder. “Não, negativo”, disse o deputado. O anfitrião do podcast insistiu e cobrou o que seria a etapa seguinte a não aceitar o resultado eleitoral. “Mas eu não estou falando disso”, minimizou Eduardo Bolsonaro, e disse, tentando suavizar o que havia afirmado poucos minutos antes: “Só uma democracia permite que você conteste o resultado de uma eleição”, acrescentando: “Dentro de um processo eleitoral. Mas não estou falando nada de pisar fora das quatro linhas”.
Também sem apresentar provas ou justificativas, Eduardo Bolsonaro acusou o TSE de aumentar a tensão do país. “O TSE resolve tensionar as coisas. Agora eles convidaram as Forças Armadas, as Forças Armadas estão fazendo sugestões a eles, e espero que eles acatem minimamente essas sugestões”.
Convidados a integrar a comissão de transparência das eleições, os militares têm lançado dúvidas públicas sobre a urna, sem base e em linha com Jair Bolsonaro. Na quarta-feira (14/7), a 80 dias da eleição, o Ministério da Defesa sugeriu uma “votação paralela” com cédula de papel, o que será negado pela Justiça Eleitoral.
Jair Bolsonaro é investigado no TSE e no STF por ter espalhado mentiras sobre o sistema eleitoral. No mês ado, o senador Flávio Bolsonaro disse que seria impossível conter a reação de bolsonaristas ao resultado da eleição. Em entrevista ao jornalista Felipe Frazão, o filho do presidente não confirmou se Bolsonaro reconheceria uma derrota. Em 2019, Eduardo Bolsonaro defendeu um “novo AI-5” no país e depois voltou atrás.