Congresso: imagens inéditas mostram chegada de indígenas e reação de policiais
Vídeo obtido pelo Metrópoles revela sequência da ação dos policiais durante a marcha do Acampamento Terra Livre (ALT), na quinta (10/4)
atualizado
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Imagens do circuito de segurança da Câmara dos Deputados obtidas pelo Metrópoles mostram o exato momento em que teve início o confronto ocorrido na noite da última quinta-feira (10/4) entre manifestantes indígenas e forças de segurança do Congresso Nacional, em Brasília.
No início do vídeo, é possível ver um grupo de indígenas próximo ao Ministério da Saúde, deslocando-se em direção ao Congresso Nacional. Ao se aproximarem do Palácio do Itamaraty, eles avançam pela Praça das Bandeiras, derrubam as grades de proteção e começam a subir o gramado em frente à Câmara dos Deputados. Um carro da Polícia Legislativa, ao perceber a aproximação, recua rapidamente e desce o gramado.
Veja o vídeo completo:
Por volta de 1m30 de gravação, vários indígenas am a correr em direção ao prédio do Congresso. Cerca de 10 segundos depois, policiais lançam as primeiras bombas de gás lacrimogêneo em direção a um grupo mais próximo ao espelho d’água. As viaturas posicionadas na pista bloqueiam os os, enquanto agentes, da rampa do Congresso, intensificam o uso de bombas contra os manifestantes.
No minuto 2m27 do vídeo, diversas explosões simultâneas atingem os indígenas, provocando uma corrida generalizada para longe do Congresso. Parte dos manifestantes recua para o início do gramado, enquanto um novo grupo, que vinha atrás, hesita em avançar diante da confusão.
De acordo com o registro da segurança, os manifestantes chegaram à Praça das Bandeiras às 18h25. Um minuto depois, às 18h26, as grades de contenção foram derrubadas e teve início a invasão do gramado do Congresso Nacional. Às 18h27, policiais lançaram as primeiras bombas de gás lacrimogêneo, dando início à dispersão. Às 18h33, a Polícia Militar formou uma linha de contenção. Cinco minutos depois, às 18h38, o gramado central já estava sem a presença de manifestantes. A dispersão total foi registrada às 19h28.
O episódio ocorreu durante uma das ações do Acampamento Terra Livre (ATL), evento que, em 2025, reúne cerca de 8 mil indígenas de diversas etnias, conforme a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). A mobilização busca chamar a atenção para pautas como a demarcação de terras indígenas, o enfrentamento à violência nos territórios e o fortalecimento das políticas públicas voltadas aos povos originários.
Em nota, a Apib repudiou a resposta policial e classificou o ocorrido como “atos de violência do Congresso anti-indígena”. “O Congresso, além de aprovar leis inconstitucionais, ataca os povos indígenas e seus próprios deputados. Lamentamos o uso desnecessário de substâncias químicas contra os manifestantes, mulheres, idosos, crianças e lideranças tradicionais”, destacou a entidade.
Outro lado
A Associação dos Policiais do Congresso Nacional (APCN) manifestou apoio à atuação das forças de segurança durante a manifestação indígena na Esplanada dos Ministérios. A entidade afirmou que a operação foi baseada em um Protocolo de Ação Integrada (PAI), que contou com a participação de órgãos de segurança e lideranças indígenas, como a Apib. O protocolo previa limites físicos para o deslocamento dos manifestantes, mas, segundo a APCN, parte do grupo rompeu as barreiras e avançou sobre o gramado do Congresso Nacional.
A associação justificou o uso de gás lacrimogêneo como medida “proporcional” para restabelecer a ordem e evitar confronto físico, ressaltando que a atuação seguiu princípios de legalidade, necessidade e razoabilidade.
A APCN declarou confiança na análise dos fatos pelas instituições competentes e reforçou que os Policiais Legislativos agiram com profissionalismo e respeito à ordem democrática.