“Fé apagando a dos outros”, diz ativista cultural sobre Claudia Leitte
Iyalorixá Jaciara Ribeiro contou por que denunciou a cantora por racismo e injúria religiosa após mudanças numa letra de música
atualizado
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A Iyalorixá Jaciara Ribeiro decidiu contar por que denunciou Claudia Leitte ao Ministério Público da Bahia (MPBA), depois da cantora mudar a letra de uma música do seu repertório, alegando racismo e injúria religiosa. A polêmica começou depois da famosa trocar “Iemanjá” por “Yeshua” em Caranguejo, canção lançada em 2004.
“Foi de uma ignorância muito grande. É uma falta de afeto com a humanidade. Essas pessoas estão com algum problema espiritual ou realmente não sabem o que é ser um humano”, disse.
Para a ativista cultural , Leitte quis impor a sua crença: “Eu diria que sinto muito pela forma equivocada como ela está lidando com a fé dela, porque ninguém pode reafirmar a sua fé apagando a dos outros.”
Promotora esclarece o caso
Para o UOL, a promotora que acompanha o caso, Lívia Sant’Anna Vaz, informou que a ação segue na esfera cível. “Existem duas possíveis medidas principais: a proibição da repetição do ato e a reparação do dano moral coletivo. Ainda não é discutida responsabilidade penal”, esclareceu.
Claudia Leitte se defende das acusações
“Daqui do meu lugar de privilégio, o racismo é uma pauta que deve ser discutida com a devida seriedade, e não de forma superficial”, disse durante coletiva do Festival Virada Salvador, na Bahia, em dezembro do ano ado.
Leitte prosseguiu: “Prezo muito pelo respeito, pela solidariedade e pela integridade. Não podemos negociar esses valores de jeito nenhum, nem os jogar ao tribunal da internet. É isso.”
Entenda a polêmica
- Em um verso de Caranguejo que diz “joga flores no mar, saudando a rainha Iemanjá”, Claudia tem cantado “joga flores, eu canto meu rei Yeshua”. O termo significa Jesus em hebraico.
- Através de um comunicado oficial, o MPBA informou que além de Jaciara Ribeiro, o Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras também abriu uma queixa.
- O inquérito tem como objetivo investigar Claudia Leitte por um suposto ato de racismo religioso consistente na violação de bem cultural e de direitos das comunidades religiosas de matriz africana.
- Recentemente, o secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, criticou artistas que “escolhem reescrever a história” do axé, que conta com características de religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda.
- O político pontuou que atitudes como as da artista tem, sim, cunho racial.
