O que se sabe sobre denúncia contra ex-executivos da Americanas
MPF apontou fraude de R$ 25 bilhões na acusação contra 13 pessoas. Processo reúne e-mails e mensagens de WhatsApp, além de delações
atualizado
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Apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF), a denúncia contra 13 ex-integrantes da cúpula do Grupo Americanas aponta a existência de um grupo criminoso que teria maquiado balanços contábeis para lucrar com a negociação dos ativos, causando prejuízo a terceiros, como credores e demais acionistas.
A peça de acusação aponta que, por meio da manipulação dos balanços, o grupo foi capaz de inflar artificialmente o valor das ações do Grupo Americanas, das Lojas Americanas e da B2W na bolsa de valores.
Foram apresentadas provas como e-mails e mensagens trocadas entre os denunciados e documentos que comprovariam as diferenças entre a contabilidade real e a maquiada. Em conversas por meio de WhatsApp, por exemplo, executivos discutem como impedir que as fraudes fossem identificadas por auditorias.
A denúncia também conta com o conteúdo da colaboração premiada de três dos envolvidos no esquema criminoso. O processo, no entanto, corre em segredo de Justiça.
Todos os envolvidos foram denunciados pelos crimes de associação criminosa, falsidade ideológica e manipulação de mercado.
Ex-executivos denunciados
A denúncia aponta que o ex-CEO Miguel Gutierrez seria o líder do esquema de manobras contábeis para inflar artificialmente os lucros da empresa e manipular os preços das ações da companhia.
Gutierrez foi funcionário da Americanas por 30 anos e comandou o grupo por duas décadas. Teria sido responsável, de acordo com a denúncia, por planejar e executar as fraudes, exercendo sua ascendência hierárquica sobre os demais.
Segundo investigação conduzida pela Polícia Federal (PF), há provas de que o esquema funcionou pelo menos desde fevereiro de 2016, perdurando até dezembro de 2022, quando Gutierrez deixou o comando da companhia.
Outro nome apontado como central no esquema é o de Anna Saicali, ex-CEO da B2W. O braço digital do grupo foi criado após a fusão entre a Americanas, Shoptime e Submarino.
Ana também ocupou o cargo de presidente do Conselho de istração até 2021 e foi fundadora da AME Digital, a plataforma fintech da Americanas – de 2018 até junho de 2023. Assim como Gutierrez, trabalhou nas Americanas por mais de duas décadas.
Também estão no rol de denunciados dois vice-presidentes: Timotheo Barros e Marcio Cruz. Foram acusados ainda os seguintes ex-diretores e executivos: Carlos Padilha, João Guerra, Murilo Corrêa, Maria Christina Nascimento, Fabien Picavet, Raoni Fabiano, Luiz Augusto Saraiva Henriques, Jean Pierre Lessa e Santos Ferreira.
A defesa dos denunciados ainda não se manifestou. O espaço continua aberto para eventuais posicionamentos.