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Em cartas de papel que atravessavam metade do Brasil até chegar aos olhos da menina indolente de saudade. Estava nos vestidinhos saídos das máquinas de costura. Um deles, azul marinho, tinha cartas de baralho bordadas com os naipes que o pai movia pacientemente sobre a mesa da cozinha nas madrugadas insones. – Meu rei, meu valete, meu coringa. O amor se transubstanciava em cartas de papel, em cartas bordadas no vestido, em cartas de cassino e paciência, cartas do jogo do amor que nunca foi dito da boca pra fora, dizeres mudos que vestiam e alumbravam a menina. Até hoje ela ouve o doce zunido das cartas que o pai embaralhava com destreza de crupiê sob a lâmpada que alumiava os escuros da noite onde só ele, ela e as cartas existiam. As cartas de papel, de bordado e de plástico continham o amor, significante incendiado de sentido, cartas e amor uma coisa só. Muito mais tarde, quando tudo aconteceu, era como se já soubesse o que iria acontecer. Fosse qual fosse o jogo a ser jogado, ela sabia o poder que as cartas tinham de a envolver de amor. Leia também Conceição Freitas Lucio Costa era um cronista, sem perder a grandeza do que escrevia Conceição Freitas A mãe mais maternal que conheci quase não dava conta de si mesma Como um jogador vidrado no veludo vermelho das mesas dos cassinos, a dama das cartas vivia no limite entre a lucidez e a loucura, apostando tudo no quase nada, perdendo muito para ganhar mais ainda e voltar a perder, na viciante vertigem do jogo da vida condensado em cartas, cassinos e madrugadas. Foi tudo muito estranho, intercalado de mistérios que vieram como presságios, visões, telepatias, sonhos, desfalecimentos, escandalosas coincidências. As cartas não têm o poder adivinhatório? A senhora das cartas percorria estradas e rios, a pé, de carro, de ônibus, de avião e de barco, indo aonde podia ir porque não podia ir aonde queria. Andarilha das cartas, corpo e alma misturados, sem começo nem fim, numa louca lucidez, numa loucura lúcida, louca o suficiente para se perder, lúcida o suficiente para se reencontrar. Houve instantes em que a rainha das cartas escapou de si perigosamente. Sabia que o corpo de algum modo estava habitado, mas não conseguia se fixar numa imagem mental de si mesma. Experimentou todas as drogas psicodélicas, sem ter experimentado nenhuma delas. Acordava de madrugada precisando escapar de si mesma, vestia rapidamente uma roupa qualquer, pegava os documentos, o celular e o carregador e saía farejando uma rodovia. Só então o corpo voltava pra dentro da mulher das cartas e ela então podia descansar do estado bipartido. Uma jogadora totalmente submissa às cartas. Para onde vai o amor de depois? Fica nas cartas, amor de paus e espadas, amor em copas de ouro. * Este texto representa as opiniões e ideias do autor. 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Para onde vai o amor depois da vertigem viciante do jogo de cartas?

Como um jogador vidrado no veludo vermelho das mesas dos cassinos, a dama das cartas vivia no limite entre a lucidez e a loucura

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O amor, onde estava o amor? Em cartas de papel que atravessavam metade do Brasil até chegar aos olhos da menina indolente de saudade. Estava nos vestidinhos saídos das máquinas de costura. Um deles, azul marinho, tinha cartas de baralho bordadas com os naipes que o pai movia pacientemente sobre a mesa da cozinha nas madrugadas insones.

– Meu rei, meu valete, meu coringa.

O amor se transubstanciava em cartas de papel, em cartas bordadas no vestido, em cartas de cassino e paciência, cartas do jogo do amor que nunca foi dito da boca pra fora, dizeres mudos que vestiam e alumbravam a menina. Até hoje ela ouve o doce zunido das cartas que o pai embaralhava com destreza de crupiê sob a lâmpada que alumiava os escuros da noite onde só ele, ela e as cartas existiam.

As cartas de papel, de bordado e de plástico continham o amor, significante incendiado de sentido, cartas e amor uma coisa só. Muito mais tarde, quando tudo aconteceu, era como se já soubesse o que iria acontecer. Fosse qual fosse o jogo a ser jogado, ela sabia o poder que as cartas tinham de a envolver de amor.

Como um jogador vidrado no veludo vermelho das mesas dos cassinos, a dama das cartas vivia no limite entre a lucidez e a loucura, apostando tudo no quase nada, perdendo muito para ganhar mais ainda e voltar a perder, na viciante vertigem do jogo da vida condensado em cartas, cassinos e madrugadas.

Foi tudo muito estranho, intercalado de mistérios que vieram como presságios, visões, telepatias, sonhos, desfalecimentos, escandalosas coincidências. As cartas não têm o poder adivinhatório?

A senhora das cartas percorria estradas e rios, a pé, de carro, de ônibus, de avião e de barco, indo aonde podia ir porque não podia ir aonde queria. Andarilha das cartas, corpo e alma misturados, sem começo nem fim, numa louca lucidez, numa loucura lúcida, louca o suficiente para se perder, lúcida o suficiente para se reencontrar.

Houve instantes em que a rainha das cartas escapou de si perigosamente. Sabia que o corpo de algum modo estava habitado, mas não conseguia se fixar numa imagem mental de si mesma. Experimentou todas as drogas psicodélicas, sem ter experimentado nenhuma delas.

Acordava de madrugada precisando escapar de si mesma, vestia rapidamente uma roupa qualquer, pegava os documentos, o celular e o carregador e saía farejando uma rodovia. Só então o corpo voltava pra dentro da mulher das cartas e ela então podia descansar do estado bipartido. Uma jogadora totalmente submissa às cartas.

Para onde vai o amor de depois? Fica nas cartas, amor de paus e espadas, amor em copas de ouro.

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