Alessandra Mattar diz como a felicidade no trabalho gera resultados

“O sucesso de uma empresa a, obrigatoriamente, pelas pessoas que estão nela”, sustenta Alessandra Mattar, mentora, formadora e palestrante de temáticas voltadas à área da psicologia positiva em empresas e instituições. Em entrevista à coluna Claudia Meireles, a especialista comenta sobre a importância do ambiente de trabalho dispor de ações focadas no bem-estar e na saúde mental de empregadores e colaboradores.

Formada em istração de empresas, Alessandra buscou ao longo da trajetória se especializar no que realmente a encanta: o desenvolvimento humano. “Tenho certificações nacionais e internacionais em psicologia positiva, como a pelo Wholebeing Institute. Além disso, aprofundei-me em temas como saúde mental, neurociência do comportamento e bem-estar nas organizações”, cita.

Psicologia positiva

“Sempre busquei unir gestão com ciência do bem-estar. Apesar da minha formação ser em istração de empresas, sempre fui apaixonada por gente. Foi por isso que mergulhei no universo da psicologia positiva, com certificações nacionais e internacionais”, prossegue.

Embora o nome dê indícios do que venha a ser psicologia positiva, a mentora elucida que “essa ciência estuda o que faz a vida valer a pena” ao olhar para as forças humanas, propósito, motivação e resiliência.

Dentro das empresas, as ações práticas de psicologia positiva costumam ser implementadas por meio de programas que fortalecem o propósito, desenvolvimento pessoal e reconhecimento genuíno, conforme elenca Alessandra. A palestrante complementa que envolve também a criação de ambientes de trabalho mais humanos e produtivos. “Não é sobre ignorar problemas, e sim, potencializar o que funciona, mesmo diante deles”, enfatiza.

Alessandra explica como reconhecer se a companhia ou instituição em que você trabalha adotou a psicologia positiva: “Percebe-se rápido, por exemplo, se a empresa valoriza suas forças, propósito e desenvolvimento humano e emocional pode apostar que tem psicologia positiva. É diferente de um ambiente que só fala de metas e esquece que atrás do crachá tem pessoas de verdade. Não é só entregar tarefa atrás de tarefa”, argumenta.

A mentora salienta que “colaborador feliz não é só mais produtivo”, mas também criativo, resiliente e mais engajado. “Quando a pessoa trabalha em um lugar onde se sente bem, ela veste a camisa de verdade. A empresa ganha em inovação, resultado financeiro e reputação. Ou seja: a felicidade é, sim, um ativo estratégico. Há a geração de lucro”, atesta.

A formadora reitera que investir em felicidade gera lucro, e não custos, como algumas companhias e instituições imaginam: “Não é ‘mimo para o colaborador’”. No ponto de vista de Alessandra Mattar, é uma estratégia de negócio e também um dever social oferecer um ambiente laboral seguro e positivo. “As empresas podem e devem ser protagonistas de uma transformação que o mundo está precisando: mais humanidade, propósito e cuidado genuíno com as pessoas”, complementa.

“Vitória gigante”

De acordo com dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), estima-se que em torno de 30% dos trabalhadores brasileiros sofram com a síndrome de burnout, condição ocupacional reconhecida e classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2022. Em razão desse índice que só cresce a cada ano, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) atualizou a norma regulamentadora 1 (NR-1), que trata do gerenciamento de risco psicossociais relacionados à atividade laboral.

A NR-1 entraria em vigor a partir de 26 de maio, entretanto, foi adiada em um ano para que as empresas se adaptem às novas exigências envoltas à saúde mental no ambiente de trabalho. Na avaliação da palestrante, essa legislação “é uma vitória gigante para todos os brasileiros”. “A norma dá respaldo legal para que os trabalhadores tenham ambientes mais saudáveis, que considerem não só a segurança física, mas também o bem-estar emocional”, analisa.

Alessandra pondera que a norma regulamentadora “muda tudo” e lista um avanço oferecido pela diretriz: “O colaborador a a ter espaço para falar sobre as dificuldades emocionais sem medo, e a empresa precisa agir”. A especialista emenda: “Finalmente, a saúde mental foi reconhecida como responsabilidade das empresas também. A NR-1 atualizada obriga as organizações a olharem para isso com mais seriedade, saindo do discurso e indo para a prática.”

“Sobrevivência das boas empresas”

Segundo a formadora, o maior desafio enfrentado pelas companhias e instituições brasileiras com relação ao ambiente de trabalho não contribuir para o bem-estar físico e psicológico dos colaboradores “é a cultura da cobrança sem humanidade”. Ela garante ser necessário mudar essa concepção retrógrada e prejudicial. “Não dá mais para tratar saúde mental como ‘mimimi’. É questão de sobrevivência das boas empresas”, frisa.

“O primeiro ponto que as empresas precisam entender: saúde mental não é moda, mas sim prioridade”, acentua a formadora.

A seguir, Alessandra Mattar lista o que seria preciso modificar e implementar para tornar os espaços laborais em ambientes agradáveis, seguros e benéficos para a saúde mental:

• Investir em líderes mais preparados emocionalmente.
• Criar programas de desenvolvimento humano reais.
• Abrir espaço para conversas sinceras sobre propósito, bem-estar e saúde mental.

Alessandra finaliza ao reforçar que as empresas necessitam “construir ambientes emocionalmente seguros” e “líderes que saibam apoiar suas equipes, e não só cobrar resultados. Quanto aos colaboradores, ela endossa: “Eles precisam ser estimulados a se desenvolverem como pessoas, não somente como profissionais”. A mentora conclui: “Quando a gente olha para o ser humano completo, todo mundo sai ganhando: a pessoa, a equipe e a empresa.”

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