Vacinação contra a Covid-19 em terras indígenas começa nesta terça-feira
Em todo país, 430 mil indígenas serão imunizados. Reportagem do Metrópoles acompanha ação sanitária em Tabatinga, no Amazonas
atualizado
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Enviados especiais a Tabatinga (AM) – Nove meses após registrar os primeiros casos de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, povos indígenas do Alto Rio Solimões, na região de Tabatinga, município distante 1,1 mil quilômetros de Manaus, serão os primeiros a serem vacinados contra a doença.
A ação do Ministério da Saúde, com apoio logístico do Ministério da Defesa, começou nesta terça-feira (19/1). A Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) coordena os trabalhos. Em todo país, 430 mil indígenas e profissionais de saúde ligados a eles serão imunizados.
Uma missão especial marca o início da vacinação. Somente na região do Alto Solimões vivem 70 mil indígenas. São três etnias — Ticuna, Kocama e Kaixana. Esse é considerado o segundo maior distrito indígena do país.
O Metrópoles acompanhará a vacinação na aldeia Umuriaçu. A reportagem viajou com integrantes do governo federal que farão a ação sanitária no local. As doses foram enviadas de São Paulo para Brasília nessa segunda-feira (18/1). Depois, foram levadas para Manaus, onde as equipes aram a noite. Por fim, chegaram à Tabatinga em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) por volta das 10h (horário de Brasília).
Segundo dados do Comitê Nacional de Vida e Memória Indígena, desde o início da pandemia, 40.125 indígenas adoeceram por Covid-19. Desses, 528 morreram. No Alto Rio Solimões são 2.026 casos confirmados e 37 mortes, de acordo com boletim da Sesai.
A campanha na região ocorre após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberar o uso de duas vacinas no país no último domingo (17/1). A imunização não é obrigatória. Para receber a dose, o indígena precisa ter mais de 18 anos.
A imunização de povos indígenas ocorrerá simultaneamente nos 34 distritos indígenas que abrangem 11 unidades da federação. Somente para Tabatinga, o governo enviou mil doses da vacina.
Estratégia
O assessor do gabinete da Sesai e coordenador da imunização em Tabatinga, Alexandre Nogueira, explica o motivo dos indígenas fazerem parte do grupo prioritário da vacinação contra a Covid-19. Em abril do ano ado, a região registrou os primeiros casos da doença nessa população.
“Essa estratégia não foi criada agora. Os povos indígenas já fazem parte do grupo prioritário de outras campanhas. Isso é importante por que algumas aldeias ficam em lugares de difícil o e demandam uma logística maior”, detalha.
*Os repórteres viajaram a convite do Ministério da Defesa.