Antes de reunião com Bolsonaro, Lira pede debate “mais frio” na Câmara
Encontro com presidentes dos Três Poderes está marcado para a manhã desta quarta (24/3), no Alvorada, para tratar de ações contra pandemia
atualizado
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Ao abrir a sessão da Câmara, nesta terça-feira(23/3), o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), pediu que os deputados evitassem fazer da Câmara um espaço de crítica ao governo e adotassem um tom mais “frio, imparcial” sobre a pandemia. Lira apontou que as soluções em relação à crise devem ser buscadas “com menos ideologia” e com “menos política”.
“Precisamos adotar providências para situações que vivenciamos estes dias para darmos um rito diferente para essas duas próximas semanas. Estamos vivendo com algumas situações que penso que a Câmara pode dar a sua contribuição para um debate mais coerente, mais frio, mais imparcial, mais resolutivo, com menos ideologia, com menos política para essa crise que o povo brasileiro a”, disse Lira.
O recado do líder do chamado Centrão teve a oposição como endereço.
Partidos contrários ao governo, em reunião realizada na segunda (22/3), decidiram obstruir todas as votações que não fossem diretamente relacionadas à obtenção de vacinas, insumos ou viabilizar o atendimento à população.
A decisão foi tomada em meio à comoção pela morte do senador Major Olímpio (PSL-SP), semana ada.
Deputados chegaram a cobrar de Lira uma postura mais ofensiva diante da inabilidade de Bolsonaro ao lidar com a crise.
Ao dar início à sessão, Lira prometeu fazer um relato aos líderes de reuniões que tem feito na busca de soluções. “Posições político-partidárias e ideológicas não devem ser norte para a gestão dessa crise”, disse Lira.
Na pauta desta terça estão o Projeto de Lei 266/2020, que trata das contratações para hospitais universitários, e o Projeto 5.043/2020, sobre o teste do pezinho.
Pressão
A tentativa de Lira de esfriar os ânimos também decorre de pressão feita sobre o presidente Jair Bolsonaro para uma definição sobre o ministro da Saúde. Em resposta do Planalto a essa pressão, o médico Marcelo Queiroga, anunciado na semana ada, acabou tomando posse poucas horas antes em cerimônia fechada.
Além disso, Lira e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), ambos eleitos com o apoio de Bolsonaro, participarão de reunião com o presidente nesta quarta (24/3), com a presença ainda do titular do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, quando vão discutir soluções para a crise.
Vacinas e insumos
Um dos pedidos a serem levados a Bolsonaro no encontro é a possibilidade de criação de um fast track para acelerar a importação de insumos hospitalares usados em pacientes internados com Covid-19, além de ajustes na lei sancionada há duas semanas que permite a compra de vacinas pela iniciativa privada, no sentido de possibilitar o fornecimento de imunizantes, por parte de empresários, a seus funcionários.
Outro pedido a ser levado pelos presidentes da Câmara e do Senado é a possibilidade de zerar a alíquota de insumos para o tratamento da Covid.
Pane
Nesta terça, foi o primeiro dia de sessões totalmente remotas no plenário e nas comissões, determinadas após a morte do senador major Olimpio. O sistema que permite a participação dos parlamentares a distância sofreu uma pane e as reuniões dos colegiados foram suspensas.
A reunião do Conselho de Ética foi retomada nesta tarde, mas os trabalhos da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) continuaram suspensos.
Já a sessão do plenário da Casa transcorre normalmente.