A líderes de favelas, Lula defende redefinir papel da polícia
O ex-presidente teve um encontro com lideranças comunitárias de favelas e organizações sociais no Rio de Janeiro
atualizado
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, neste sábado (12/6), que para a resolver a questão da insegurança é necessário redefinir o papel da polícia como força repressora do Estado. O petista participou de um encontro com líderes comunitários de favelas e organizações sociais no Rio de Janeiro,
Lula apontou as operações policiais comumente realizadas nas comunidades como propulsoras de mais violência.
“Muitas vezes, quando a polícia vai [às comunidades], ela não vai para resolver a violência. Ela vai para contribuir, levando a violência também”, disse o ex-presidente, que planeja ser o candidato do PT ao Palácio do Planalto em 2022.
“A gente vai resolver o problema da insegurança na hora que a gente resolver o papel do Estado brasileiro. Quando é que o Estado vai cumprir suas obrigações com a sociedade. E a polícia, entra como componente”, disse Lula.
“Antes da polícia, vem comida, vem emprego, vem cultura, vem saneamento básico, vem moradia, vem tudo que o povo tem direito. A polícia entra como componente para poder garantir a tranquilidade. Porque, se a sociedade estiver trabalhando, comendo, tendo o à cultura, criando seus filhos decentemente, a gente já diminui muito a violência neste país”, declarou o petista.
Durante o encontro, as lideranças cobraram compromisso de Lula com pautas da população periférica e ressaltaram a necessidade de ações para a defesa da vida da população negra e das comunidades, principais alvos da violência policial no estado.
O evento contou com a presença do deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ), pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro, e das deputadas Benedita da Silva (PT-RJ) e Gleisi Hoffmann (PT-RS), presidente nacional do Partido dos Trabalhadores.
Milícias e UPPs
No encontro, muitas lideranças enfatizaram a necessidade de se conter o avanço das milícias no Rio de Janeiro.
Líderes comunitários chegaram a apontar políticas apoiadas pelo governo petista no ado como exemplos negativos e que só contribuíram para a tutela e morte da população de áreas pobres e periféricas da capital fluminense.
Um mal exemplo citado foi a política de instalação nos morros do Rio de Janeiro das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), vitrine de segurança do governo de Sérgio Cabral e que tiveram, na época, apoio de Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff.
Lula disse que foi ao encontro “para escutar”.
“Só posso voltar a ser candidato se eu tiver competência de fazer mais e melhor do que já fiz”, disse.
“Cabresto”
Lula criticou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apontando-o como responsável pelas mortes no Brasil e o chamando de “genocida”. Ao falar sobre uso de máscaras, ponto combatido pelo atual presidente, Lula disse que não sente bem usado a proteção, mas que quer marcar um contraponto ao atual governo.
“Parece que eu estou bravo? Eu não estou bravo. Estou incomodado com a máscara. Eu não consigo falar com a máscara. Na verdade, a máscara é um cabresto aqui. Mas eu uso e falo, mesmo incomodado, para mostrar a diferença nossa do genocida que governa esse país”, disse o ex-presidente.