Moraes repreende defesa de Bolsonaro em depoimento de Mourão no STF
Ministro pontuou que Mourão, que depôs como testemunha, “não é perito” para apontar se os atos de 8/1 foram orquestrados ou não
atualizado
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes repreendeu a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o interrogatório do senador e ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS) no processo que apura uma suposta trama golpista.
Mourão é uma das testemunhas de Bolsonaro e do ex-ministro Braga Netto na ação penal sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado e prestou depoimento na tarde desta sexta-feira (23/5).
Quando Moraes reou a palavra à defesa do ex-presidente, o advogado Paulo Bueno questionou Mourão se ele considerava que os atos antidemocráticos do 8 de Janeiro, que resultaram na depredação dos Três Poderes, teriam sido orquestrados ou se foram uma ação espontânea. Nesse momento, o ministro interveio.
“O 8 de Janeiro foi uma orquestração ou foi uma situação daquele dia […]”, começou Bueno. Moraes, então, interrompeu: “A testemunha não é um perito. Testemunha não pode chegar a nenhuma conclusão”, alertou o ministro, antes que Mourão respondesse.
Após a intervenção, Bueno prosseguiu com outras perguntas ao senador, sem novas interrupções. Anteriormente, em resposta à própria defesa de Bolsonaro, Mourão havia afirmado que os manifestantes que estavam no acampamento em frente ao Quartel-General, em Brasília, pediam algo “totalmente inviável e inconstitucional”.
“Pessoas em frente aos quartéis pedindo algo que era totalmente inviável, que era intervenção militar”, declarou o senador.
Piscina
Anteriormente, o senador classificou os atos de depredação na Praça dos Três Poderes como “baderna” e explicou, durante a audiência, que estava na piscina de casa naquele dia, sendo avisado pelo próprio irmão sobre os acontecimentos.
“Estava em casa. Saí do Palácio do Jaburu logo após o Natal. Estava dentro da piscina [em casa]. É a situação em que eu me encontrava naquele domingo”, contou. “Tomei conhecimento da baderna que estava acontecendo porque meu filho telefonou para avisar daquela baderna. Fui ligar a TV e vi aquilo”, completou.