Haddad diz que possível vitória de Milei na Argentina preocupa Brasil
Eleição argentina vão ocorrer no próximo domingo (22/10). Candidato da extrema direita Javier Milei já fez críticas a Lula
atualizado
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que uma possível vitória do candidato da extrema direita Javier Milei nas eleições da Argentina preocupa o Brasil. Milei recebeu recentemente o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e já deu declarações críticas ao atual mandatário brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem chamou “comunista raivoso” e “socialista com vocação totalitária”.
“É natural que eu esteja (preocupado). Uma pessoa que tem como uma bandeira romper com o Brasil, uma relação construída ao longo de séculos, preocupa. É natural isso. Preocuparia qualquer um. Porque em geral, nas relações internacionais, você não ideologiza a relação”, afirmou Haddad em entrevista à agência Reuters publicada nesta quinta-feira (19/10).
O processo eleitoral para a sucessão do presidente Alberto Fernández vai ocorrer no próximo domingo (22/10). Caso nenhum dos candidatos alcance 45% dos votos válidos, haverá um segundo turno, marcado para 19 de novembro.
Milei também já deu indicações de que, se eleito, a Argentina pode deixar o Mercosul, o que preocupa sobremaneira o governo brasileiro.
“Não se transpõe para as relações internacionais as questões internas. Mesmo quando você tem preferências, manifestas ou não”, disse Haddad. “É um vizinho do Brasil, principal parceiro na América do Sul. Então preocupa quando um candidato diz que vai romper com o Brasil. Você fez o quê para merecer esse tipo de tratamento?”
Além de Milei, disputam a Presidência o atual ministro da Economia e representante do peronismo, Sergio Massa, e a candidata apoiada pelo ex-presidente argentino Mauricio Macri, Patricia Bullrich.
Prévias na Argentina
Nas prévias, disputadas em 13 de agosto, o vencedor foi Milei, seguido por Massa e Bullrich, em terceiro lugar.
Na Argentina, as prévias servem para o eleitorado escolher o candidato de cada partido. Os eleitores, entretanto, podem votar apenas nos candidatos de uma única sigla. Assim, funciona como um “termômetro” para o primeiro turno.
Ajuda brasileira frustrada
Próximo de Fernández, Lula tentou negociar uma ajuda financeira à Argentina, mas as tratativas acabaram frustradas.
Sobre isso, Haddad itiu que o governo brasileiro trabalhou em quatro propostas que previam garantias para o Brasil aceitar financiar as importações pela Argentina, mas nenhuma conseguiu ir adiante pela impossibilidade ou inabilidade do governo vizinho em cumprir exigências.
“Agora não tem o que fazer. No domingo, nós temos o primeiro turno na Argentina. Ou seja, só depois… E porque também não dá nem tempo. Mesmo que você chegue a um desenho vai ter que esperar o resultado da eleição. Então, é natural que seja assim” afirmou. Ele também frisou que, a depender de quem for eleito, a relação pode ser impossível.